Resenha #280: Biblioteca de Almas - Ransom Riggs

Título: Biblioteca de Almas
Autor: Ransom Riggs
Título original: Library of Souls
Série: Srta. Peregrine #3
Tradução: Fernando Carvalho
Editora: Intrínseca
ISBN: 978-85-8057-966-6
Gênero: Ficção / Fantasia
Edição: 1°
Ano: 2016
Páginas: 416
Compare e adquira seu exemplar aqui!
Adicione esse livro ao Skoob.

Avaliação:  


Resenha


Eu confesso que para o final da trilogia eu esperava bem mais. Na realidade, 'Biblioteca de Almas' não é todo ruim, e tem seus pontos de salvação, mas me decepcionou um pouco no quesito desfecho. Para uma história que já tinha explorado tantos pontos, acho que o autor falhou introduzindo um universo muito extenso que acaba ficando sem tempo para ser melhor desenvolvido e a solução surge de uma maneira muito mágica, até mesmo para os parâmetros de uma fantasia. Embora tenha uma escrita rápida e fluida, o procedimento da leitura cai em alguns momentos da história devido a mesmice das cenas.

A cruzada final de Jacob Portman chegou. Depois de todas as traições, Jacob e Emma estão perdidos, sem saber o que fazer ou como salvar seus amigos. Os Acólitos conseguiram tudo o que precisavam para seus planos e agora, o destino do mundo peculiar, está em colapso. Será que um garoto, uma garota e um cachorro são capazes de restabelecer o equilíbrio de tudo. Para impedir o fim, eles devem visitar uma das piores fendas temporais, um lugar cheio de depravação e das piores almas já existentes. Mas Jacob está dispostos a realizar essa tarefa, seja com vida, ou sem. 

Com certeza a sinopse que eu tentei fazer acima é bem simplista, e não conta nem metade dos fatos que iremos encontrar nesse último volume, justamente para evitar os spolers. Dessa vez a aventura se torna mais surpreendente, mais enigmatita e o leitor mergulha no mais profundo desse universo criado pelo autor. 'Biblioteca de Almas' é um livro recheado de nuances e sinceramente eu divido opinião entre gostar e não gostar. São aspectos que nessa obra, especificamente, eu consigo sinceramente diferenciar.

O livro vem narrado em primeira pessoa, sendo que somos guiados pelo protagonista Jacob, e aqui começa o primeiro detalhe negativo comigo. 'Cidade dos Etéreos' é o melhor volume para mim, justamente porque ao longo da narrativa, mesmo narrada sob o ponto de vista de Jacob, temos a oportunidade de conhecer os outros personagens, ver um pouco deles. Nesse último volume, devido a fatos ocorridos no anterior, eles se separam e por longas 400 páginas, somos guiados pelas chatice e clichês de um protagonista que não me agrada desde o começo. Eu diria que Jacob é um personagem suportável, mas nada mais que isso. O que me prendeu desde o inicio nesse universo foi a curiosidade de conhecer os personagens secundários como Emma, Enoch, Millard e outros. Nesse volume em especifico, uma narrativa em terceira pessoa, focando o outro grupo de personagens, seria muito valorosa, não só para o leitor participar da ação, mas para quebrar a rotina, conhecer mais desses outros personagens e quais perigos eles estavam correndo. Você só sabe que eles foram capturados, e sem mais nem menos, eles retornam, sem grandes explicações ou exploração de tudo que eles passam no cativeiro.

Outro ponto negativo foi a ampliação que o autor deu para o universo. Ao longo de dois livros, os peculiares são trabalhados como membros, basicamente, da nossa sociedade. Esse tipo de coisa muda de ótica quando aqui, somos apresentados a uma sociedade totalmente formada só por eles. Ransom Riggs até tenta ser explicativo, expor os pontos principais, mas ficam dúvidas sobre o universo, de forma que o leitor percebe logo de inicio que esses fatores seriam melhores avaliados se tivessem sido abordados com clareza desde o começo da trilogia. Uma pena, já que o meio cultural ao qual os personagens são inseridos, suas crenças e políticas, são um assunto muito interessante e seria legal conhecer.

Por outro lado, acabei ficando um tanto quando envolvido (finalmente) pelo romance Jacob e Emma. Eles são um casal muito ambíguo, mas que sempre parecem agir com muita verdade e racionalidade em seu envolvimento, de forma que quando se evidência que as coisas não são fáceis ou "mágicas" como acontece nos livros, eles tentam uma saída mais viável. Essa descrição crua de suas atitudes me chamou muita atenção e pessoalmente, finalmente me afeiçoei pelo casal (meu problema é só a narrativa do Jacob solo).

Na realidade, o ambiente verídico da trama, o final não perfeito e cheio de dúvidas, são um ponto positivo de Riggs. Me asfixiava ler suas cenas de ação e combate, muito bem detalhadas e super inesperadas. Elas realmente quebravam a rotina na leitura e me faziam mergulhar mais ainda no mundo, de forma que era impossível não querer continuar. Toda o enlace da Srta. Peregrine, da família Portman e do vilão, são muito bem pensados, envolvente e sem dúvida, inteligente. Embora Riggs venha acrescentar diversos clichês em sua trama, já famosos em outras sagas de sucesso, 'O Orfanato da Senhorita Peregrine Para Crianças Peculiares' tem seu charme particular, seja nas fotografias que ilustram a narrativa, seja no mundo diferente e até meio sombrio. 

Sem dúvidas eu recomendo a trilogia. É uma leitura despretensiosa e leve, só não teve muito a acrescentar. Embora tenha uma trama gostosa de ler, senti falta de abordar temas mais relevantes ou trazer críticas ocultas. 'Biblioteca de Almas' é um fim ambíguo que pode ou não agradar. Vai depender estritamente da sua situação com a leitura.

Resenhado por:
David Andrade


Postar um comentário

0 Comentários