Resenha #89:Cira e O velho - Walter Tierno

Lido em: Julho de 2015
Título: Cira e O Velho
Autor: Walter Tierno
Editora: Giz Editorial
Gênero: Romance Brasileiro
ISBN: 9788578550851
Edição: 2
Ano: 2010
Páginas: 232


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RESENHA:


Cira e o Velho, inspirado no Brasil do século XVII, se baseia no folclore brasileiro e vai nos contar a lenda das cobras Norato e Maria Canina, nascidas da união de uma jiboia com uma jovem aldeã. Os irmãos cobras não se davam bem já que Canina não tinha a inocência de Norato e com inveja foi se acolher nos braços do Rei da Mentira em troca de poder, jogando um feitiço que iria tanto prejudicar ela quanto ao irmão, sendo essa a sina de gêmeos; pagar com a mesma moeda.

Maria Canina muito má e com a vontade de acabar com o irmão, contrata o sertanista Domingos Jorge Velho (O Velho) e sua gangue a troco de muito ouro para dizimar todos os filhos que Norato teve quando se transformou em homem. Proposta aceita, o bando segue com a sua parte do acordo. Cira, filha da bruxa Guaracy (a amante mais querida por Norato) é uma das vítimas, mas o que o Velho não esperava era que sua mãe jogaria um feitiço para salvar a filha, fazendo com que Cira, depois de recuperada do ataque, parta em busca de vingança.



Mas o livro não fica só nesse lado, já que nos dias de hoje, o narrador é um obcecado por figurinhas de álbuns e sente uma forte atração pela figura de Cira, tanto é que com sede de conhecimento, procura informações sobre essa lenda e encontra dona Nhá, uma senhora conhecida pro realizar partos, muito velha que diz ser a responsável por curar a filha de Norato do feitiço que a mãe lançou.
Mas como seria possível uma velha ter passado por tantos anos sem morrer? Como ela teria ajudado Cira a se recuperar? E a vingança de Cira, teria dado certo? Maria Canina e O Velho sairiam impunes dessa façanha?


O escritor e ilustrador, Walter Tierno tinha escrito Cira e o Velho com o proposito de ser um roteiro para um quadrinho, no entanto a ideia foi desviada de foco, e o roteiro se transformou em um livro ricamente construído. Ele aborda as lendas do nosso folclore com uma escrita madura e fácil em capítulos curtos e cheios de reviravoltas, sendo narrado em primeira pessoa, pelo colecionador de figurinhas que não revela sua identidade.

O grande forte do livro é realmente esse tema que raramente é visto em muitos dos livros contemporâneos nacionais, apesar de sermos brasileiros, muitos preferem focar em outras culturas, trabalhando em assuntos até mesmos desconhecidos para si. Mas em Cira e O Velho não acontece isso, todos os costumes transpassados durante a leitura são genuinamente nossos, podemos até não concordar com algumas atitudes dos nativos da época (aqui entra costumes, crenças religiosas e tudo o que permeia esse âmbito cultural), mas notamos que o autor consegue trabalhar bem o assunto e teve uma pesquisa por trás disso o que acaba desmistificando e trazendo novas lendas e até mesmo uma nova visão ao conhecimento do público que foi atingido pelos livros do Monteiro Lobato. Pela violência contida em Cira e O Velho e o seu tema mais pesado, não se trata de um livro para crianças.


É uma leitura bem rápida, mas como disse, rica. Se você adora um livro que tenha essa parte de vingança que instiga a leitura mais a magia de seres da natureza e que te prende rapidamente, garanto que Cira e O Velho é um livro que merece um espaço na sua estante.

Att,
Pedro Silva

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