Resenha #265: Extremamente Alto & Incrivelmente Perto - Jonathan Safran Foer

Título: Extremamente Alto & Incrivelmente Perto
Autor: Jonathan Safran Foer
Tradutor: Daniel Galera
Editora: Rocco
Edição: 1
ISBN: 8532520561
Gênero: Romance Estrangeiro
Ano: 2006
Páginas: 392

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Avaliação:  




RESENHA


Jonathan Safran Foer é um autor americano nascido em Washington - DC, com descendência judia. Ele é popularmente conhecido pelos seus romances Tudo Se Ilumina (Rocco, 2002) e Extremamente alto & incrivelmente perto (Rocco, 2006). Além do livro de não-ficção intitulado Comer Animais (Rocco, 2009). Suas duas obras de ficção ganharam adaptações cinematográfica alçando ainda mais a carreira do escritor. 
Em Extremamente Alto & Incrivelmente Perto, o autor nos traz o pequeno Oskar Schell, uma criança que possui inúmeros sonhos e metas. Ele é muito autodidata e se declara inventor, desenhista, fabricante de joias, percussionista, astrônomo, arqueólogo amador, consultor de informática e colecionador de alguns objetos. Com apenas 9 anos, Oskar tem todos os sonhos do mundo e ao mesmo tempo sofre ainda com a ausência do pai, Thomas, que morreu no trágico ataques terrorista às Torres Gêmeas em de 11 de setembro de 2001. O filho possuía uma relação muito próxima com  pai e era influenciado positivamente com uma crianção que restringia o uso da televisão, mas que ao mesmo tempo trazia um contato mais próximo com a leitura de jornais e atividades envolvendo o mundo exterior como ir ao Central Park explorar e procurar pistas de mistérios imaginados. Com a morte do pai, ficou um vazio em Oskar e a dor por não ter o pai presente.

Em um dia, Oskar encontra dentro de um vaso no armário de seu pai, uma chave em um envelope com a palavra "Black". Ele passa a crer que se encontrar a verdadeira fechadura da chave, acabará solucionando todas as questões não resolvidas do seu pai. Com as respostas ele quer acalentar o sofrimento que carrega e assim, inicia sua jornada consultando todas as pessoas da lista telefônica de Nova Iorke que possuem o sobrenome "Black".
Como se não bastasse esse enredo que daria um bom romance pro si só, Safran Foer ainda introduz outras questões ao longo da narrativa que acabam intercalando-se com a triste e bela origem da família Schell, a partir dos avós de Oskar. Assim, o autor traz algumas vozes narrativas, cada uma contando seu lado da história em momentos oportunos do livro e com a busca do garoto, acabamos sendo apresentados a vários personagens da cidade e um leque de histórias se abre para o leitor.

Extremamente Alto & Incrivelmente Perto é um livro muito lindo e bem escrito. A sua grande mensagem está na nossa busca por entendermos a dor e sofrimento que passamos. O que é natural, principalmente para crianças que não têm uma dimensão tão grande de mundo e, às vezes, a busca por respostas acabam trazendo novas perspectivas e novas motivações para continuarmos a viver, mesmo com a ausência de quem tanto amamos.

Os personagens são construídos de uma forma tão bem explorada que acabam se tornando muito humanos e reais. Isso porque temos uma grande preocupação em que haja não só a história atual de um determinado personagem do livro, mas o autor consegue dar vida através da carga histórica que eles carregam. Seja um relacionamento que não funcionou, a ausência da palavra falada ou as feridas trazidas da guerra. Ler Extremamente Alto & Incrivelmente Perto é se envolver com esses personagens e com essa história a ponto de nos sentirmos introduzidos nela e isso só grandes autores conseguem realizar.
A obra física é rica em detalhes gráficos com ilustrações, palavras circuladas, fotografias e alguns detalhes em seu texto que causam grande impacto no leitor, tanto de intrigamento quanto de estranhamento, sendo uma ótima experimentação.

Recomendo fortemente a leitura desse romance por ter uma sensibilidade indescritível e uma história poderosa. Aqui não temos um dramalhão para lhe fazer chorar por chorar, porque o choro, se vier, é mais verossímil por ser tratado de maneira delicada e madura e nos toca pois o autor transmite a sua visão do luto naturalmente como o olhar de uma criança. É um livro para rir, chorar, "fazer roxos" em si mesmo e refletir sobre a família e as tragedias que os conflitos do homem (como guerras e atentados) trazem.

Certamente, entrou para a lista de melhores leituras da vida. 

Até logo,
Pedro Silva

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