Título: Caviar é uma ova
Autor: Gregório Duvivier
Editora: Companhia das Letras
Edição: 1° Edição
ISBN: 9788535928167
Gênero: Crônicas
Ano: 2016
Páginas: 182
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Política também é um tema recorrente. Não seria de se esperar menos, dado que o Gregório é considerado por muitos hoje como uma das novas vozes da esquerda (aí está o trocadilho que deu origem ao título do livro). Com muita propriedade, o autor alfineta diversos políticos, sempre com um tom humorístico e bastante perspicaz.
Autor: Gregório Duvivier
Editora: Companhia das Letras
Edição: 1° Edição
ISBN: 9788535928167
Gênero: Crônicas
Ano: 2016
Páginas: 182
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Avaliação:
Resenha:
"Caviar é uma ova", mais novo livro de Gregório Duvivier publicado pelo Grupo Companhia das Letras, é composto por uma coletânea de 83 (isso mesmo, oitenta e três!) crônicas, que versam sobre os mais variados temas, passando da política à temas mais cômicos, como o uso do famigerado pau-de-selfie ou da atrativa talvez nem tanto vuvuzela.
Embora já conhecesse o trabalho do Duvivier (que também é roteirista, ator, comediante, cronista e poeta) através do canal Porta dos Fundos, ainda não havia tido a possibilidade de conferir mais de perto o material escrito publicado por ele. Devo admitir que minhas expectativas quanto aos textos já eram incrivelmente altas antes de ter meu exemplar em mãos, dado o respeito que possuo pelo autor. O que eu não esperava é que esta obra me surpreenderia tanto.
O livro é aberto com a crônica intitulada Triste Balneário, onde críticas pesadas ao estado do Rio de Janeiro são feitas e, em contrapartida, elogios são tecidos aos montes à São Paulo. O cômico é que, na crônica seguinte, o autor se retrata, ou seja, tenta também criticar São Paulo, dada a enxurrada de comentários recebidos no site da Folha - onde grande parte dos textos foram publicados inicialmente - e em sua página privada de paulistanos acerca da "realidade" da cidade da garoa. Nas palavras do Duvivier, "elogiar a cidade é trair o espírito paulistano". Parece confuso, mas a questão é a seguinte: o Gregório ama São Pauloembora aparentemente isso não possa ser dito em voz alta!
Entretanto, essas duas crônicas não chegam a ser nem de perto as melhores que estão neste livro. A que mais chamou minha atenção foi "Querido Pastor". Nos tempos sombrios em que vivemos, onde cada vez mais a religião de cada indivíduo está intrinsecamente ligada à tomada de decisão estatal, este texto aparece como uma fonte de lucidez. Nele, o autor apresenta-se como Jesus, criticando a postura atual da igreja, em especial a evangélica. Explicita a necessidade da mudança no pensamento da instituição e daqueles que a segue, demonstrando que Jesus era uma pessoa humilde e que andava com todo o tipo de gente (doentes, pobres, prostitutas) para ajudá-los, diferente do que os grandes pastores da mídia andam fazendo, utilizando-se da fé alheia para seu enriquecimento pessoal.
São tempos de vacas magras, sem dúvida. Mas a dieta das nossas vacas nunca foi muito calórica. Qual é, então, a grande novidade? Itaú e Bradesco engordaram lucro recorde no primeiro semestre de 2015. Sim, recorde. Na crise. Talvez seja esta a novidade: as vacas gordas nunca comeram tanto. (Página 110)
O livro é aberto com a crônica intitulada Triste Balneário, onde críticas pesadas ao estado do Rio de Janeiro são feitas e, em contrapartida, elogios são tecidos aos montes à São Paulo. O cômico é que, na crônica seguinte, o autor se retrata, ou seja, tenta também criticar São Paulo, dada a enxurrada de comentários recebidos no site da Folha - onde grande parte dos textos foram publicados inicialmente - e em sua página privada de paulistanos acerca da "realidade" da cidade da garoa. Nas palavras do Duvivier, "elogiar a cidade é trair o espírito paulistano". Parece confuso, mas a questão é a seguinte: o Gregório ama São Paulo
[...]a vida é essa pizza ruim que a gente não consegue parar de comer. (Página 36)
Entretanto, essas duas crônicas não chegam a ser nem de perto as melhores que estão neste livro. A que mais chamou minha atenção foi "Querido Pastor". Nos tempos sombrios em que vivemos, onde cada vez mais a religião de cada indivíduo está intrinsecamente ligada à tomada de decisão estatal, este texto aparece como uma fonte de lucidez. Nele, o autor apresenta-se como Jesus, criticando a postura atual da igreja, em especial a evangélica. Explicita a necessidade da mudança no pensamento da instituição e daqueles que a segue, demonstrando que Jesus era uma pessoa humilde e que andava com todo o tipo de gente (doentes, pobres, prostitutas) para ajudá-los, diferente do que os grandes pastores da mídia andam fazendo, utilizando-se da fé alheia para seu enriquecimento pessoal.
Política também é um tema recorrente. Não seria de se esperar menos, dado que o Gregório é considerado por muitos hoje como uma das novas vozes da esquerda (aí está o trocadilho que deu origem ao título do livro). Com muita propriedade, o autor alfineta diversos políticos, sempre com um tom humorístico e bastante perspicaz.
Ser feliz é a melhor maneira de parecer um idiota completo. Pra muita gente, a felicidade dos outros é um acinte. E não estou falando dos invejosos. Não consigo acreditar que existam invejosos de mim, pra mim toda paranóia com a inveja alheia é delírio narcísico. Estou falando dos cronicamente insatisfeitos - esses sim existem, e são muitos. Experimente dizer que está feliz. O olhar vai ser fulminante, assim como a resposta mental: "Como é que esse imbecil pode ser feliz num país desse, num valor desses, com um dólar desses?". Aprendi que reclamar do calor ou do dólar não reduz a temperatura nem o dólar. Aprendi que a lei de Murphy só existe pra quem acredita nela. E aprendi que reparar na felicidade te ajuda a reconhecê-la quando esbarrar com ela de novo - e acho que isso foi o mais importante." (Página 65)
Confesso que já coloquei em minha lista outros livros do Duvivier, como Put Some Farofa (resenha disponível) e Ligue os pontos, ambos publicados pela Cia das Letras. Espero ter a oportunidade de, em breve, lê-los. Por fim, gostaria de salientar que foi uma experiência incrível poder adentrar um pouco mais no universo peculiar do autor. As crônicas são de fácil compreensão e bem curtas, com uma média de 2 páginas por texto. A leitura flui de forma singular, regada, é claro, por boas gargalhadas. Gregório Duvivier entra agora para o meu hall de melhores autores nacionais, principalmente pela sua capacidade nata de pegar qualquer assunto aleatório e dele extrair um pensamento crítico, gerando consequentemente um excelente texto. Acho que não preciso falar mais nada, não é mesmo?
Um abraço,
Sérgio Henrique.
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