Título: O Amor nos Tempos do Cólera
Autor: Gabriel García Márquez
Editora: Record
Gênero: Romance colombiano
Ano da edição: 2010
Ano de publicação: 1985
Páginas: 432
Tradutor: Antonio Callado
ISBN: 9788501028723
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Avaliação:
RESENHA
Florentino Ariza era ainda garoto quando se apaixonou pela jovem Fermina Daza, com a qual passou a se corresponder por lindas cartas intimistas e de amor. Foram alguns anos de trocas de cartas escondidas, até que Lorenzo Daza, o pai da moça, descobrisse o segredo e consequentemente reprovando a união de ambos por considerar Florentino um pretendente nada ideal para a filha, que ele tanto batalhou para criar e arranjar um casamento digno de realeza, dessa forma, decide levar a filha embora da cidade com o intuito de curá-la desse amor. Florentino então monta uma grande equipe com seus colegas de trabalho, telegrafistas de outras regiões para não perder o contato com Fermina... no entanto, mesmo com essa comunicação, quando ela volta, por algum motivo, eles acabam se afastando e a amada casa-se com um doutor de renome que de tanto insistir conseguiu persuadi-la e levá-la ao altar.
Florentino, sentindo ainda todo o amor por ela, mas sem poder fazer nada, toma a decisão de seguir sua vida, sem se deixar entristecer pelo ocorrido, pelo contrario, sua vida se torna libertina, mas sem tirar os pés do chão e sem esquecer do seu verdadeiro amor: Fermina Daza.
"Florentino Ariza não deixara de pensar nela um único instante desde que Fermina Daza o rechaçou sem apelação depois de uns amores longos e contrariados, e haviam transcorrido a partir de então cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias"É impressionante como Gabriel García Márquez consegue escrever com uma prosa divinamente prazerosa e poética de forma a conduzir o leitor sem a necessidade de criar capítulos. Ele pega uma brecha e nos conduz a outros personagens sem que haja uma quebra na narrativa, sendo assim, o livro exige certa atenção para que não haja uma confusão e troca de informações, o que não quer dizer que o livro seja tão difícil assim de entender.
As personagens criadas aqui são sutilmente construídas. Elas tem suas primeiras aparições e descrições, fazem seus papeis, nos cativam e tudo mais, entrementes, o que mais chama atenção é que todas elas recebem uma conclusão. O autor, mesmo que não seja no momento final, descreve quem é, a que veio e para onde vai, dando vida à elas dessa forma. Mas não se engane, pois até os objetos e os animais recebem o mesmo tratamento, como uma carta, ou uma fotografia ou o papagaio que teve um papel fundamental para Florentino, embora este último não fosse tão próximo do animal.
Este é um livro sobre o tempo e como ele nos afeta. Um livro que nos mostra e nos questiona a respeito do que estamos fazendo com o pouco de tempo que possuímos, nos revelando que apesar da idade avançada, não tempos prazo para realizar o que sonhamos. É um relato que tem um certo ar de solidão e que se mescla em certos pontos com o cômico, mas que em nenhum momento foge do real.
Real também são os fatos narrados aqui, pois boa parte deles são baseados em vivencias dos pais do GABO, tornando a história mais singela e especial. Além disso ainda podemos ter o contato com o que tornou conhecido o García Márquez: seu realismo fantástico. Em certos momentos personagens tomam perfume, ou comem rosas para sentir o cheiro da amada enquanto em outros bonecas crescem no colo de suas donas e assim por diante sem deixar transparecer ser algo de outro mundo.
Recomendo fortemente essa obra magnifica para todos os leitores, e mesmo que não faça o seu estilo, creio que Gabriel García Márquez merece o seu esforço ao sair de sua zona de conforto.
15 Comentários
O único livro que li dele até agora foi Memórias de minhas putas tristes, e eu amei. E me surpreendi MUITO quando a Tati Feltrin disse que era um dos piores livros dele O: Então isso com certeza me deixou mais curiosa para ler outros. Cem anos de solidão e este com certeza estão no topo da lista.
ResponderExcluirhttp://escritoseestorias.blogspot.com.br
Pois é, depois de um tempo parei de confiar um pouco nas dicas da Tati, certo que tem muitas coisas interessantes, mas estava divergindo do que eu gosto, inclusive curti muito o Memórias de Minhas Putas Tristes, talvez eu releia esse ano para postar resenha. Mas leia este aqui quando possível porque é realmente muito bom, já o Cem Anos tá na meta do ano. Vamos ler Gabo ♥
ExcluirIa comprar esse livro, mas a capa não me chamou a atenção, mas lendo a resenha vejo que deve mesmo ser um livro bom
ResponderExcluirA premissa é interessa e, se não tivesse lido a resenha, o livro com certeza não me interessaria nem um tiquinho! A escrita parece encantadora, assim como os personagens. É sempre necessário sairmos de nossa zona de conforto mesmo. Abraços
ResponderExcluirEu nunca li nada do autor, achei a historia foi bem construída pelo o que pude notar pela resenha, mas no momento eu passo esse livro.
ResponderExcluirJa ouvi falar do autor e do livro Memórias de minhas putas tristes, mas não li nada dele .
ResponderExcluirAdorei a resenha e vou dar uma chance para ele, as vezes aqueles livros mais simples são os melhores *-*
Bjus
Ainda não conhecia esse livro, e quando olhei a capa pensei: "Nunca lerei". Mas quando li a resenha, adorei e fiquei com muita vontade de ler. Se na tiver oportunidade, lerei com toda certeza. Beijos.
ResponderExcluirpotato-purple.blogspot.com
youtube.com/potatopurpleblog
Estou lendo outra obra do autor, cem anos de solidão, o primeiro dele que leio e estou me animando bastante com a escrita do autor! Muito bom mesmo!
ResponderExcluirConheço os livros do autor, mas não tive a oportunidade de ler algum. Apesar da popularidade do autor, passei muito tempo sem interesse em seus livros, hoje gostaria muito de saber mais sobre seus livros.
ResponderExcluirÉ o meu livro preferido do Garcia Marquez! Reconheço a qualidade literária superior de Cem Anos de Solidão, mas acho a história de Florentino tão bonita e tão singela, que dos livros já lidos do Gabriel, é o que mais me emociona :)
ResponderExcluirA resenha ficou perfeita!
O Amor nos Tempos do Cólera parece ser um livro escrito e bem construído, e o autor, que é considerado um mestre da literatura e um ícone, parece não desapontar seus leitores em momento algum. Pretendo ler, este ano, Memórias de minhas putas tristes e Cem anos de solidão, recebi muitas críticas positivas, espero não me arrepender!!
ResponderExcluirTenho até um pouco de vergonha de dizer, mas nunca li nada do García Marquez. A resenha me deixou bem curiosa e esse livro tá na lista de leituras a um tempão, acho que tá na hora de dar uma chance!
ResponderExcluirOi Pedro, tudo bem?
ResponderExcluirEu naturalmente não leria esse livro, mas depois de tantos elogios a obra vou dar uma chance a ele, se eu gostar vou passar a procurar outros livros do autor.
Sempre quis ler esse livro, mas achei que fosse difícil de entender por conta de algumas resenhas que li.
ResponderExcluirMas ameeeei sua resenha, deu pra perceber que é um livro bem profundo e poético e agora to mais curiosa para lê-lo, rsrsrs
bjãoooo
Reler um livro é sempre interessante. A primeira vez que li Gabriel Garcia Márquez foi como leitor contemplativo. A segunda, foi para aprender como um mestre da literatura usa as regras clássicas do romance. O que descobri? Que quebrou muitas. Lembrando sempre que, para quebrar uma regra, primeiro é preciso conhecê-la.
ResponderExcluirNa primeira frase, ele diz que sua história é sobre "o destino dos amores contrariados."
Gabo vai fisgar o leitor pelo pitoresco. Usa expressões encantadoramente poéticas. Penas de pássaros mágicos e serenatas noturnas nos introduzem nesse idílio.
No primeiro capítulo encontramos um refugiado antilhano. Que não faz parte do enredo. O que faz o personagem Jeremiah de Saint-Amour, esse disfarçado suicida, em uma cena de horror ao lado do seu pobre cão? Juventino Urbano aí comparece como médico para descobrir que nada sabia do passado revolucionário do suposto amigo, de sua vida amorosa, de seu motivo para procurar a morte.
Dr. Urbano relata o declínio do corpo, confessa "seus temores de não encontrar a Deus na escuridão da morte", contempla "o esplendor efêmero daquela tarde a menos, já partindo para nunca mais." Ele nos fala de sua família rica, da epidemia de cólera, de arquitetura caribenha e desigualdades sociais. De repente somos apresentados a cães, gatos, tartarugas, uma lista de pássaros os mais exóticos, páginas certamente bem humoradas mas excessivas. Tudo isso para chegar no louro fujão - fuga de trágica consequência - e na saga dos bombeiros que tentam capturá-lo.
O autor não se limita ao assunto do livro. Pelo contrário, somos convidados a conhecer costumes caribenhos, a história detalhada de um naufrágio e das tentativas de resgate do galeão, as vestes das classes sociais, a refletir sobre o método de ensino dos colégios católicos, as reformas higiênicas impostas pela doença. Muitas outras detalhadas descrições pitorescas, bem humoradas e até politicamente apimentadas se sucedem, para desespero do leitor impaciente e deleite dos curiosos. Uma cena particular choca pela sua impropriedade: o banho em que as duas primas se catam lêndeas. Lêndeas? Ao lado das “numerosas espécies de insetos daninhos que invadiam a casa nos meses de chuva”.
Leitura imperdível.
Obrigado pelo seu comentário!