Elisa Lispector: escritora além da sombra de sua irmã

ELISA LISPECTOR nasceu na aldeia de Savran, circunscrição de Balta, Podolski, na Ucrânia em 24 de julho de 1911. Chegou ao Brasil ainda menina, fugindo de uma guerra civil (1918-1921) que se seguiu à Revolução Bolchevique de 1917. Desembarcou em Maceió-AL com seus pais e as irmãs Tania e Clarice. Integrando-se no ambiente que a acolhera, ao atingir a maioridade naturalizou-se brasileira. Em Recife, cursou a Escola Normal e o Conservatório de Música.


Transferindo-se com a família para a Rio de Janeiro, pouco depois, por concurso, ingressou no Serviço Público Federal. Entre outras funções de relevo, teve incumbências no exterior, secretariando delegações governamentais a duas conferencias internacionais do Trabalho, em Genebra, a dois congressos de Previdência Social, em Buenos Aires e em Madri, e a uma Conferência dos Estados da América membros da OIT, em Petrópolis. Representou o Brasil numa Reunião Americana realizada no Peru, promovida pela OIT, para estudar os problemas da mão de obra feminina na América Latina.

As irmãs Tânia, Elisa e Clarice.
Entrementes, colaborava com revistas e jornais literários, e a partir de 1947 passou a dedicar-se também ao jornalismo. Durante todo esse tempo continuou a fazer cursos, entre eles o de Sociologia na Faculdade Nacional de Filosofia, e o de Crítica de Arte, na Fundação Brasileira de Teatro.

A autora estreia como romancista com o livro Além da fronteira, de 1945, dois anos após a publicação do primeiro romance de sua irmã mais nova, Clarice Lispector, com o título de Perto do coração selvagem.

Com traços autobiográficos, em No Exílio, lançado em 1948, a autora narra o caminho percorrido de uma família da Ucrânia buscando refugio no Brasil.

Ela foi o primeiro escritor a ganhar o Premio José Lins do Rego, instituído pela Livraria José Olympio Editora em 1962 e destinado exclusivamente a autores de romances inéditos. Concorreram 119 candidatos, e entre os sete romances julgados finalistas a Comissão Julgadora concedeu, unanimemente, o prêmio a O Muro de Pedras, de Elisa Lispector, que usou o pseudônimo de Congonhas. Integraram a Comissão os escritores Rachel de Queiroz, Adonias Filho e Octavio de Faria. O Muro de Pedras é um de seus trabalhos mais reconhecidos e apreciados pela crítica.

Em 1964 ganhou o "Prêmio Coelho Neto", da Academia Brasileira de Letras.

Estreiou como contista em 1970, com a publicação de Sangue no sol, seguido por Inventário (1977) e O Tigre de bengala (1985). A sua última coletânea de contos foi agraciada com o prêmio Pen Clube, em 1986.

Elisa morreu em 6 de janeiro de 1989, no Rio de Janeiro, onde fixara residência, aos 77 anos.
Em 2011, sob organização de Nádia Gotlib, é publicado um livro inédito deixado pela autora: Retratos antigos, um mergulho no passado dos seus ancestrais através de fotos de família.

OBRAS 


ROMANCES

Além da fronteira. Rio de Janeiro: Editora Leitura, 1945.
No exilio. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1948.
Ronda solitária. Rio de Janeiro: Editora A Noite.
O muro de pedras. Rio de Janeiro: Livraria Jose Olympio Editora, 1963  (Premio José Lins do Rego 1962, da Livraria Jose Olympio Editora, e "Premium Coelho Neto" 1964. de Academia Brasileira de Letras).
O dia mais longo de Thereza. Rio de Janeiro: Editora Record, 1965
A última porta. Rio de Janeiro: Editora Documenta rio. 1975
Corpo-a-Corpo. Rio de Janeiro: Edições Antares (1983)

CONTOS

Sangue no sol. Brasilia: Editora Ibrasa, 1970.
Inventário. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1977
O Tigre de bengala. Rio de Janeiro: José Olympio Editora (1985)

PARTICIPACAO EM ANTOLOGIAS

Antologia Escolar de Escritores Brasileiros de Hoje (Ficção). Organizada por Renard Pérez. Rio de Janeiro: Edicões de Ouro, 1970.
Letteratura Brasiliana - Profilo Storico. Organiza da por Giuseppe Carlo Rossi. Napoli: Edizioni Cymba, 1971
Apresentação da Literatura Brasileira. Organizada por Oliveiros Litrento. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército/Editora Forense Universitária Ltda., 1974.

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