Resenha #134: Corações de Alcachofra - Sarah Brahmachari



Lido em: Dezembro de 2015
Título: Corações de Alcachofra
Autor: Sarah Brahmachari
Editora: Galera Record
Gênero: Ficção
Ano: 2015
Páginas: 320

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Avaliação:    

   


Resenha:

Eu já disse que adoro invadir o espaço de vocês, né? - risos. Pois é, voltei. Dessa vez, resenhar para vocês um livro bem diferente, que de certa maneira me surpreendeu. Espero que gostem.

Fofo, triste e tocantes, são os sentimentos que podemos descrever o romance escrito por Sarah Brahmachari. Corações de Alcachofra é uma história que narra a trajetória e o crescimento de uma menina meiga, determinada e tímida, tentado lidar com as realidades enfrentadas agora, na vida pré adulta.

Na trama conheceremos Mira, uma garota talentosa e tímida, que acaba de ingressar no ensino fundamental II e esta tentando lidar com as mudanças de seu corpo. Sempre muito apegada a sua avó, por quem tem uma devoção gigantesca, está tendo que enfrentar dizer adeus para ela, da maneira mais lenta que pode imaginar. Josi, sua avó, está partindo. Seu câncer está consumindo sua vida e não resta mais tanto tempo. Agora, tendo que lidar as mudanças de sua vida e importantes decisões, Mira enfrenta não só o desapego de tudo que pensou ser verdade, como também o questionamento de quem ela realmente é.

"Quando leio alguma coisa no presente, desapareço na leitura, como quando estou pintando. É como se eu não existisse mais, simplesmente me perco lá no meio dos personagens."

É totalmente impossível não se apaixonar pela personagem criada por Brahmachari. Mira é garota tímida que qualquer leitor vai desejar conhecer e abraçar. Narrado em primeira pessoa, o livro vem estruturado em forma de diário, e isso já reflete boa parte de sua essência. Tanto o título bem peculiar, quanto a estrutura selecionada pela autora, são totalmente explicados conforme nos aventuramos em suas páginas. A história em si, tem três grandes divisões. A primeira pode ser encontrada com Mira narrando sua convivência com sua avó. São estes capítulos, que com ganchos bem elaborados por Brahmachari, puxam a segunda maior parte do romance: recordação. Temos alguns flashbacks da infância de Mira, demonstrando diálogos que teve com sua avó. Assim como qualquer outro elemento da trama, este com certeza não é sem fundamento. Essas lembranças tem suma importância não só para ilustrar a proximidade que as duas personagens tem (o foco total da trama é este relacionamento, que não muda, mesmo com todas as transformações que Mira começa a sofrer), como também sempre filosofam informalmente sobre questões da vida. A autora levanta debates instigantes sobre religiosidade, fé, Deus, comportamento humano e outros aspectos da vida cotidiana, desde os mais banais, aos mais focados socialmente.

A terceira e última maior parte da história é mais voltada ao público feminino, e com certeza, uma leitora, terá maior identificação do que um leitor. Respectivamente nesta parte, a escritora irá trabalhar o dia a dia Mira, desde a escola, a sua convivência com os outros membros de sua família. Neste espaço vemos a personagem enfrentar dramas mais clichês, como primeiro amor, primeira menstruação, laços de amizade e fidelidade, e também bullying. Sempre bem trabalhos, o que mais me chamou atenção na narrativa de Brahmachari foi a esperteza de trabalhar tantos temas, sem deixar nenhum em particular a desejar. 


Como mencionei, seus personagens são cativantes, todos a sua maneira. O primeiro momento do romance, quando a história se mostra mais introdutória, apresentando personagem por personagem, é um pouco lento, mas não cansativo. Essa provavelmente deve ter sido a maior falha do romance. A meu ver, o público estritamente feminino que a autora escreveu e a lentidão ao iniciar da obra, tornando a leitura maçante em determinados momentos para mim,  e até tediosa. Como disso, o público é um pouco fechado, e como leitor masculino, não me identifiquei tanto com os dramas da personagem. Isso, contudo, não muda o fato de que é uma leitura leve, e voltada para o público que é, bem instrutiva, compensadora. A autora trabalhou dramas que a faixa etária do livro deve vivenciar e desta forma, encará-los, se não na vida, na literatura. Além disso, os debates filosóficos servem para aguçar, de certa forma, um senso mais crítico; um posicionamento desse leitor ao final da obra. 

Corações de Alcachofra apresentou uma personagem diferente, magnifica e muito peculiar. Mira é a estrela do romance, mas não passa nem perto de ser a melhor. Pat Print é sim a grande "rainha" da obra. Além de apresentar discussões e citações marcantes, a personagem garante cenas de comédia e emotivas, que levam o leitor a gostar ainda mais dela, mesmo sem saber muito, transformando a obra, que já apresenta uma temática um pouco pesada para a idade (falar sobre câncer, embora a doença não seja sempre centralizada) em algo mais leve, reflexivo e divertido. Corações de Alcachofra é sem dúvidas, uma boa leitura para um sábado ou domingo a tarde, garantindo um desenvolvimento um tanto quanto surpreendente e personagens maravilhosamente apaixonantes.



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2 Comentários

  1. Oie
    Eu quero muito ler o livro e espero em breve, essa capa é uma graça e o tema chama minha atenção, já o tenho aqui na estante e sua resenha me deixou mais curiosa ainda

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  2. Oi David! Ainda não conhecia o livro, mas vim ler a resenha instigada por esse título. Gosto muito de livros tranquilos assim, mas que ainda conseguem abordar assuntos mais delicados. É muito bom quando a gente se identifica com algum personagem, aprendendo ou mesmo relembrando situações. Fiquei bem curiosa para ler e certamente já estará na minha próxima wishlist :D

    Beijo! ♥ Primeiro Livro

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