Na noite do dia 27 de janeiro de 2013 uma das maiores tragédias assolou o Brasil: um incêndio levou a óbito 242 jovens que estavam na Boate Kiss, localizada na cidade de Santa Maria (Rio Grande do Sul), se tornando a maior tragédia em número de mortes do país. Muitos se comoveram, os jornais se voltaram a reportar o incêndio e uma série de informações se transformou no luto que caiu sobre os que acompanhavam os noticiários.
Porém, nem tudo foi revelado. Este ano o incêndio completou cinco anos, e muito do que se passou judicialmente ainda corre em tramito sem soluções. Daniela Arbex, jornalista premiada e já conhecida com seus livros anteriores (O Holocausto Brasileiro e Cova 312), reconta a tragédia e as suas consequências para sobreviventes e familiares daqueles que naquela terrível noite se foram.
Com um olhar sensível, Arbex conta essa história em 16 capítulos desde a noite do incêndio, passando pelo processos judiciais e até mesmo erros éticos da imprensa. No entanto, o foco principal da obra está voltado para as pessoas e o quanto foram afetadas por isso. Muitos ainda esperam a volta de um filho que nunca volta, desenvolveram depressão, dormem com a luz do quarto da filha ligada na esperança de trazer algum conforto, entre outros assuntos que tocam profundamente qualquer um que tenha contato com esses relatos, o que por si só já é muito triste.
Nome das 242 vítimas |
"Para quem perdeu um pedaço de si na Kiss, todo dia é 27. É como se o tempo tivesse congelado em janeiro daquele ano de 2013, em um último aceno, na lembrança das últimas palavras trocadas com os entes queridos que se foram, de frases que soarão sempre como uma despedida velada" p. 185.
Dados mostram que desde sua abertura, a Boate Kiss, nunca funcionou conforme as normas de seguranças e o pior de tudo é que a vigilância deixou passar esses detalhes, o que culminou na segunda maior tragédia do país em número de mortes. 242 vidas que ainda não tiveram seus culpados condenados, mesmo se passando cinco anos deste então. O que fica é o sentimento de impunidade, injustiça, ainda mais sabendo que alguns familiares foram processados em um momento tão terrível de suas vidas por autoridades politicas.
Todo dia a mesma noite é um manifesto em prol das pessoas envolvidas no incêndio da Kiss; um manifesto para não esquecer das vitimas, para não esquecer a impunidade e principalmente para que nada do tipo se repitam por negligência e ganância.
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