Lido em: Março de 2016
Título: A Cor Púpura
Autor: Alice Walker
Editora: José Olympio
Edição: 10
Editora: José Olympio
Edição: 10
ISBN: 9788503010313
Gênero: Ficção norte americana
Ano: 2016
Páginas: 356
RESENHA
A Cor Purpura é um romance epistola publicado originalmente
em 1982, pela autora Alice Walker. Em 1983 o livro foi consagrado com o prêmio
pulitzer de literatura e em 1985 foi adaptado para o cinema nas mãos do diretor
Steven Spielperg.
Na trama vamos nos deparar com o sul dos Estados Unido, por
volta do inicio e meio do séc. XX. As cartas são escritas por Celie, uma negra
pobre que sofre abusos do padrasto sob o mesmo teto em que vive sua mãe e irmã.
Por conta desses abusos, ela engravida, mas em nenhum momento tem suas crianças
no colo. Sua história só piora quando ela perde a mãe e é obrigada a casar com
um viúvo rude e perverso que tem por intuito fazer com que Celie ajude na
criação de seus filhos. O que parecia um
pesadelo muda quando ela conhece Shug Avery, uma cantora que leva uma vida
mundana realizando shows em bares (comportamento tido como inaceitável). Será
essa mulher que ajudará Celie a não mais esperar o chamado de Deus, e sim ser
protagonista de sua história e correr atrás do tempo perdido, mesmo com as
feridas sofridas.
Este é um livro com um ritmo de leitura rápido pela construção
total em cartas, porém, a leitura se torna densa quando são abordados os temas
mais pesados de forma forte, sem amenização alguma, e é já nas primeiras
páginas do livro que a autora faz um alerta, como se dissesse “te prepara, que
eu não estou para brincadeira” e depois desse primeiro contato é sofrimento
seguido por mais sofrimento.
Os temas são estupro, violência domestica, racismo,
desigualdade de gênero e a submissão da mulher perante o homem, fortes na época
em questão.
Os personagens são apresentados na perspectiva da Celie, que
nos narra com os seus traços de pouca alfabetização com uma escrita fortemente
influenciada pela linguagem oral, por isso exige uma atenção maior para não
confundir quando ela está narrando e coloca uma fala de outro personagem.
O foco principal do livro são nas mulheres, o que é bem nítido.
Mulheres fortes, que querem muito mais do que cuidar da casa, fazer o que o
marido pede e viver isoladas do mundo. Ao contrário, querem liberdade, sair,
conhecer o mundo, ter independência e seu amor correspondido na mesma medida
que se doam, sendo ele convertido em compreensão e aceitação da mulher com
instinto livre e autônomo.
A religião é um assunto que não agrada a muitos, cada um tem
seu modo de vê-la e segue (ou não) a que bem deseja. Alice Walker abordou esse
assunto de uma forma que abriu meus olhos e me fez rever meus conceitos sobre
Deus em uma das cartas que Celie escreve para a sua irmã, fazendo do livro um
dos meus favoritos. Ela me fez enxergar o quão bobo estava sendo em julgar Deus
com base no homem, sendo que são coisas distintas em sua plenitude. Nenhum
homem é Deus.
Mais do que tudo, A Cor Purpura é um livro que grita “somos
livres com sede de liberdade para ir e voltar”. Walker mostra seus personagens
caindo, sofrendo e se erguendo, dando uma
verdadeira volta por cima e perdoando toda a maldade que um dia passou, ou se
arrependendo do mal que um dia fez. Por isso o livro é mais do que recomendado a todos.
11 Comentários
Oi, Pedro, como vai?
ResponderExcluirEu tentei ler The Color Purple, acho que ano passado, por duas vezes, mas achei tão, tão triste que não conseguia passar das primeiras páginas :/
Gostei muito do teu post! Foi bem explicativo -e provavelmente, darei uma chance a ele e lerei por completo.
Essa edição é linda!!! A que comecei a ler era um pocket book em inglês, da biblioteca da Universidade que estudo.
Abraço!!!
http://incriativos.blogspot.com.br/
To fazendo um trabalho para faculdade com temas abordados nesse livro, focado nessa luta da mulher, porém nesse livro me pareceu aborda de uma forma bem verdadeira e real esse sofrimento, o que fez ainda mais me interessar pela leitura, mesmo percebendo que ter bastante sofrimento isso não fez com que eu perdesse o interesse, muito pelo contrario, por isso já vou incluir esse livro na minha lista desejados.
ResponderExcluirQue livro incrível!!
ResponderExcluirÉ impossível não chorar, não rir e não abraçar Celie!Que mulher forte e inspiradora!
O li semana passada e fiquei extasiado com a história!!
Amei o post, resenha muito bem elaborada(como sempre :) ) !!! ^^
Oi Pedro,
ResponderExcluirEstou com esse na lista e fico feliz que tenha gostado. Um fato que eu não sabia era que o livro se trata de um romance epistolar. Eu gosto muito de livros estruturados assim e gostei de todos que eu li até agora.
Acho que vou curtir.
Parabéns pelo texto!
Abraços
Ademar Júnior
Blog Cooltural - http://wp.me/CGut
Oi Pedro, tudo bem?
ResponderExcluirO livro parecia ser bom antes de eu ler sua resenhas, mas quando li vi que ele era muito mais que isso. Eu não sei se teria um rendimento bom do livro por ser em carta, mas se tratando de temas tão "polêmicos" e que me atraem seria um esforço mais que digno. A Cor Púrpura com certeza entra pra minha lista de futuras leituras.
Ja comecei a assisti ao filme, mas não terminei. Realmente aborda temas polêmicos, porém necessários, acho que é o ponto central do filme que o torna tão interessante. Importante a gente ler ou assisti, e é isso que vou fazer.
ResponderExcluirO livro retrata a história de uma mulher que sofreu, alem de racismo, o machismo, a exclusão ...conferi o filme mas confesso que não gostei muito, o livro está na lista a algum tempo e espero conferir o mais rápido possível, certeza que ficarei bastante nervosa com os abusadores, gosto de livros feitos com cartas, assim a escrita fica bem mais fácil, achei bastante legal ela escrever cartas para Deus
ResponderExcluirOlá Pedro,
ResponderExcluirEu já tinha ouvida falar desse livro, mas nunca procurei a fundo sobre o que se trata e a verdade é que eu simplesmente fiquei muito curioso para poder lê-lo depois da sua resenha. O seu gosto literário, meio que me influenciou de umas semana para cá, claro vou continuar lendo os best-sellers que eu tanto gosto, mas livros com essa temática e que acima de tudo trazem reflexões fortes são de muito importância para mim. Acho que são livros como este que aborda assuntos tão pesados e nos mostra a realidade bruta, que nos faz crescer como pessoa e muitas vezes mudar as formas de enxergar o mundo.
Abraços, Carlos.
PS: Adorei a resenha.
Eu gosto de clássicos, amo a leitura rebuscada que temos quando lemos eles, me parece que nesse é diferente, e eu amaria lê-lo e ver como é, o fato do livro ter capítulos inteiros como cartas também me interessou, além do tema do preconceito e dos valores daquela época serem diferentes do nosso atuais.
ResponderExcluirOlá Pedro tudo bem?
ResponderExcluirA história desse livro me chamou muita atenção, confesso que não conhecia muito além do título, maa a história me pareceu ser bem reflexiva e forte. São esses livros que nos fazem pensar bastante e mudar nossos conceito e a forma de ver o mundo, é um livro que eu gostaria muito de poder ler. Aliás seu gosto literário tem me influenciado muito ultimamente.
Abraços, Carlos.
Confesso que não gosto muito de livros que abordam tantos temas pesados como esse, são poucos os que li até hoje, mas acho que alguns livros precisam e merecem ser lidos, e é esse é o meu caso com A cor purpura. Gosto muito do fato se ele não só evidenciar um aspecto dos abusos que as mulheres sofriam, mas vários, como o preconceito, o estupro e etc.
ResponderExcluirE eu já li um livro que é todo narrado dessa mesma forma, em cartas, e gostei bastante, então pelo menos o tipo de narrativa eu sei que eu vou gostar. E é claro que depois eu vou conferir a adaptação.
Eu gostei muito da resenha e fiquei ainda mais animada para começar essa leitura.
Ah, essa edição é linda!
Beijo!
Obrigado pelo seu comentário!