Autor: Adalgisa Nery
Editora: José Olympio
Edição: 2
ISBN: 9788503012676
Gênero: Romance brasileiro
Ano: 2016
Páginas: 208
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RESENHA
Adalgisa Nery é uma das (re)descobertas que a José Olympio vem resgatando de seu acervo. A autora carioca que nasceu 1905, foi, além de escritora, jornalista e deputada. Entre sua obra temos poesia e dois romances, sendo o primeiro deles A Imaginaria de 1959.
Os dias vão passando, e mais e mais a mulher é escanteada e jogada num "porão", já que a família deseja alugar seu quarto para um casal de inquilinos e assim aumentar a renda para suprir os gastos em casa. A mulher é tratada como uma parente distante que ficou doente, e que não gosta muito de sair, tudo para não manchar a imagem da família.
Com exceção da mãe, todos na casa tem trabalho fixo. O marido da personagem principal ajuda com pouco que pode em casa, e a irmã diz que precisa curtir a juventude enquanto ainda é jovem e que por isso seu dinheiro do trabalho deve ser para comprar produtos de beleza e roupas de marcas em boutiques. O único que não reclama é o patriarca, que tem uma imagem bem apagada dentro da casa.
Na casa, a vida passa a ganhar outro rumo quando um casal de inquilinos alugam o quarto da moça e a inquilina passa a fazer visitas regulares no porão afim de conversar com a mulher que todos achavam ter ficado muda. E como uma flor, a mulher vai desabrochando e se abrindo com a inquilina, e com os amigos dessa inquilina, em conversas filosóficas sobre a vida e a morte. Já a família se sente a melhor por ter pessoas ilustres em sua residência, mas desconhece a família que ela, a personagem central, carrega em si as magoas que veem sendo atingida pelos maus tratos que recebe dos parentes.
É impressionante a qualidade literária dessa obra, o enredo a principio pode até ser simples, mas vai ganhando notoriedade ao desenrolar do romance e seu grande foco não está tanto na história em si, mas sim nessas reflexões humanas da personagem central numa escrita continua, intimista e sensível.
É possível sentir uma grande empatia com essa mulher, afinal, quem nunca se sentiu deslocado em meio a tanta gente e até sua própria família? Às vezes temos nossos estados de exclusão em que queremos ficar apenas só, e não importa se estamos num local iluminado e alegre, se nosso interior é só escuridão.
Se você gosta de um livro que disseca a personalidade do personagem, embora às vezes contraditório, Neblina é uma ótima dica. Se fosse para definir a obra, diria que é uma mistura, como se fosse Clarice Lispector escrevendo A Redoma de Vidro, da Sylvia Plath.
5 Comentários
Nossa! Que livro! Parece ser muito denso!
ResponderExcluirDeu vontade de ler, apesar de não ser bem o meu estilo preferido.
Quero saber o final que essa personagem terá. Quanto sofrimento.
bjs
O livro tem uma premissa bem original.
ResponderExcluirGostei, mesmo parecendo ser uma leitura lenta, sem muitas cenas de ação.
A parte física é linda! A capa parece ser fosca e tem poucas páginas, dá pra sentar e ler em poucas horas.
Olá.
ResponderExcluirA premissa desse livro não me chamou a atenção, apesar de sua resenha demonstrar pontos positivos sobre a obra. Mas deixo passar, não é meu estilo de leitura. Acredito que oferecerá uma ótima leitura aos fãs do gênero e admiradores da autora. Obrigada. Abraços.
Oi!
ResponderExcluirGostei muito da resenha, ainda não conhecia esse livro, mas a historia logo me chamou atenção, achei bem interessante os temas que a autora trata com esse livro e principalmente como ele parece nos fazer refletir ao longo da leitora, mesmo não sendo um gênero que leio muito, gostei muito dessa historia !!
Nossa, fiquei com muita vontade de ler esse livro. De inicio essa premissa de pessoa adoecida que é deixada de lado pela família me lembrou bastante o Metamorfose do Franz Kafka, mas o fato de ser narrado em primeira pessoa e mostrar o que a personagem ta sentindo e pensando, parece ser muito interessante. Vou colocar ele na minha lista de futuras leituras
ResponderExcluirAbraços
www.desconstruindooverbo.com.br
Obrigado pelo seu comentário!