#Resenha #127: A Rainha da Neve - Michael Cunningham

Título: A Rainha da Neve
Autor: Michael Cunningham
Gênero: Drama
Editora: Bertrand Brasil
ISBN978-85-286-2031-3
Páginas: 252
Ano: 2015
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Avaliação:

RESENHA



Michael Cunningham é um autor americano já muito renomado por suas obras anteriores e chegou a vencer o prêmio Pulitzer na categoria ficção por sua obra prima As Horas em 1999. Em 2014, saiu As Rainha da Neve, seu último romance publicado até então e recentemente foi traduzido pela editora Bertrand Brasil.


A história se inicia em uma noite de 2004 com o personagem Barrett, um homem na casa de seus 30 anos, que levou um pé na bunda de mais um ex-namorado e o pior, por meio de uma simples mensagem de texto instantânea. Caminhando no Central Park e tentando entender o que deu errado dessa vez, ele se depara com uma luz difusa que não consegue distinguir, mas sente ser algo sobrenatural, mágico, como se a luz estivesse olhando para ele. O que acaba mexendo seus princípios.

Barrette é o irmão mais novo de Tyler, e este sempre teve um papel fundamental de ser o irmão mais velho protetor tanto é que ambos são como um só, se entendem e sabem do que se passam um com o outro. Há uma espécie de ligação mais forte entre eles fazendo com que sejam sinceros e não escondam nada entre si. Tyler é compositor e noivo de Beth, a qual esta morrendo de câncer e por isso ele quer muito escrever uma letra perfeita,que emocione, que seja memorável para a futura esposa. Tyler acha que vai chegar a uma boa composição com a ajuda da cocaína, droga que é viciado. Junto com Liz, a melhor amiga cinquentona que se relaciona com homens mais jovens, eles vão tentar ajudar Beth nessa fase tão difícil.


Ao longo do romance, vamos seguindo estes personagens de forma muito hermética, com saltos temporais, mas sempre caindo num período de final de ano, dificultando o apego à personagens criadas, justamente por se ligar a muitas e ter esses saltos. Digo, os personagens são insossos, por vezes inerentes, e isso, acredito, é algo que o autor colocou de proposito em seu escrito, justamente porque não quis ser centrado em tragedias que geram tristezas e choros, mas ao contrário disso, ele traz reflexões bem pertinentes sobre convívio humano, perda e ganhos, dinheiro e usa essa "visão" do principio do livro para tocar em religião de forma suave.

Os personagens em sua maioria são céticos, mas quando Barrette tem essa visão na neve, ele acaba duvidando de seu ceticismo, e mesmo que não vá fazer nada, ele volta a frequentar a igreja, porque segundo ele, a calmaria daquele ambiente o faz bem. Também decide esconder essas coisas do irmão pois ainda fica em dúvida da realidade daquilo. E o autor, ainda nos mostra como pessoas assim, são, aparentemente, mais fáceis de se aproveitar de sua fragilidade para usurpar algo.

A Rainha da Neve, narrado em terceira pessoa, é um livro muito bem escrito, tem uma escrita suave, onde volta e meia recebemos perguntas do narrador ou spoilers do que vai acontecer no futuro das personagens. Não é um livro que vá agradar a todos, os temas são mais maduros e não se preocupa com coisas supérfluas da vida jovem, mas sim em coisas relacionadas ao tempo e ao que ainda podemos fazer; coisas simples e que sabemos que ainda podemos alcançar.

Este foi meu primeiro contato com a escrita do Cunningham e adorei o tanto de referencias literárias que ele coloca em seu livro: F. Scott Fitzgerald, Flaubert, Lewis Carroll, Walt Whitman, Gertrude Stein, Júlio Verne, Flannery O'Connor... isso só para citar alguns.


Não foi um livro muito empolgante, não consegui me apegar tanto, mas fiquei animado para conferir os outros escritos mais aclamados dele, principalmente o Uma Casa No Fim do Mundo, romance este que trata de DST e triangulo amoroso.

E você, já leu algo do autor?

Até logo!

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2 Comentários

  1. Oi, Pedro!
    Acho interessante passear pelos blogs e ver essa versatilidade dos temas. Muitos apostam só nos best sellers do momento, e deixam esses livros alternativos de lado. Também gostei da sua visão sobre o livro, ao observar a superficialidade dos personagens e associar isso às coisas da vida, do tempo. Igualmente não conhecia o autor, mas esse foi um bom primeiro contato, apesar da resenha indicar ser um tipo de leitura sem muitos altos e baixos...

    Espero receber sua visita em Spazio di Libri. Minha última resenha foi sobre "A Divina Comédia - O inferno"

    Abraços,
    Fernanda

    http://spaziodilibri.blogspot.com.br/

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  2. As 3 estrelinhas me desanimaram um pouco, apesar de que na resenha vc diz que é uma boa leitura e tal...

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