tag:blogger.com,1999:blog-59032602081272068472024-03-15T23:42:55.368-03:00De cara nas letrasUm local voltado ao mundo da imaginação. Aqui você pode encontrar resenhas, notícias, sorteios e tudo que permeia o universo literário. Falamos de livros de todos os gostos desde ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura até os ganhadores do Prêmio Jabuti de Literatura, sem fazer distinção ou preconceito literário.De Cara Nas Letrashttp://www.blogger.com/profile/17978811831873854028noreply@blogger.comBlogger777125tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-86839653242525886802024-01-17T15:17:00.002-03:002024-01-17T15:19:38.534-03:00Essa menina, de Tina Correia<p style="text-align: justify;">Publicado originalmente em 2016, "Essa Menina – de Paris a Paripiranga", da autora sergipana, radicada no Rio de Janeiro, Tina Correia é seu romance de estreia e traz em seu enredo o período de repreensão, combate a ditadura e militância comunista no brasil da década de 1930. O romance foi vencedor do Prêmio Permínio Anosfora, da União Brasileira de Escritores, no ano de lançamento. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdUX7ya2QJ-0eeq340GqJE2v9prwmvvndsRrfNV7BAhDiBWS7FpOUgvcKWhjJOJSBk1yadvg_Z-eQTmtkeYQ9Uu0jAM0zf1YjQMG5Vw4udG3umvIXXeqZvwta2jljrqfc_v7Yj3jjgDMGSLBGDcVa_5ydavZaQtz1ZqrCVR3sLxOUqQnMRDmonLxoJiI/s3464/Picsart_24-01-17_14-56-10-053.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2309" data-original-width="3464" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBdUX7ya2QJ-0eeq340GqJE2v9prwmvvndsRrfNV7BAhDiBWS7FpOUgvcKWhjJOJSBk1yadvg_Z-eQTmtkeYQ9Uu0jAM0zf1YjQMG5Vw4udG3umvIXXeqZvwta2jljrqfc_v7Yj3jjgDMGSLBGDcVa_5ydavZaQtz1ZqrCVR3sLxOUqQnMRDmonLxoJiI/w640-h426/Picsart_24-01-17_14-56-10-053.png" width="640" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">"Agora, já não sei mais o que é verdade: o que ouvi, o que vivi, o que inventei ou o que copiei. Porque a memória é traiçoeira e tudo isso não passa de invencionice de criança."</p><p style="text-align: justify;">Com a justificativa de que a memória começa a lhe passar a perna, Esperança, por muitos conhecida como Essa menina, chegando aos 80 anos resolve escrever suas memórias e deixar registrado o que lhe aconteceu durante um longo período que parte do final de 1930 até 1960 com seus grandes eventos políticos que marcaram o Brasil da era Getúlio Vargas e que a levaram a buscar refugio, na juventude, em Paris, na França. </p><p style="text-align: justify;">A autora Tina Correia traz um período de repreensão, censura e tortura, mas também da luta daqueles que não se entregaram diante da violência. Ainda criança, sem muito compreender, Essa Menina registrava em sua casa familiares não se calar diante de autoridades, o desaparecimento de conhecidos, familiares presos, principalmente o pai, membro do partido comunista, e outras atrocidades que faziam parte de seu desenvolvimento em contrapartida com as brincadeiras no quintal com as crianças vizinhas, as travessuras, a rigidez na sala de aula ou com a tia religiosa, a curiosidade ávida e toda a inocência de uma infância em meio a violência sem imaginar que também não passaria ilesa da prisão e tortura, um momento que ficará marcado para sempre em sua existência com um vazio nunca preenchido e que a memória insiste em não lembrar. </p><p style="text-align: justify;">"(...) papai e alguns amigos estavam presos e comentava-se que estavam todos sendo torturados. Eu só não entendia os motivos. Durante várias noites, para desespero de vovô e de titia, a coruja rasga-mortalha entoou seu canto agourento, anunciando que a morte rondava a casa. As notícias correram na perna de vento e de madrugada nossa família foi avisada de que a situação era grave."</p><p style="text-align: justify;">"Essa Menina" é um livro rico em costumes, tradições, são cantigas de roda, datas comemorativas, artistas e hábitos que nos transmite o período com a profundidade de quem pode ter vivenciado esse contexto. É perceptível um toque suave de realismo mágico na medida certa e com capítulos redondos narrando os causos como contos, sem deixar, claro, de ser um romance.</p><p style="text-align: justify;">Ao fim da leitura, ficamos com um desejo de que a qualquer momento poderia sair uma sequência a fim de acompanharmos a vida da menina após esse período terrível. </p><p style="text-align: justify;">Por fim, recomendo a leitura para quem gostou de <b>A amiga genial</b>, da Elena Ferrante, ou para todos que queiram uma boa literatura brasileira contemporânea que ainda não conhecem..</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">~º~º~º~º~º~º~º~</h2><br /><div><br /></div><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h2><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;"></span></p><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: Essa Menina | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Autor</b>: Tina Correia | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Editora</b>: Alfaguara | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Edição</b>: 1 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ano</b>: 2016 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gênero</b>: Romance brasileiro | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Páginas</b>: 272 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">ISBN</b>: 9788556520036<br /><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 451</b></div><p style="text-align: justify;"><br /></p>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-32441371178313938732023-03-15T20:18:00.011-03:002023-03-15T20:52:08.264-03:00Chuva de papel, de Martha Batalha<div style="text-align: justify;"><span id="docs-internal-guid-0c704b00-7fff-24df-1f33-1ffd14b064ad"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial;"><span style="font-size: 14.6667px; white-space: pre-wrap;"><b>"Chuva de Papel" </b>é o terceiro e mais recente romance da carioca <b>Martha Batalha</b>, autora já conhecida pelo seu primeiro trabalho chamado <b>'A vida invisível de Eurídice Gusmão'</b>, de 2016, que ganhou as telonas com Fernanda Montenegro no elenco. Com o pensamento de que a autora escreve muito do que conhece, mesmo subconsciente, aqui ela se volta para um tema familiar no sentido profissional de escrita e jornalística.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyUBLHbPELWglzhOhDLp9PF3xQtT-2npqv0PSqgZQbYUD8DfQIEPMJf7n4knp4pz7I12QE2eAi24Wz28Fmmq-7VQX-HWSXCCWJf8zQJVRQTJ9FrG2bNHswZkhMOsnF8IUHfarNB7OgriaxkHk5t15FAQU-ikLvl3KGDjpCyHjsFz3VCz7mF32Owxxv/s2240/mart.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1260" data-original-width="2240" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyUBLHbPELWglzhOhDLp9PF3xQtT-2npqv0PSqgZQbYUD8DfQIEPMJf7n4knp4pz7I12QE2eAi24Wz28Fmmq-7VQX-HWSXCCWJf8zQJVRQTJ9FrG2bNHswZkhMOsnF8IUHfarNB7OgriaxkHk5t15FAQU-ikLvl3KGDjpCyHjsFz3VCz7mF32Owxxv/w640-h360/mart.png" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial;"><span style="font-size: 14.6667px; white-space: pre-wrap;">Em meio a pandemia, a obra traz como protagonista <b>Joel Nascimento</b>, um homem que muito jovem se envolveu com o jornalismo; como aprendiz, descobriu os macetes, jargões e a reportar as matérias policiais interessantes mais para o seu público instigado pela afirmação de mostrar o lado real do Rio de Janeiro. Foram anos escrevendo reportagens sensacionalistas, daquelas conhecidas como cabidela que deixa escorrer sangue pelas páginas. Boêmio, Joel aproveitou o melhor da cidade, casou algumas vezes, mas se encontra num estado decadente na terceira idade: alcoólatra, sem rendimentos financeiros e se escondendo das obrigações de pai, como pagamento de pensão.
</span></span></p><div><br /></div><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Após uma tentativa falhada de suicídio, ele sofre algumas fraturas e precisará residir de favor na casa da tia de um antigo amigo de redação. Joel que tem suas idiossincrasias, conhece Glória, a dona do lar e que bate de frente com a rabugice do seu novo inquilino. Ela possui o sonho de escrever um livro de memórias, que já está em andamento. Os novos dias na casa passam-se com a chegada de Aracy, vizinha e melhor amiga de Glória, uma viúva que adora misticismo e os seus dois cachorros chihuahua.</span></p><p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">De forma intercalada, numa narrativa que vai de primeira a terceira pessoa, a autora reconstrói a história de suas personagens num fluxo temporal de idas e voltas. É</span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;"> interessante acompanhar, em tão poucas páginas, a construção dessas histórias de vidas, suas origens e relações familiares que as trouxeram até aqui. Vemos todo o conservadorismo do passado, o papel delegado às mulheres de submissão para atender as demandas do marido em detrimento de seus reais desejos e o momento de ruptura quando há o despertar para si mesma.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; white-space: pre-wrap;"></span></p><blockquote><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; white-space: pre-wrap;">Eu tinha acabado de inventar o feminismo. Que era a minha voz e o meu desejo, e as minhas possibilidades, que eram poucas mas eram. O meu feminismo, como um desenho que só eu podia fazer, uma receita que teria exatamente o meu tempero. Sozinha na sala, eu me senti parte de algo maior, ao me dar conta da injustiça da invenção, porque, naquele momento, e antes, e depois, outras mulheres que viviam para dentro dessas janelas vistas do pátio, em torno da pracinha Xavier de Brito e da Afonso Pena, no corredor de prédios da Conde de Bonfim e além, nos mercados, pontos de ônibus e nas feiras, todas essas mulheres tinham inventado, estavam inventando ou iriam inventar o feminismo. E me pareceu errada a perda de tempo e de energia, a perda de vida, mesmo, numa invenção que se dava de novo e de novo, e ainda mais errado ser esse o final feliz, porque tantas outras, a maioria, eu me dei conta, passariam pelo mundo sem saber dessa voz, ou com uma vaga noção de que existia, mas sem poder experimentá-la, como um bem. Não é a coisa mais triste que pode acontecer a uma pessoa?</span></blockquote><p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A princípio também conhecemos a evolução do jornalismo sensacionalista, os métodos de apuração corruptos de alguns repórteres que interferiam nas cenas dos crimes para fazer vender jornal, o auge e a crise do jornal impresso com a chegada do digital e as demissões por fim dos periódicos. </span><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">Histórias que se interligam com personalidades reais, como é o caso do Assis Chateaubriand (<a href="http://www.decaranasletras.com/2016/02/resenha-142-chato-o-rei-do-brasil.html">resenha aqui</a>) que, apesar do grande nome e seu conglomerado das comunicações, tinha suas atuações antiéticas na profissão.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; white-space: pre-wrap;"></span></p><blockquote><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; white-space: pre-wrap;">Ele não se lembrava. De mais outro caso. A única forma de se manter como repórter de cotidiano é simplificar o que a cidade despeja. Tragédias ganhavam a relevância do momento, mas eram esquecidas e substituídas sucessivamente por casos similares. Joel havia posto uma única face nas crianças mortas por bala perdida, nas vítimas dos sequestros-relâmpago, nos trabalhadores desaparecidos após uma blitz. Uma única face, em todas as mulheres que se repetiam em situações de violência. A narrativa de uma cidade engessada por problemas recorrentes é feita de clichês, o Rio havia se tornado um pastiche de si mesmo.</span></p></blockquote><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWMMcesSiWJR0VTj1KxJJSvOXmVuFf85NbtgwIwdnHmVj8f6vQrzAQiX7g8XkmY46fsLOh1xItCtMVg62y_OwLYgyR69mylyQf4x4gN-sNXL8focmsAONvooGe_DKApYzv6jlUxQ8zyohEAAbvyjkOOYy0axpdwYMXz3JmivPbU9Q_OshFJyrt7iz8/s1280/photo_4940966210686790357_y.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="721" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWMMcesSiWJR0VTj1KxJJSvOXmVuFf85NbtgwIwdnHmVj8f6vQrzAQiX7g8XkmY46fsLOh1xItCtMVg62y_OwLYgyR69mylyQf4x4gN-sNXL8focmsAONvooGe_DKApYzv6jlUxQ8zyohEAAbvyjkOOYy0axpdwYMXz3JmivPbU9Q_OshFJyrt7iz8/w640-h360/photo_4940966210686790357_y.jpg" width="640" /></a></div><p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Este é um livro que aborda temas tabus, principalmente o suicídio que aqui não deu muito certo, também foca muito no luto, histórias de mortes que esses personagens guardam em comum. A filha de Glória, o esposo de Aracy, o pai de Joel ainda na sua frente quando criança... Mas não chega a ser uma obra de sofrimento, pelo contrário, há um tom cômico que desfoca a lamúria. Desses sofrimentos, vemos personagens se aproximando, mesmo que contra suas vontades, mostrando ser possível ir se apegando a outras coisas para seguir em frente, até mesmo quando parece estar tudo perdido, e do fundo do poço achar a história que levará a enxergar motivações suficientes, quem sabe até financeiras, para não desistir.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></p><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">~º~º~º~º~º~º~º~</h2><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h2><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"></span></p><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: Chuva de Papel | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Autor</b>: Martha Batalha | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Editora</b>: Companha das Letras | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Edição</b>: 1 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ano</b>: 2023| <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gênero</b>: Romance brasileiro | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Páginas</b>: 224 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">ISBN</b>: 9786559215003<br /><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 450</b></div><div><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div></span></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-27293290843624188002023-03-10T19:37:00.002-03:002023-03-10T19:41:55.944-03:00Como se fosse um monstro, de Fabiane Guimarães<blockquote><span style="text-align: justify;">“</span><span style="text-align: justify;">Se conseguisse dar nome aos próprios sentimentos, poderia ter chorado. Mas ainda não era essa pessoa. Ainda nem sabia sofrer.”</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Com seu gravador, bloco de notas e várias perguntas a serem respondidas, a jornalista de origem argentina Gabriela Suertegaray segue em busca de preencher uma pauta sobre o escândalo na década de 90 envolvendo barriga de aluguel e contrabando de bebês. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidVpafkfXiAfqks4R94zao-xwS9cWt_Vqyx18rkjJL0ncOrCx3LIqHC9WTImAUJrWPtUyWu9YokXASaeJvxTq5i5ZNzI5-PG0uLa6F2HdvBgIwh85-rpmDIYJoM2b5JwMjmuSbvCazTEiMEtD4mzW24unavZfa05AsYi4qTGGuVxBpMajEt83kcj6p/s2240/fabiane%20guimaraes.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1260" data-original-width="2240" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidVpafkfXiAfqks4R94zao-xwS9cWt_Vqyx18rkjJL0ncOrCx3LIqHC9WTImAUJrWPtUyWu9YokXASaeJvxTq5i5ZNzI5-PG0uLa6F2HdvBgIwh85-rpmDIYJoM2b5JwMjmuSbvCazTEiMEtD4mzW24unavZfa05AsYi4qTGGuVxBpMajEt83kcj6p/w640-h360/fabiane%20guimaraes.png" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">É com essa motivação jornalística que a jovem então se encontra com a personagem principal da pauta: Damiana, uma mulher madura, de criação simples, humilde e que desde cedo foi trabalhar para uma família de classe alta como empregada doméstica a fim de contribuir na renda de casa. Mensalmente, com a ajuda de sua prima Rose, praticamente todo o dinheiro ganho era enviado para o interior. </p><blockquote><p style="text-align: justify;">“— Tudo que eu queria, depois de mocinha, era ser alguém — Damiana confessou, dando um gole no café. — Alguém que tivesse as coisas, sabe.” </p></blockquote><p style="text-align: justify;">Como as condições financeiras não eram muito boas na época, Damiana recebe uma proposta invasiva: gerar um filho para os patrões em troca de uma quantia considerada de dinheiro. Com a expectativa de mudança de vida, é então que ela aceita, mas sem entender bem todos os trâmites desse processo que é gerar uma vida e logo em seguida ter que ceder a outros. </p><p style="text-align: justify;">Acompanhamos então, por meio das informações coletadas por Gabriela, os sentimentos e o relato das gestações que Damiana passou e um sistema mafioso de contrabando internacional de bebês financiado por gente extremamente rica, além de um afeto no meio do seu percurso de ser um transporte para outros. </p><p style="text-align: justify;"><b>'Como se fosse um monstro'</b>, segundo romance de Fabiane Guimarães que a editora <b>Alfagura </b>lança, é um livro sobre as oportunidades que a vida oferece e também nos mostra que as circunstâncias de uma vivência, seu contexto social e cultural moldam as escolhas que, na maioria das vezes, são tomadas pelo impulso da necessidade, seja financeira ou de afirmação pessoal. </p><p style="text-align: justify;">Damiana, apesar de no presente narrado ser uma personagem adulta, a princípio ela foi de muita ingenuidade, encantada com o novo, com as perspectivas que o dinheiro traz e a possibilidade de viver com qualidade de vida, nos fazendo refletir sobre o peso da maternidade; para algumas mulheres trata-se de uma graça divina, embora para outras um fardo a ser carregado sem apego emocional e o que chamam de instinto materno. No caso de Damiana um imbróglio que ao passar, apesar dos estragos de ter um corpo como incubadora, trata as bênçãos que o dinheiro compra. </p><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><tbody><tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUfGa9SO4FA4JCw7Xrh6n-KmgjWM9DmzpX7NSlzupblNKiORNwTc62snmNZDbhbTSXhNlqTmzvYUgiiaYP22i0KoQK7X8GWAdk0iuZ6MsuZPpKKjaIr56yEJAg3X8BuKgKH9z6aDt3hd0Q0fPivHewPovQTfKlwM-xksJizkdXAs6v9wOI1EbyP7xw/s2240/fabi.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="1260" data-original-width="2240" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUfGa9SO4FA4JCw7Xrh6n-KmgjWM9DmzpX7NSlzupblNKiORNwTc62snmNZDbhbTSXhNlqTmzvYUgiiaYP22i0KoQK7X8GWAdk0iuZ6MsuZPpKKjaIr56yEJAg3X8BuKgKH9z6aDt3hd0Q0fPivHewPovQTfKlwM-xksJizkdXAs6v9wOI1EbyP7xw/w640-h360/fabi.png" width="640" /></a></td></tr><tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fotos retiradas do Instagram da Editora Alfaguara</td></tr></tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Além disso, o poder que muito dinheiro traz para alguns. Homens com suas necessidades de validação masculina, a frequente sensação de acharem que podem tudo apenas sacudindo um talão de cheque branco para aqueles necessitados como um adestrador oferecendo petiscos ao seu cãozinho. </div><p style="text-align: justify;">A obra é enxuta, sem grandes rodeios ou proximidades com ritmo e fluidez agradável. A autora entrega aos poucos detalhes que vão moldando no leitor que pode ter uma visão do desfecho final antes do tempo, porém, traz uma informação que complementa a reflexão sobre maternidade. </p><blockquote><span style="text-align: justify;">“</span><span style="text-align: justify;">(...) como esconder a própria vergonha de ter se partido em duas, sem se despedir da outra metade.</span><span style="text-align: justify;">”</span></blockquote><p style="text-align: justify;">Uma obra para se atentar à nova literatura contemporânea brasileira e para acompanhar a evolução da Fabiane Guimarães desde '<b>Apague a luz se for chorar</b>', podendo interessar aos leitores de <b>'Os sete maridos de Evelyn Hugo'</b> (Taylor Jenkins Reid, Ed. Paralela, 2019), por trazerem a relação envolvendo jornalista e fonte, mesmo que tenham contextos extremamente distintos, aqui bem mais do anonimato e a pobreza.</p><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">~º~º~º~º~º~º~º~</h2><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h2><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: Como se fosse um monstro | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Autor</b>: Fabiane Guimarães | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Editora</b>: Alfaguara| <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Edição</b>: 1 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ano</b>: 2023| <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gênero</b>: Romance brasileiro | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Páginas</b>: 160| <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">ISBN</b>: 9788556521668<br /><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 449</b></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-13910729160346880432023-03-08T17:15:00.006-03:002023-03-10T18:25:39.036-03:00Os Getka, de Leticia Wierzchowski<p style="text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><b>Leticia Wierzchowski</b> ganhou muita notoriedade quando seu livro 'A casa das sete mulheres' foi adaptado para minissérie da TV Globo. O romance histórico que tem como pano de fundo a revolução farroupilha se passa no sul do Brasil, região também de onde provém a autora. De lá pra cá, Letícia já acumula uma vasta produção literária, publicando obras, quase que anualmente.</span>.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXsRYXepmpbCMHfQczCToqvI909WX56qTMME3rtJRSHl8yIaoBgXtNTXGOIEhq7di7t1vUToELqmXaGcNQ86l5-52P2umauH9YQlfU3MSycEK4jgYfznpNYmQhYl2mXs1CD77mfcrBs_ncX1T-hHy2-eViOSB0LwnTZ256Mf9erCOcI17ZZYnRcQBR/s4000/IMG_20230214_152820.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2342" data-original-width="4000" height="374" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXsRYXepmpbCMHfQczCToqvI909WX56qTMME3rtJRSHl8yIaoBgXtNTXGOIEhq7di7t1vUToELqmXaGcNQ86l5-52P2umauH9YQlfU3MSycEK4jgYfznpNYmQhYl2mXs1CD77mfcrBs_ncX1T-hHy2-eViOSB0LwnTZ256Mf9erCOcI17ZZYnRcQBR/w640-h374/IMG_20230214_152820.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><b>Os Gekta</b>, publicado em 2010, também tem forte ligação com o sul, já que parte de suas personagens estão situados em Porto Alegre e passam os veraneios no litoral gaúcho. <span id="docs-internal-guid-4191bfee-7fff-4e08-ed61-bbc76c662734"><span style="font-family: Arial; font-size: 11pt; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aliás</span></span>, é no litoral que o narrador chamado <b>Andrzej</b>, um escritor na casa dos seus quarenta anos, relembra as vivências da infância e do início da adolescência, quando ansiava por rever <b>Lylia</b>, filha mais nova de Jósef e Danya Getka, casal de amigos de seus pais (Halina e Jan) com quem compartilhavam a casa de férias. Assim, embarcamos na história de um garoto descobrindo o seu primeiro amor.</p><p style="text-align: justify;">Andrzej é um menino de imaginação fértil, o que ajudaria na carreira de escrito, porém, no infância os conflitos da <b>Segunda Guerra Mundial</b>, a perseguição e todo mal nazista que recaiu sobre seus genitores e amigos é de pouco conhecimento seu. Assim como o amor, ele também está descobrindo sobre o holocausto, os trens de <i><b>Umschlagplatz </b></i>(lugar onde os judeus eram embarcados nos trens para os campos de extermínio) e os fantasmas desse período que assombram diariamente seus refugiados.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIXLM_h5Qv3pWVXRR866OAaSnRqKWoNv8Bv3veWtwF6NDARJEc7y7IO03DbKqCeplT_Ao5lMCleOm9f3_sdyf3fp2rFQzPt6Q3sGFKFTGnzmOYV96ELIx6Ei3pCNmvoemla8f9aT4ziDExDAM1I_77KlLHu2RT7cdVCCzkibWH1iBJoxla2-1gKajU/s4000/IMG_20230214_152840.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2560" data-original-width="4000" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIXLM_h5Qv3pWVXRR866OAaSnRqKWoNv8Bv3veWtwF6NDARJEc7y7IO03DbKqCeplT_Ao5lMCleOm9f3_sdyf3fp2rFQzPt6Q3sGFKFTGnzmOYV96ELIx6Ei3pCNmvoemla8f9aT4ziDExDAM1I_77KlLHu2RT7cdVCCzkibWH1iBJoxla2-1gKajU/w640-h410/IMG_20230214_152840.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Ao estudar sobre os nazistas que fugiram e se esconderam na América do Sul, Andrzej confessa a Lylia a desconfiança de que seu vizinho seja um desses seres repugnantes e juntos planejam uma empreitada para dar uma lição ao suposto algoz. Mas o que crianças, que pouco conhecem sobre um assunto, podem fazer ao levantar julgamentos desse nível? As consequências da ação podem deixar marcas que pouco mudará com um pedido de perdão.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGIw5EiuvTvojh4tjOmUSsX_mzZSQBhfVziOPquTMCovCD4ZV2-1XAysOOwtiFV4m93yW9YhWenAMJomYW0e48zEy1z1NuSREBTF1VwAJgvmZcY9qQ2sZWnSO8TypoJUyq-oCPM8ukZ4nzy5NfoWqfsX6jGz3JKfdJGpphi-5OfhtKN--LuJjxH2FJ/s4000/IMG_20230214_152926.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGIw5EiuvTvojh4tjOmUSsX_mzZSQBhfVziOPquTMCovCD4ZV2-1XAysOOwtiFV4m93yW9YhWenAMJomYW0e48zEy1z1NuSREBTF1VwAJgvmZcY9qQ2sZWnSO8TypoJUyq-oCPM8ukZ4nzy5NfoWqfsX6jGz3JKfdJGpphi-5OfhtKN--LuJjxH2FJ/w640-h480/IMG_20230214_152926.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Em um narrativa dividida em capítulos curtos, Wierzchoswki conquista pela sua escrita mágica, uma linguagem rica navegando no passado de personagens marcados em uma fase de inocência e descobertas que levaram para a vida adulta. São pessoas marcadas pelos inúmeros "e se's", aquelas palavras não ditas que poderiam fazer toda a diferença na trajetória de qualquer pessoa. Um amor convincente, com oportunidade únicas mas deixadas passar e que jamais poderão ser resgatadas novamente.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>Na verdade, muitas experiências semelhantes nos esperavam ao longo da vida. Estávamos os dois fadados a sermos órfãos de mãe, por exemplo... Estávamos fadados a várias coisas, e talvez o nosso destino fosse um único caminho, que negamos, e negamos e negamos, trilhando a vida por veredas proibidas, complicando as coisas cada vez mais para nós mesmos. Mas como saber?139</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;"><b>'Os Getkas'</b> vaia além, ao trazer personagens feridos pelo holocausto e que também carregam dores maiores advindas de um período monstruoso em pesadelos atormentam mesmo estando acordado e muito distante daquele lugar.</p><p style="text-align: justify;">— O mesmo sonho, todas as noites, Halina... A Umschlagplatz... Há 25 anos que eu ouço o barulho daquele trem nos meus ouvidos. Nunca mais vi minha irmã. (61)</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRuGXfgBOAgitexri11TuvUvcSNrNV0B1RGlAsNEte7WiQJOelZbJgqchuShvhvNWyRhzrkmS3L5fRGJmOm0ylMOG3tEmc0STpC3aLsvXW799UVWu7e5VjhgbODp5wlPOIUjQ67oopoLTzRjinij39eRdtvDxQTjPL-kx7NvGS5DKwDfIjC7_zIgue/s4000/IMG_20230214_152856.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2321" data-original-width="4000" height="372" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRuGXfgBOAgitexri11TuvUvcSNrNV0B1RGlAsNEte7WiQJOelZbJgqchuShvhvNWyRhzrkmS3L5fRGJmOm0ylMOG3tEmc0STpC3aLsvXW799UVWu7e5VjhgbODp5wlPOIUjQ67oopoLTzRjinij39eRdtvDxQTjPL-kx7NvGS5DKwDfIjC7_zIgue/w640-h372/IMG_20230214_152856.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Trata-se de uma leitura, em muitas partes, triste e melancólica, mas que consegue envolver bem e trazer trechos não só liricamente bonitos, mas reflexivos que moldam esses personagens de sentimentos humanos.</p><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">~º~º~º~º~º~º~º~</h2><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h2><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: Os Getka | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Autor</b>: Leticia Wierzchowski | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Editora</b>: Record | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Edição</b>: 1 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ano</b>: 2010 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gênero</b>: Romance brasileiro | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Páginas</b>: 176 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">ISBN</b>: 9788501090140<br /><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 448</b></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-1313358728836373122023-03-06T17:09:00.008-03:002023-03-06T17:11:56.835-03:0013 conselhos para viver, por Gabriel García Márquez<p style="text-align: justify;"><b>Gabriel García Márquez</b> (1927-2014) foi um escritor colombiano, até hoje considerado um dos maiores autores latinos. Autor do livro “<i><b>Cem Anos de Solidão</b></i>” publicado em 1967. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, em 1982, pelo conjunto da obra. Gabriel García Márquez nasceu em Aracataca, Colômbia, no dia 6 de março de 1927 e faleceu em 2014, aos 87 anos. Se vivo, hoje completaria 96 anos.</p><p style="text-align: justify;"><b>Trazemos aqui, treze notas do autor com aprendizados sobre viver. </b></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh16HhzL7b_AQTVCeuJUAUzd-7oCLc2KTnbDT1B6YkCWvyZzG3EextMPRvNAQ3S-_DF5HxFeTpYtPsz-SkQtE9peMWwLAiK4pSs7_W6cJKYOVMzoyU2eLyPfqsa7uNxPwn69mF_Kh2ygzF60wLTGMHKTug9CutP2N7mslQV4Nip7PsyKfTazFNdBVzC/s2240/13%20linhas.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="1260" data-original-width="2240" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh16HhzL7b_AQTVCeuJUAUzd-7oCLc2KTnbDT1B6YkCWvyZzG3EextMPRvNAQ3S-_DF5HxFeTpYtPsz-SkQtE9peMWwLAiK4pSs7_W6cJKYOVMzoyU2eLyPfqsa7uNxPwn69mF_Kh2ygzF60wLTGMHKTug9CutP2N7mslQV4Nip7PsyKfTazFNdBVzC/w640-h360/13%20linhas.png" width="640" /></a></p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><b>1. Gosto de você não por quem você é, mas por quem sou quando estou contigo. </b></li><li><b>2. Ninguém merece tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar. </b></li><li><b>3. Só porque alguém não te ama como você quer, não significa que este alguém não te ame com todo o seu ser. </b></li><li><b>4. Um verdadeiro amigo é quem te pega pela mão e te toca o coração. </b></li><li><b>5. A pior forma de sentir falta de alguém é estar sentado a seu lado e saber que nunca vai poder tê-lo. </b></li><li><b>6. Nunca deixes de sorrir, nem mesmo quando estiveres triste, porque nunca se sabe quem pode se apaixonar por teu sorriso. </b></li><li><b>7. Pode ser que você seja somente uma pessoa para o mundo, mas para uma pessoa você seja o mundo. 8. Não passes o tempo com alguém que não esteja disposto a passar o tempo contigo. </b></li><li><b>9. Quem sabe Deus queira que você conheça muita gente errada antes que conheças a pessoa certa, para que quando afinal conheças esta pessoa saibas estar agradecido. </b></li><li><b>10. Não chores porque já terminou, sorria porque aconteceu. </b></li><li><b>11. Sempre haverá gente que te machuque, assim que o que você tem que fazer é seguir confiando e só ser mais cuidadoso em quem você confia duas vezes. </b></li><li><b>12. Converta-se em uma pessoa melhor e tenha certeza de saber quem você é antes de conhecer alguém e esperar que essa pessoa saiba quem você é. </b></li><li><b>13. Não se esforce tanto, as melhores coisas acontecem quando menos esperamos. Gabriel García Márquez.</b></li></ul><p></p><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: right; vertical-align: baseline;"><span style="background: 0px 0px; border: 0px; font-size: x-small; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><i style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="color: #656565;">Fonte: </span><span style="color: #fa4c2a;"><a href="https://www.pensador.com/frase/Mzc1MDM4/" target="_blank">O pensador</a></span></i></span></div><div><i style="background: 0px 0px; border: 0px; font-size: small; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><br /></i></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-6885249284032760522023-02-24T17:22:00.003-03:002023-02-24T18:08:00.510-03:00Céus e Terra, de Franklin Carvalho<div style="text-align: justify;"><b>Vencedor do Prêmio Sesc de Literatura </b>na categoria romance em 2016, Céus e Terra é uma obra escrita pelo autor baiano <b>Franklin Carvalho</b> que navega por três mortes no ano de 1974; a de um menino, um lavrador e um cigano. Na introdução ainda é relatado que haverá um caso de desaparecimento, mas, como narrado, "<i>desaparecimento não é morte</i>", não havendo mais dores nesse sentido ao fim da leitura.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLFbHg6eWGmUdH1oXTBME9qgXOt1b_urXBp3wxzQpaz2yRMlxH8Io8m0TLQn6FdwoR9EgX-vVxDZeBrTOECl1JXRlFzkYFVsROfrNTT6Mrw-s4mMee2vTqXrIWn8Rlbm6O8zz55ZPs40MRAtS9nkMXF56RcpT5U7UL6RWXoEwiE88ct_hepWwfqb2A/s4000/IMG_20230214_152628.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLFbHg6eWGmUdH1oXTBME9qgXOt1b_urXBp3wxzQpaz2yRMlxH8Io8m0TLQn6FdwoR9EgX-vVxDZeBrTOECl1JXRlFzkYFVsROfrNTT6Mrw-s4mMee2vTqXrIWn8Rlbm6O8zz55ZPs40MRAtS9nkMXF56RcpT5U7UL6RWXoEwiE88ct_hepWwfqb2A/w640-h480/IMG_20230214_152628.jpg" width="640" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O menino que encontramos aqui se chama Galego, tem doze anos e é filho de família pobre que, acidentalmente, logo nas primeiras páginas do romance, tem sua cabeça decapitada quando dá de encontro com o cigano que foi crucificado. É a partir de então que Galego, em sua condição de fantasma, navega por esse vilarejo do sertão, passando a acompanhar as famílias, suas perdas e ganhos, as transformações do lugar e as diversões pela chegado do circo.</div></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div></div></div><blockquote><div style="text-align: justify;"><div>Estava muito sozinho e sem saber ainda qualquer coisa sobre o meu destino, meu futuro, sem outra pessoa para me escorar, sem perdão nem elogio, estava nu e com frio. Parecia aqueles meninos amarelos e catarrentos que zanzam pelas ruas sem banho e sem educação, mas mesmo eles as mães vinham buscá-los vez em quando, são lembrados pelas famílias. Eu, não, vivia inchado de sereno e se tivesse sangue até piolhos viriam me consumir. (p. 34)</div></div><div style="text-align: justify;"></div></blockquote><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Filho de família humilde, vemos como essa condição é fundamental para que o menino Galego, desde cedo, fosse um faz tudo para a família da madrinha com seus cinco filhos em troca de um prato de comida. Limpar penicos, tirar e carregar água de poço, ariar panelas, ordenhar gado, consertar poleiros eram algumas de suas atividades rotineiras, quando no principio tinha sido "acolhido" com a promessa de receber o mesmo tratamento dos filhos da madrinha. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Com alguns acontecimentos "milagrosos", os moradores locais associam um salvamento como intervenção divina do garoto, a quem, alguns, passam a fazer orações e pedidos. Mas como um menino do sertão, sem bem saber de sua condição de morto, sem nem ao menos ter conseguido escapar da própria morte, poderia ajudar as preces que ouve?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEUk_Mcg9lLNfzktx3j8-Ppv2tI69B2ChBH8tT7MylyESxvBnZtgo0AoITpEPanxU6aYUmK8Msn544EDtA_e5n_-MyFfDQtfuGnsCvxVlzDFdpwSxooqGvqZaFDicE0KYzcbAUazyjXjng3k1-HP8ssNIcTQSPQFJWh-J0DttMJs35XHEDDgTtNMJn/s4000/IMG_20230214_152656.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEUk_Mcg9lLNfzktx3j8-Ppv2tI69B2ChBH8tT7MylyESxvBnZtgo0AoITpEPanxU6aYUmK8Msn544EDtA_e5n_-MyFfDQtfuGnsCvxVlzDFdpwSxooqGvqZaFDicE0KYzcbAUazyjXjng3k1-HP8ssNIcTQSPQFJWh-J0DttMJs35XHEDDgTtNMJn/w640-h480/IMG_20230214_152656.jpg" width="640" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Céus e Terra é um livro extremamente bem escrito, por um autor que já tem segurança e habilidade sobre seu oficio. Sua narrativa, em primeira pessoa, sob o aspecto de um menino, convence o leitor que segue acompanhando através de seu olhar onipresente os acontecimentos que nos são não apenas relatados, mas observados com a curiosidade de alguém que apesar de morto, ainda está aprendendo o que é a vida. É suave e interessante como ele vai pulando de uma família à outra, envolvendo aspectos do regionalismo com valores culturais e sociais da região nordeste, e vamos seguindo como se estivéssemos em viagem no mesmo o pau de arara.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div>As personagens de Céus e Terra são pessoas simples, comuns em seus desejos de estarem onde estão. Homens com sonhos de possuir carro e emprego decente. Aprendendo a domar os animais e as artes de cultivar a terra. E mulheres que não querem ser mal faladas, buscam casamento e vivem suas funções de esposas, continuando na condição mesmo quando enviúvam. Pessoas que trocam favores para satisfazer suas necessidades, sejam carência de afeto, sexual ou alimentar a fome para a sobrevivência.</div><div><br /></div><div><div></div><blockquote><div>Ao longo dos anos, dona Amélia, solitária, já de cabelos brancos, acabaria retendo a essência, o peixe no espelho: as mulheres são solitárias. As mulheres estão tão condenadas à solidão que, sendo grande o número de mulheres, parece que há ainda um número maior de solitárias. Onde há mulheres famintas, a solidão é maior que a fome, onde há mulheres dolorosas, a solidão é maior que a dor, e onde há delas desesperadas ou alegres, há mais solidão do que mulheres rindo. (p. 191)</div><div></div></blockquote><div><br /></div></div></div><div style="text-align: justify;">Como bem sabemos ao inicio da leitura, a obra vai falar de morte (intrinsecamente ligada com religião), essa que poderíamos chamar de entidade, causadora de medo, motivo de inúmeras perguntas, muitas delas nunca respondidas. Mas muito longe de cair num lugar comum de um sofrimento lamurioso, porque para aquelas criaturas que praticamente quase não possuem nome, o esquecimento é sempre mais ligeiro, sua ausência em essência enquanto pessoa humana só é sentida na condição de sua função, o quanto era útil, enquanto nos afetos, bem... é outra história.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTdgiCeTq__Z0lMB4Piy7GGSXI_NF0lulCqmVy4cbp1_AOXwYmODT3YVJUjT--BsYTUkwfm30fm61sIXzrbiQbocNKFuJQ4l_7a3vyrTQCEFy2HubPLxlsMbR72mO7BXcOS-x101gWc084gFaHcJhFwhyUhnZ20nJ-nF1M5gZgE7FET1cwt3xeIxWD/s3967/IMG_20230214_152708.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2645" data-original-width="3967" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTdgiCeTq__Z0lMB4Piy7GGSXI_NF0lulCqmVy4cbp1_AOXwYmODT3YVJUjT--BsYTUkwfm30fm61sIXzrbiQbocNKFuJQ4l_7a3vyrTQCEFy2HubPLxlsMbR72mO7BXcOS-x101gWc084gFaHcJhFwhyUhnZ20nJ-nF1M5gZgE7FET1cwt3xeIxWD/w640-h426/IMG_20230214_152708.jpg" width="640" /></a></div><div style="text-align: justify;"><blockquote><div>'Todas as identidades se perdem, e não há dor nenhuma nisso, porque também a morte é esquecida. E também some desse mundo, como todo dia somem coisas enormes e desaparecem pessoas numa quantidade que escandalizaria até os mais céticos, se alguém soubesse como calcular." p. 205</div><div></div></blockquote><div><br /></div></div><div style="text-align: justify;"><div>Franklin Carvalho escreveu um belo romance, lírico, poético e digno do prêmio que recebeu, condensando grandes questionamentos universais num pequeno vilarejo sertanejo. Certamente, um autor para acompanhar.</div><div><br /></div><h3 style="text-align: center;">x~x~x~x~x~x~x~x</h3><div><br /></div><h2 style="text-align: center;">Ficha técnica: </h2><div style="text-align: center;"><b>Título</b>: Céus e Terra | <b>Autor</b>: Franklin Carvalho | <b>Editora</b>: Record | <b>Edição</b>: 1 | <b>Ano</b>: 2016 | <b>Gênero</b>: Romance brasileiro | <b>Páginas</b>: 208 | <b>ISBN</b>: 9788501107732<br /><b>Resenha de número: 447</b></div></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-45093066880005618382023-02-14T15:47:00.007-03:002023-02-15T14:37:40.694-03:00Entregas expressas da Kiki, de Eiko Kadono com ilustrações de Daniel Kondo<p style="text-align: justify;">Há momentos em que queremos uma leitura leve e aconchegante para fugir da realidade e aquecer o coração. <b>'As entregas expressas da Kiki'</b> é um livro que tem essa capacidade.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>— Por favor, não precisa gritar. Entrego de todos os cantos. Daqui para lá, de lá para cá — respondeu Kiki, em tom impessoal. (p.189)</blockquote><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAxCmcZzIN8ZA5FQo_aS26oNqs1pWg1gtwLpG8xQJtpcoXy1cU6WY15lrAdW5J8t4H_fWugDkpqr-5tTTiBWl86YTWK0ext7_oMstAUTTnoH849XmYG7KLVrJTAXzXQWf3dXIctmWALNMCAiSNBcgTN8UlwWLyqmFSSO8_iWNJZE0JL7k3iNcmCp_g/s4000/IMG_20230214_153218.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAxCmcZzIN8ZA5FQo_aS26oNqs1pWg1gtwLpG8xQJtpcoXy1cU6WY15lrAdW5J8t4H_fWugDkpqr-5tTTiBWl86YTWK0ext7_oMstAUTTnoH849XmYG7KLVrJTAXzXQWf3dXIctmWALNMCAiSNBcgTN8UlwWLyqmFSSO8_iWNJZE0JL7k3iNcmCp_g/w640-h480/IMG_20230214_153218.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Escrito originalmente em 1985 pela autora japonesa Eiko Kanodo, este livro traz como protagonista a personagem Kiki, uma jovem prestes a enfrentar as consequências de se completar 13 anos de idade em sua comunidade. Isso porque ela é filha de bruxa e bem como os judeus passam pelo Bar e Bat Mitzvah ao completarem certa idade, a família de Kiki também tem seu ritual de passagem de uma fase da vida para outra. É a partir dos dez anos que ela decide se quer ou não seguir na bruxaria e, assim como aconteceu com sua genitora, a Sr.ª Kokiri, as bruxas saem pelo mundo a fim de encontrar um lugar para viver sozinha e explorar os seus dons, mas antes recebe todo o treinamento materno.</div><p style="text-align: justify;">É numa noite de lua cheia, junto ao seu falante e sarcástico gato preto Jiji e a vassoura que herdou de sua mãe que Kiki sai pelos céus ao encontro do desconhecido e encontrará diversas aventuras com a ajuda de novos amigos e uma cidade que estava precisando da presença de uma bruxinha ainda inexperiente tentando encontrar utilidade para seus dons.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_A5CJ2q7CZ518tBZC_plmkxd1oI9DgO7QIktFxlxTsgoc098UIuND_GxbFW4twWpgFl6fY3HNdYB2WhnhIFld_QwfqXtkgkG0CXlkxxDSEYnsXu6Tq385MgtnBsFAtXe_hs5Kj7-43as_ETZ5JlEOq5uuW9rINIcQaLeuGl3V6YCBwQuq_pveyQw_/s4000/IMG_20230214_153814.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_A5CJ2q7CZ518tBZC_plmkxd1oI9DgO7QIktFxlxTsgoc098UIuND_GxbFW4twWpgFl6fY3HNdYB2WhnhIFld_QwfqXtkgkG0CXlkxxDSEYnsXu6Tq385MgtnBsFAtXe_hs5Kj7-43as_ETZ5JlEOq5uuW9rINIcQaLeuGl3V6YCBwQuq_pveyQw_/w640-h480/IMG_20230214_153814.jpg" width="640" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRKx_aQjh0TAZjaNU7L_lvgXe5sliyiuIkf2KyuLy-beO-fh-cdV7mBYhJb0K1t8oP1bp8cc-KSvyr4fh8HXZ2xV8UMfAK51J-tIDahp3zBW4_J2ESb_CTO38Z5PX-I13eX2TdybtoHy7gzaTplpBDf4kWQ37tHBppb-MsCvcyMN3Tf1XO2cImP3nm/s4000/IMG_20230214_153251.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRKx_aQjh0TAZjaNU7L_lvgXe5sliyiuIkf2KyuLy-beO-fh-cdV7mBYhJb0K1t8oP1bp8cc-KSvyr4fh8HXZ2xV8UMfAK51J-tIDahp3zBW4_J2ESb_CTO38Z5PX-I13eX2TdybtoHy7gzaTplpBDf4kWQ37tHBppb-MsCvcyMN3Tf1XO2cImP3nm/w640-h480/IMG_20230214_153251.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Com uma linguagem fluida e bem divertida, este certamente é um livro que agradará todas as gerações. Ao longo do livro vamos acompanhando a evolução de <b>Kiki </b>em meio a um mundo de novidades, tendo uma estrutura narrativa voltada as entregas que ela vai realizando ao longo do livro, pois é nessa atividade que ela começa a se enxergar como útil a comunidade que resolveu acolher como lar. Aliás, antes da chegada da Kiki ao lugar, ela via tudo como mecânico, como se as pessoas apressadas nem ligassem umas com as outras, o que vai sendo quebrado com o continuar da leitura.</p><p style="text-align: justify;">A disposição que a jovem bruxa tem para se prontificar a ajudar mostra sua preocupação em fazer tudo certo, agradar a todos. Em algumas passagens mostra-se de boa índole com sua sinceridade, porém também revela ser humana ao declinar para o sentimento de inveja que lhe trará uma lição para a vida e uma amiga. Ela descobrirá também que nem tudo que lhe pedem é digno de ser feito só porque ela pode fazer.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzl7qiyGCH99nOilJtM5gPfRiYDXPXZHw_F7UXL9eiYMX5teRHXDGcOjMYtlVcG5e1M81F-W1xxd6FR6Q-ZQrMHLz9iIsN2xxVZ_aBIJ_9a0A3VMJfGNQrcyXAI-HOhi-Y8ldXF6Bn-3CPmLLvyYhObYDfFtd84n7-BMDfu1VN9eq3uPXgGPTIyie0/s4000/IMG_20230214_153233.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzl7qiyGCH99nOilJtM5gPfRiYDXPXZHw_F7UXL9eiYMX5teRHXDGcOjMYtlVcG5e1M81F-W1xxd6FR6Q-ZQrMHLz9iIsN2xxVZ_aBIJ_9a0A3VMJfGNQrcyXAI-HOhi-Y8ldXF6Bn-3CPmLLvyYhObYDfFtd84n7-BMDfu1VN9eq3uPXgGPTIyie0/w640-h480/IMG_20230214_153233.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>— Nunca dizer “não” ao ser solicitada. (p.50</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Aqui temos uma quebra da máxima de que <b>as bruxas são más</b> com uma personagem carismática, ajudando os outros mas também amadurecendo num processo de constante evolução, aprendendo a valorizar e a importância de seguir as suas tradições.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>— Que triste. Por que inventaram que bruxas só trazem problemas?<br />— É porque não conhecem — disse Jiji, com ar de quem sabe do que fala.<br />— É isso. Não sabem que bruxas nunca fizeram maldade. Coisas estranhas, sim… Mas as pessoas rotulam como mal o que não compreendem. Eu achava que era crendice do passado… (p.74)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Por ser voltado ao publico infantil, é natural que a obra tenha mais diálogos e não muitas descrições, por outro lado é dosado na medida certa para não ser tão profundo ao ponto de enfadar os novos leitores, nem muito raso para conseguir conquistar o leitor mais maduro e transmitir a magia do todo.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>— Sabe, mamãe, estive pensando que as bruxas não podem viver só voando. Claro, tenho de voar para entregas urgentes… mas, acho bom caminhar de vez em quando. Quando caminhamos encontramos pessoas diferentes e acabamos conversando, não é? Conheci a dona Osono enquanto andava para espantar a tristeza… Se estivesse voando, não sei o que teria acontecido. E, quando alguém vê uma bruxa de perto, percebe que não temos o nariz pontudo, nem a boca enorme. Na conversa a gente se entende… (p. 230)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;"><b>'Entregas Expressas da Kiki' </b>é um clássico da literatura infantil japonesa, com quase quarenta anos de lançamento. Porém, nunca havia sido traduzido para o português, embora a autora tenha passado uma temporada vivendo no Brasil e esta obra tenha servido de base para a animação (<b>'O Serviço de Entregas da Kiki'</b>) dos <b>Estúdios Ghibli</b>. É possível que muitos nem saibam da origem do filme, mas é possível encontra no livro aspectos e situações que foram supridas para se adequarem a linguagem cinematográfica, o que não torna as duas experiencias excludentes. Ambas são graciosas à sua maneira.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcOPJrMtN4uW5jFp3ExNPX-GWdwTOi3UsWXbX720vabZxqzeOoHvkx9p-EqrQrW5gpOdl7iTqtgCI-ULyHZvvV7KZkrfP-G8t96PnYMTNyjGsjcRlvqdo-ccOd-v9YRyboxo-jJ0A3xHci9u-nPgjsW9nE17foEIi9un3Scmwql5ncBmtBtV8-YK2G/s4000/IMG_20230214_153314.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcOPJrMtN4uW5jFp3ExNPX-GWdwTOi3UsWXbX720vabZxqzeOoHvkx9p-EqrQrW5gpOdl7iTqtgCI-ULyHZvvV7KZkrfP-G8t96PnYMTNyjGsjcRlvqdo-ccOd-v9YRyboxo-jJ0A3xHci9u-nPgjsW9nE17foEIi9un3Scmwql5ncBmtBtV8-YK2G/w640-h480/IMG_20230214_153314.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">A edição física esta caprichada, com riquíssimas ilustrações do <b>Daniel Kondo</b> que destoam positivamente do traço vindo da animação. A diagramação é confortável com fonte em azul e ainda acompanha o marcador de páginas. Que a editora Estação Liberdade possa nos agraciar trazendo os demais livros da autora, ainda mais sendo este o primeiro de uma série com seis livros. </p><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">º~º~º~º~º~º~ </h2><h1 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h1><p style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: Entregas expressas da Kiki | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Autor</b>: Eiko Kadono | Tradução: Lúcia Hiratsuka | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Editora</b>: Estação Liberdade | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Edição</b>: 1 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ano</b>: 2021 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gênero</b>: Literatura japonesa / literatura Infanto-Juvenil | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Páginas</b>: 236 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">ISBN</b>: 9786586068221</p><h3 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 21px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 449</h3>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-27439592146913327412023-02-08T15:43:00.013-03:002023-02-08T16:32:37.899-03:00É caminhando que se faz o caminho, de Thélio Queiroz Farias<p style="text-align: justify;">Ao longo da história, o ser humano foi criando <b>sistemas de escritas</b>. A principio ilustrações cheias de significados deixadas nas paredes de cavernas, posteriormente cuneiformes mesopotâmicos, hieróglifos egípcios e atual alfabeto latino. As plataformas foram diversas, de tabuletas de argila, a óstraco de cerâmica, papiro de planta, até chegarmos aos papeis que conhecemos hoje. Fato é que o surgimento da escrita é um marco na evolução humana, isso não só transformou a forma de comunicação, como possibilitou o registro físico dos costumes e vivências. Aliado às explorações, surgiram então os diários de viagens onde, os navegantes e exploradores, relatavam as excursões mundanas e o que aprendiam. </p><p style="text-align: justify;">Fascinados pelo novo, esse tipo de relato passou por transformações e a ser enquadrado num gênero literário chamado <b>Literatura de Viagem</b>. Não se trata da pura ação de registra uma jornada tecnicamente, mas engloba prosa, poesia, crônica, podendo ou não mesclar o relato não ficcional com a ficção. Exemplos disso são os 'Poemas escritos na índia', de <b>Cecilia Meireles</b>, 'Relato de um náufrago', do <b>Gabriel García Márquez</b>, 'As viagens' de Marco Polo, 'Paris é uma festa', de <b>Ernest Hemingway</b>, 'A arte de viajar', de <b>Alain de Botton</b>, 'Amazônia: Um paraíso perdido', de <b>Euclides da Cunha</b>, 'Viagem a Portugal', de <b>José Saramago</b>, as obras de <b>Aírton Ortiz</b>... <i>ad infinitum.</i> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidDqvCllKpm932UUQwYJ7kq3KKmSbToCy9PBoaG05KVh6YpP-VOtgttXixWq68z-1fFpIsOV92kxg710tACSG-HqkavHDcWlS9NdTnA3fFRHE3AEyp-Ubzv5GSR7-1hB63kLeqpO8TocZv-XxTAMgLpS6PWGH2vVVJXGV6erX1ENCQOrm4T-RLbB3_/s3296/IMG_20230208_143917.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2195" data-original-width="3296" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidDqvCllKpm932UUQwYJ7kq3KKmSbToCy9PBoaG05KVh6YpP-VOtgttXixWq68z-1fFpIsOV92kxg710tACSG-HqkavHDcWlS9NdTnA3fFRHE3AEyp-Ubzv5GSR7-1hB63kLeqpO8TocZv-XxTAMgLpS6PWGH2vVVJXGV6erX1ENCQOrm4T-RLbB3_/w640-h426/IMG_20230208_143917.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">'<b>É caminhando que se faz o caminho</b>', do escritor paraibano <b>Thélio Queiroz Farias</b>, também é um dos que se enquadram no gênero narrativas de viagens. Fruto das experiências de andanças pelo mundo no decurso de sua vida, o autor se volta para cada ponto dos continentes visitados (África, Ásia, Europa, Oceania, América), se valendo dos mais diversos meios de transpostas, para detalhar emocionadamente, de forma geral, o que melhor conheceu. </p><p style="text-align: justify;">Através de seus escritos, entramos pela burocracia da sala de embarque para dar partida em suas contemplações pelo mundo. Viajamos pelo o horror do campo de concentração de <b>Auschwitz</b>, na <b>Polônia</b>; uma hospedagem num fusca transformado no menor hotel do mundo, na <b>Jordânia</b>; alguns drinks no <i>Carousel Bar,</i> único bar giratório de Nova Orleans, nos <b>Estados Unidos</b>; visitamos Fundação <b>José Saramago</b>, em <b>Portugal</b>, com direito a simpático encontro com a esposa do escritor, <b>Pilar del Rio</b>; já Brasil, a visita a casa de <b>Jorge Amado</b> e ao livreiro manauara que tem como cliente o escritor <b>Milton Hatoum</b>... entre tantos outros lugares interessantes, dirigindo ao final o olhar para suas origens, quando escreve um belo e completo perfil da cidade de <b>Campina Grande</b>, na Paraíba, inflamado pela célebre frase de <b>Tolstói</b>: "<i>para ser universal é necessário falar de tua aldeia</i>".</p><p style="text-align: justify;">Apesar de não se tratar de um guia turístico (no sentido mais estrito), as crônicas aqui dispostas são ricas em informações e curiosidades, podendo ou não serem dicas seguidas pelo leitor que quiser se aventurar pelo mesmo percurso, mas o grande diferencial, além disso, é que se tratam das experiência únicas vivenciadas pelo autor: sua felicidade diante do sorriso largo dos <b>cubanos</b>, o sentimento de claustrofobia nos túneis <b>vietnamitas</b>, os deslumbramentos no '<a href="https://www.gardensbythebay.com.sg/">Garden by the bay</a>', a comoção pela generosidade dos <b>jordaniano</b>, a surpresa por ser presenteado com LIVROS por um LIVREIRO, entre tantos outros que tocará aqueles que também são "<b>refém dos afetos</b>".</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfA8a1rTz6Jzb0nhLxz2VUAteDtewkqOS1NNeMwuQJNfxC9MhH4J8tP_FNQ9DL611GtGl7mHxEgq1YpHa5rpWZPzAvEiwIxHjcBfFSXaz1A2Hg0U4Dp89Inir3Ry11h-oi7_iSks8R2KvRzOvqfBo-RqPctZRdxYKCPKPleng7C8nNqRGwRKg2qEIy/s2667/IMG_20230208_144038.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1999" data-original-width="2667" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfA8a1rTz6Jzb0nhLxz2VUAteDtewkqOS1NNeMwuQJNfxC9MhH4J8tP_FNQ9DL611GtGl7mHxEgq1YpHa5rpWZPzAvEiwIxHjcBfFSXaz1A2Hg0U4Dp89Inir3Ry11h-oi7_iSks8R2KvRzOvqfBo-RqPctZRdxYKCPKPleng7C8nNqRGwRKg2qEIy/w640-h480/IMG_20230208_144038.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Este livros, aliás, não é apenas sobre lugares, contudo é fundamentalmente sobre nativos e estrangeiros, chegando o próprio autor a conclusão de que o melhor dos lugares são as pessoas, responsáveis essas por diminuírem as distâncias fronteiriças por meio do simpatia, do <b>afeto</b>, e despertam a crença de que na verdade somos um povo só, próximos apesar das diferentes culturas e os conflitos guardados. </p><p style="text-align: justify;">Sendo <b>Thélio Queiroz Farias</b> leitor ávido e titular da cadeira de nº 23 da Academia de Letras de Campina Grande, embarcar em sua obra significa realizar uma viagem dupla. A primeira pelas paisagens e lugares narrados com rica em paixão; a segunda através da literatura citada pelo autor e que muito acrescenta ao texto. Aqui, ele nos mostra como a literatura está ligada aos lugares, histórias e relatos, abarcando com maestria todas as suas <b>referências</b>. Dificilmente saímos sem algumas leituras anotadas para "viajar".</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOrD7tieJq2gdW1inNqTcuAj5O463NEqQI6h5zJJKJw1C61vTIqLngSJAPoNghcxvv4TYjRhGnB1wleZvm8LHAUnvrwD6oi1lhuL2xzj1XlO-DR-MB4XJEE7tZoHQv4lpW1fqBH9Q0y8bfllI0bFdrylg2GXpDRWBHVIhde-Bf7mrpl6oB2JWml33J/s3002/IMG_20230208_143939.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2250" data-original-width="3002" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOrD7tieJq2gdW1inNqTcuAj5O463NEqQI6h5zJJKJw1C61vTIqLngSJAPoNghcxvv4TYjRhGnB1wleZvm8LHAUnvrwD6oi1lhuL2xzj1XlO-DR-MB4XJEE7tZoHQv4lpW1fqBH9Q0y8bfllI0bFdrylg2GXpDRWBHVIhde-Bf7mrpl6oB2JWml33J/w640-h480/IMG_20230208_143939.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Com apresentação do escritor português <b>José Luis de Peixoto</b>, e textos extras do professor e escritor paraibano José Mário da Silva e da escritora e artista plástica Paloma Jorge Amado (filha do autor de <b>Capitães de Areia</b>), o livro conta com uma edição gráfica de muito bom gosto e alta qualidade, ricamente ilustrado com fotografias dos pontos visitados. <b>Bem como característica dos relatos de viagens, é através de livros como 'É caminhando que se faz o caminho' que vamos compreendendo o outro e a imensidão do mundo, num sentimento de que estávamos compartilhando a mesma jornada que o autor.</b></p><h2 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">º~º~º~º~º~º~ </h2><h1 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 24px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h1><p style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: É caminhando que se faz o caminho | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Autor</b>: Thélio Queiroz Farias | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Editora</b>: Jaguatirica | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Edição</b>: 1 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Ano</b>: 2022| <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Gênero</b>: Crônica / literatura de viagem | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Páginas</b>: 208 | <b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">ISBN</b>: 9786586324853</p><h3 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 21px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 448</h3>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-45996866047594345042023-02-06T19:03:00.003-03:002023-02-11T16:51:54.961-03:00Um homem chamado ove, de Frederik Backman<p style="text-align: justify;">Quando, em meados de <b>2015 a editora Alfaguara</b> trazia a obra do sueco<b> Frederik Backman</b>, pouco se falava no Brasil sobre esse autor que posteriormente emplacaria outros sucessos na lista de livros mais vendidos. À época <b>Um homem chamado ove</b> já era um grande best-seller com mais de<b> 650 mil exemplares vendidos </b>e uma adaptação lançada na Suécia. Logo nos questionamos o que será que havia de tão espetacular para tanto sucesso?</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidaOVd9tIj3xLIf1-ZcFH-XV7_gTBziAROs-Cb6XtccCXzjpmrjXq9tPAGk_81ZdhH2W5mHq_oCxRUWjTi0zlKpdbnyNCkR3Boc4LLPrK3THIAly1y0wdGXlQtRHXzPjyajpV41fAUfgvkCaA-EkXsxMh9CWSkz84DFVIJDeVZxF4AhJSwsMHJNwHC/s4000/IMG_20230206_181925.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidaOVd9tIj3xLIf1-ZcFH-XV7_gTBziAROs-Cb6XtccCXzjpmrjXq9tPAGk_81ZdhH2W5mHq_oCxRUWjTi0zlKpdbnyNCkR3Boc4LLPrK3THIAly1y0wdGXlQtRHXzPjyajpV41fAUfgvkCaA-EkXsxMh9CWSkz84DFVIJDeVZxF4AhJSwsMHJNwHC/w640-h480/IMG_20230206_181925.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><b>Na obra encontramos Ove,</b> um senhor metódico de 59 anos de idade que teve a sua vida marcada entre o antes e o depois da chegada de sua esposa, a qual tinha grande estima. Tinha, isso porque, após uma luta perdida de quatro anos, sua esposa Sonja faleceu vitima do câncer. Uma dor profunda se alastrou no peito de Ove e a vida para ele perdeu o sentido, uma vez que vivia em função de <b>Sonja </b>e com quem compartilhava praticamente tudo. </p><p style="text-align: justify;">O senhor vive num condomínio cheio de regras que faz de tudo para que os outros sigam para manter a harmonia do local. Foi ali que ele construiu a vida com Sonja, sua residência e o relacionamento de amizade e desentendimentos com os vizinhos. <b>Pela grande dor e estar solitário, ele decide que irá tirar a própria vida e acabar com o sofrimento</b>, porém, descobrirá que nem sempre conseguimos alcançar alguns objetivos e que novas relações podem construir motivos para seguir em frente.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN4hawOYyvj5xGMd9bWj7l_1M-bUqBwsNABSi9G8cFCSEJTdBZ7XzrP4iXyyhJE73XdiZa_Hj6MqcoDzJSeqWxrlcrajeR-n-kObb_F4yffqN5S012NO9RtUCp7KiJ8Lt-LnoH2hhyhhSG2iomDiYHMaMSQasam48kn6EsxHg8f7OafWKFTK8YJXgp/s4000/IMG_20230206_182248.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2667" data-original-width="4000" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN4hawOYyvj5xGMd9bWj7l_1M-bUqBwsNABSi9G8cFCSEJTdBZ7XzrP4iXyyhJE73XdiZa_Hj6MqcoDzJSeqWxrlcrajeR-n-kObb_F4yffqN5S012NO9RtUCp7KiJ8Lt-LnoH2hhyhhSG2iomDiYHMaMSQasam48kn6EsxHg8f7OafWKFTK8YJXgp/w640-h426/IMG_20230206_182248.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Ove é um homem de muitas vivências. Ao longo do romance percebemos sua paixão por carros, característica essa que o faz amar a marca Saab e julgar a personalidade dos outros somente pelo modelo de carros que possuem. Da mesma forma não quer ser passado para trás e tenta se atualizar em relação a tecnologia. Ele também dá muito valor aos trabalhos manuais e a sabedoria que é passada de geração para geração. É por isso que Ove sempre está sendo chamado para trabalhos de reparação domestica, trocar um pneu e até mesmo estacionar um carro corretamente. <b>Há aqui uma forte critica a fragilidade e falta de conhecimentos técnicos que as novas gerações possuem</b> e que mostrará ao nosso personagem que ele, apesar da idade e da falta da esposa, ainda pode ser muito útil para os que estão à sua volta. <b>Um gato</b> e a recém chegada de uma família iraniana na vizinhança construirão laços com um senhor que havia perdido o desejo de viver.</p><p style="text-align: justify;"><b>O luto em Um homem chamado Ove é um tema central</b>, porém, apesar de ser uma assunto tabu e muito melancólico, é perceptível a capacidade do autor em fugir do comum e ir por um caminho que não torna a leitura extremamente triste ou tocante no sentido de nos deixar para baixo. Mas muito pelo contrário, o autor na maioria das vezes vai pelo lado da descontração para mostrar que, apesar da idade avançada, apesar das perdas que vamos tendo ao longo da vida, é possível sim se apegar a novas perspectivas, à novos laços para dar continuidade a nossa existência. E principalmente encontrar pontos em nós mesmos de utilidade para <b>não nos sentirmos inúteis</b> e sem ter como contribuir para a sociedade de forma geral. Isso porque existe a falsa crença de que pessoas, quando chegam a uma determinada idade, estão fadadas apenas a serem colocadas de forma isolada em asilos, o que dão a entender que elas não têm mais serventia e as excluindo da sociedade; o que nem sempre é uma das melhores opções.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivy1YE5F4tfr9G6G4jQwQjV-_WVnZ050ZHZgmgDghwqOKDbGPCEqd6Hy9Mi9ohh_pUNeOYbuNMdwMzeIaBS5fJsj2oMaqnaClUB0Rkv-dGlw_h2WZ_B6dYECE5EBo0BrAD9WGR9YMUFqSC2kx-xcGL4lh1vl7xygyZ53VaDSlElsSnNlK69Kvb6wjr/s3717/IMG_20230206_182050.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2478" data-original-width="3717" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivy1YE5F4tfr9G6G4jQwQjV-_WVnZ050ZHZgmgDghwqOKDbGPCEqd6Hy9Mi9ohh_pUNeOYbuNMdwMzeIaBS5fJsj2oMaqnaClUB0Rkv-dGlw_h2WZ_B6dYECE5EBo0BrAD9WGR9YMUFqSC2kx-xcGL4lh1vl7xygyZ53VaDSlElsSnNlK69Kvb6wjr/w640-h426/IMG_20230206_182050.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Ove é daqueles idoso rabugentos que trata os outros com aversão, quer estar na sua, mas que nunca se nega a ajudar quando é chamado, uma espécie de personagem que criou para si a fim de esconder o seu real interior, uma pessoa, que apesar de tudo, tem <b>um bom coração</b> e nos envolve com o sentimento de que já é um bom e velho amigo.</p><p style="text-align: justify;">É uma narrativa bonita, singela e tocante da melhor forma possível, além de tudo o autor fez uma história redonda, nos imergimos na vida do personagem por inteiro e saímos dela com a sensação de que foi uma vivência rica e que deixou sua marca na vida dos outros a sua volta.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVGw4UDNXBMVaT2UTcuzhK2msJN0X5ppOs6m6_23UbyYiKhSPH9vz8LIWAOpTp6_8ZlC0XqIkm9uQomzaBZf9cUGGMhnvVv7rDdqoLddzz_93X9fqGnsdukBiP79x5Nsf9tm3F2Oav6oUmRDqByikFl7gqu8z5lquO_3_anHYWArliDnR2OC8KEwHf/s4000/IMG_20230206_182123.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2667" data-original-width="4000" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVGw4UDNXBMVaT2UTcuzhK2msJN0X5ppOs6m6_23UbyYiKhSPH9vz8LIWAOpTp6_8ZlC0XqIkm9uQomzaBZf9cUGGMhnvVv7rDdqoLddzz_93X9fqGnsdukBiP79x5Nsf9tm3F2Oav6oUmRDqByikFl7gqu8z5lquO_3_anHYWArliDnR2OC8KEwHf/w640-h426/IMG_20230206_182123.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">A título de curiosidade, este romance foi <b>adaptado duas vezes para os cinemas</b>. A primeira, como já mencionado, é a sua versão sueca, de 2015, dirigida por Hannes Holm e com Rolf Lassgård no papel principal. Essa adapatação rendeu duas indicações ao Oscar de 2017 (Melhor Filme Estrangeiro e Maquiagem e Penteado). Já a regravação hollywoodiana de 2022, que recebeu o título pouco chamativo de <b>O pior vizinho do mundo</b>, conta com direção de Marc Forstere e <b>Tom Hanks</b> na pele do Ove.</p><p style="text-align: justify;">A obra também ganhou uma nova <b>edição com a Editora Rocco</b>, contendo a mesma tradução de Paulo Chagas de Souza</p><h2 style="text-align: center;">º~º~º~º~º~º~ </h2><h1 style="text-align: center;">Ficha técnica: </h1><p style="text-align: center;"><b>Título</b>: Um homem chamado Ove| <b>Autor</b>: Frederik Backman | Título <b>Original</b>: En man som heter ove | <b>Tradução</b>: Paulo Chagas | <b>Editora</b>: Alfaguara | <b>Edição</b>: 1 | <b>Ano</b>: 2015 | <b>Gênero</b>: Romance sueco| <b>Páginas</b>: 526 | <b>ISBN</b>: 9788579624278</p><h3 style="text-align: center;">Resenha de número: 447</h3><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"> </p>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-46825016075870652862023-01-31T15:23:00.002-03:002023-01-31T15:26:55.971-03:00Bonita Avenue, de Peter Buwalda<p style="text-align: justify;">Fenômeno de 2010 na Holanda, Bonita Avenue foi finalista de seis premiações e venceu quatro delas, entre elas os tradicionais prêmios ANV Debutantenprijs e o Anton Wachterprijs.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>"Suas lembranças mais felizes servem apenas para deprimi-lo ainda mais." (p. 511)</blockquote><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigho6KDkn42jJqNQWbpJPWABG-ljjK5wQ9M--qQlbSnoiqqky5SaKOLqEJDc1UI975BCEqJBeDhZ-3W2YBq93_M0bsneqAsiaEaciIML6sP69McB2ZGv-rlNPDpw2bxz5aWLlooZvGs__mNNBcaCAcoDBJJ2BJaKGpkZJIk5lflMoFceqojRN2-_gG/s4000/IMG_20230131_145643.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigho6KDkn42jJqNQWbpJPWABG-ljjK5wQ9M--qQlbSnoiqqky5SaKOLqEJDc1UI975BCEqJBeDhZ-3W2YBq93_M0bsneqAsiaEaciIML6sP69McB2ZGv-rlNPDpw2bxz5aWLlooZvGs__mNNBcaCAcoDBJJ2BJaKGpkZJIk5lflMoFceqojRN2-_gG/w640-h480/IMG_20230131_145643.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Nesta obra conhecemos a (aparente normal) família Sigerius a partir de três perspectivas. Primeiro Siem Sigerius, o patriarca bem sucedido professor de matemática e reitor da Universidade de Twente, nos Países Baixos. Em seguida a bela Joni (nomeada em homenagem a Joni Mitchell), enteada do Siem, e por fim o fotojornalista Aaron Bever, namorado ciumento da jovem. Essas três perspectivas estão mescladas entre tempo passado e presente, com narrativa alternada entre terceira e primeira pessoa. Isso faz sentido porque a história é marcada pelo <a href="https://www.dgabc.com.br/Noticia/439298/-explosao-na-holanda-soma-20-mortos-e-mais-de-500-feridos" target="_blank">desastre em Enschede</a> no ano de 2000, quando houve a explosão de uma fabrica de fogos de artifícios que levou a óbito 20 pessoas e deixou outras 500 feridas. O incêndio acabou se alastrando até a residência de Aaron Bever, que por sorte não se encontrava em casa, mas simbolicamente as chamas desse desastre se alastram pelas relações dessa família.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>"Levava uma existência inteiramente sem objetivo. Sua motivação na vida era evitar: evitar estímulos, evitar excitação, evitar a própria motivação." (p. 19.)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Siem possui um emprego formidável e está cotado para assumir um cargo de maior responsabilidade: ser ministro da educação. No entanto, mesmo com um passado de sucesso na carreira de judô em que teve que se aposentar por causa de uma lesão no joelho e uma família exemplar, esse homem que para os outros é brilhante, vai revelando aos poucos a sujeira que guarda debaixo do tapete. Estamos diante então de tabus para falar sobre sexo, sua impotência sexual, relacionamento extraconjugal e o filho criminoso Wilbert, fruto do primeiro relacionamento, que acabou de sair da prisão e com quem ele não quer contato para não manchar a sua imagem. Temos em Siem o personagem psicologicamente mais bem elaborado da trama.</p><p style="text-align: justify;">Já Joni, apesar de ter tudo do bom e do melhor, junto ao seu namorado, impulsionada também por um fetiche exibicionista, passam a vender fotos sensuais em sites de pornografia. E estamos falando aqui do inicio dos anos 2000, onde tudo na internet ainda era escasso. Os pioneiros fazem uma fortuna comprando roupas de grifes, equipamentos fotográficos de alta qualidade e até um barco de 1,5 milhão de dólares que não caberiam no orçamento de jovens comuns, mas claro tudo em segredo para não gerar desconfiança. Talvez aqui se encontre o maior erro do companheiro de Joni: acreditar que aquela mulher, linda e inteligente, seria reduzida a futura mãe dos seus filhos. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLSQ9Vc3IOVliZHNItevA7T3Dj6Q6lWSFX5ZOG_ATJlNiYxysVD0prNQQU-VBw_hpzcmoOuqCqp0-KLWTo-J6Ks0viGZpKpf38bfKKLmsI5LdqFAJNv6cT9Ij6jDKNBbra6sJk6mUYUPar7PQtohoSfSUSfNTdFt2__lX6o_3ynrw1eNeRXIdqwq4Z/s4000/IMG_20230131_145739.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLSQ9Vc3IOVliZHNItevA7T3Dj6Q6lWSFX5ZOG_ATJlNiYxysVD0prNQQU-VBw_hpzcmoOuqCqp0-KLWTo-J6Ks0viGZpKpf38bfKKLmsI5LdqFAJNv6cT9Ij6jDKNBbra6sJk6mUYUPar7PQtohoSfSUSfNTdFt2__lX6o_3ynrw1eNeRXIdqwq4Z/w640-h480/IMG_20230131_145739.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Mas é a partir do recém vicio em pornografia, ao navegar pela internet em seu site favorito com mulheres de todos os tipos, que Siem avista uma jovem muito similar a sua enteada e passa não só a desconfiar dela como também a investigá-la, o que abre espaço para encontrar as respostas que dão inicio ao ruir de uma família com bases já carcomidas. </p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>"Sentia vergonha do que fazia, achava que fosse doente, que não era normal, sobretudo depois de descobrir que havia uma palavra especial para seus interesses peculiares, uma palavra que, mesmo após todos esses anos, ele ainda odeia." (p. 315)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Este é um romance em que o autor não entrega uma trama linear, aos poucos o leitor ao longo do livro tem a tarefa de ir montando o quebra-cabeça com doses homeopáticas que avançam e retroagem constantemente. Apesar do autor entregar o grande ponto no inicio da trama, é de reconhecer sua habilidade em manter preso o leitor nessa forma de narrar, dando a tarefa de ligar os pontos e ainda apresentar uma reviravolta do meio para o final do livro que soa, em determinado sentido, tragicômico e gera um sentimento gritante de vergonha alheia em situações criadas que deixariam qualquer um em uma saia justa.</p><p style="text-align: justify;">Por ser um romance longo, Peter Buwalda teve espaço para abordar temas como distúrbios alimentares, adultério, pornografia, doença mental, suicídio, assassinato em meio a personagens moralmente quebrados e de egos inflados. Para os amantes de histórias que giram em torno de crises familiares, encontrará aqui uma leitura capaz de satisfazer esse gosto. Por outro lado, dificilmente conseguirá se identificar com as personagens criadas pelo autor, é possível sim compreendê-las (ou tentar), mas difícil ter empatia, uma vez que são reais demais, de uma forma a desacreditar na humanidade. Ele traz a hipocrisia das gerações, que no passado agiam da mesma forma daqueles que hoje criticam, com seu falso moralismo e expõe uma fingida vivencia nas hierarquias sociais, seja num cargo de respeito ou até mesmo entre simples vizinhos.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo5kwmBLR0IZu-9b4w_xPfObDuq_nxYq1WRs78iKXvh09rp-OQpHB-q-fVYaOIbkW1leZRis5MnW84XphCXqjA7s04Otu6LDZ961WYD3431P5gv-vRbXgbjHha6lAuMKM6hnFNyMAmIU-Ob9cU3ptP_6vairwijw_sR_68RMtjM5qxGRW8BfMaZ-k5/s4000/IMG_20230131_145716.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgo5kwmBLR0IZu-9b4w_xPfObDuq_nxYq1WRs78iKXvh09rp-OQpHB-q-fVYaOIbkW1leZRis5MnW84XphCXqjA7s04Otu6LDZ961WYD3431P5gv-vRbXgbjHha6lAuMKM6hnFNyMAmIU-Ob9cU3ptP_6vairwijw_sR_68RMtjM5qxGRW8BfMaZ-k5/w640-h480/IMG_20230131_145716.jpg" width="640" /></a></div><blockquote>“Você não faz ideia do que é o tempo. Nunca passou mais do que uma hora irritada com alguma coisa. Não faz ideia do que seja raiva de verdade. Como é ficar sendo consumido pela raiva durante uma semana, um mês, três meses." (p. 356)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Ainda sobre o tamanho da obra, é possível reconhecer que o autor se alongou com digressões em determinadas passagens, soando prolixo e dando a ideia de que poderia ter passado por um processo de edição afim de deixar o texto mais enxuto e direto, da mesma maneira sentimos que alguns personagens são muito bem trabalhados, em contra ponto outros ficam em segundo plano (embora estejam no centro da trama) com perguntas sem respostas ao final da leitura.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs8URJyMZiAr3RcN3Ae7y5D2sviLqwx0ZEIa8lKtWNvGTnk9ux6HQQNX24tUPLu3Entl4DTAtDbfFLWj3bXd4Wq99o7CzaT-_M0q-k4WyE_3A1-8Zbndg4pMP1dRJ3uPGLEghTdDWBEG4fwzS4VJSOgtJ6YLT2SCqwehco92mL-RAAVeMk5LQVFMiq/s3655/IMG_20230131_145824.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2742" data-original-width="3655" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhs8URJyMZiAr3RcN3Ae7y5D2sviLqwx0ZEIa8lKtWNvGTnk9ux6HQQNX24tUPLu3Entl4DTAtDbfFLWj3bXd4Wq99o7CzaT-_M0q-k4WyE_3A1-8Zbndg4pMP1dRJ3uPGLEghTdDWBEG4fwzS4VJSOgtJ6YLT2SCqwehco92mL-RAAVeMk5LQVFMiq/w640-h480/IMG_20230131_145824.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Bonita Avenue é um romance que destrincha a hipocrisia humana, dá uma descrença na humanidade e nos torna membros de um grupo familiar com relacionamentos frustrados do qual não gostaríamos de fazer parte.</p><p style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b>º~º~º~º~º~º~</b></span></p><h1 style="text-align: center;">Ficha técnica: </h1><p style="text-align: center;"><b>Título</b>: Bonita Avenue | <b>Autor</b>: Peter Buwaldas | <b>Título Original</b>: Bonita Avenue | <b>Tradução</b>: Cássio de Arantes Leite | <b>Editora</b>: Alfaguara | Edição: 1 | <b>Ano</b>: 2016 | <b>Gênero</b>: Romance holandês | <b>Páginas</b>: 526 | <b>ISBN</b>: 9788556520005</p><p style="text-align: center;"><b>Resenha de número: 446</b></p>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-1894578609388712462023-01-23T18:45:00.005-03:002023-01-23T19:10:53.703-03:00Mulheres que não sabem chorar, de Lilian Farias<p style="text-align: justify;">Há livros com histórias para sonhar, outros em que buscamos escape para a monotonia da vida; há os que nos são para estudo e também temos os que são lidos por puro e simples entretenimento, sem culpa como deve ser para qualquer leitor. Toda leitura é uma leitura, mas nem toda leitura tem efeito sobre nós. Um bom livro tem essa capacidade de nos surpreender, vêm na surdina e no fim nos deixa ecoando reflexões sobre um ponto que antes não estava ali.</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSK03j__Nrws3asvFDpzfHyHLpuH5w13f-rzCi9mrctWvOl7sNZqUPAhTfCyqpZMI9YVosZhQJaJW6Jt_8ejVtE_TCRcr0VPRQl_m1u2fbP3j_HOBT3oJ_6czeBkpe7iXyhK8J27eTCb4UN7g5HP2dDv_evlHDdnYoIigTx5MlN2ZXxFbTOGlmtlol/s3631/IMG_20230116_031348.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2421" data-original-width="3631" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSK03j__Nrws3asvFDpzfHyHLpuH5w13f-rzCi9mrctWvOl7sNZqUPAhTfCyqpZMI9YVosZhQJaJW6Jt_8ejVtE_TCRcr0VPRQl_m1u2fbP3j_HOBT3oJ_6czeBkpe7iXyhK8J27eTCb4UN7g5HP2dDv_evlHDdnYoIigTx5MlN2ZXxFbTOGlmtlol/w640-h426/IMG_20230116_031348.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">É o caso de '<b>Mulheres que não sabem chorar'</b>, da autora sergipana Lilian Farias, obra que traz protagonistas femininas emaranhadas numa rede de conflitos presentes na vida de uma boa parte das mulheres, seja a vulnerabilidade diante do machismo enraizado que as obrigam a ser de um jeito, nem sempre de acordo com seus desejos de se sentirem livres, seguras, o medo de ser violadas na rua, a busca em ter seus prazeres satisfeitos - além de apenas satisfazer passivamente -, em meio ao resultado das situações que lhes caíram decorrentes disso e da suas condições enquanto mulheres, as tornando vítimas desse ciclo que lutam para romper.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>Não tive mãe, minha mãe não teve mãe e nem a mãe dela. Socialmente, as mães são para os filhos ou ninguém. Evidente que existem exceções. As mulheres são educadas para reproduzirem, não para serem mães, caso desejem. Suas filhas também precisam reproduzir e só! O instinto animal de ensinar a se proteger foi rotulado como errôneo e no lugar adotado o ensinamento do medo. E desse trajeto cruel e castrador sobraram poucas oportunidades. Aceitar e viver cordialmente como reprodutora silenciada ou ignorar e queimar na fogueira. Certa vez, li sobre a história das pérolas. Senti alívio. (p. 59)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">O livro abre em 2044 com uma narradora do futuro que precisa relatar a história de três mulheres que, como muitas, foram perseguidas, passaram por dores e sofrimentos. </p><p style="text-align: justify;"><b>Marisa </b>tem 55 anos de idade, metódica e de personalidade forte, teve uma juventude conturbada e já vivenciou muito ao longo de sua trajetória. Empresaria de sucesso e dona de uma floricultura, a morte do marido não impediu de continuar a criar o casal de filhos para que fossem os melhores da turma.</p><p style="text-align: justify;"><b>Ana</b>, apesar de seus 30 anos, resolveu ingressar na faculdade de serviço social tardiamente pelos conflitos que sofreu em casa por ser lésbica e ter pais conversadores, principalmente o seu pai sinônimo de bruto e desafetuoso. Por conta da péssima convivência, ela teve que sair de casa para não mais ter notícias, porém, seu irmão no leito de hospital a faz revisitar o seu passado uma vez que se importa com o ente, o qual também não tem culpa dos genitores que possui Numa das idas ao hospital, acaba se deparando com uma mulher atraente e misteriosa, começaria ali um relacionamento?</p><p style="text-align: justify;">Por fim temos também <b>Olga</b>, uma mulher de 50 anos que está elaborando o luto de enterrar um filha jovem com uma vida inteira pela frente. O marido a deixou. Pra enfrentar as lamurias de sua existência, ela tem na embriaguez uma forma de se sentir ausente desse mundo tão injusto e que a rejeitou de tantas formas, em suas palavras: "Eu bebo para esquecer; esquecer aqueles que me esqueceram, esquecer da dor de ser esquecida. Sempre tive muito medo... aos poucos, desejei esquecer." (p. 47). Para respeitar o último desejo da filha, ela tem tentado abandonar o vício.</p><p style="text-align: justify;">São, além de outras personagens, três <b>mulheres com vivências nada fáceis</b> que em algum ponto têm suas existências cruzadas, não só pelas violências que sofreram, mas também por descobrirem no afeto uma forma de dar continuidade, de forma menos dura, as suas vidas, algo chamado de <b>sororidade</b>, a união entre mulheres. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzvVAeoz6uGtUQvrogVW7Yp_6HuKbrgtfU4pni4FbyMIHuJ3cH2UT1yCTngLWbSqiZmFh_fjTcFGA_9mx8lu5pCvBGmDzCfwNc_tCR-DNSv9k6b_uY6qJFDQXllHoA_hvfFJvvV6DPkN9MAgIvgT4LJPKxvBwVwNmKxErBFYoFyYUCriCwaOD6Az7w/s4000/IMG_20230116_031537.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzvVAeoz6uGtUQvrogVW7Yp_6HuKbrgtfU4pni4FbyMIHuJ3cH2UT1yCTngLWbSqiZmFh_fjTcFGA_9mx8lu5pCvBGmDzCfwNc_tCR-DNSv9k6b_uY6qJFDQXllHoA_hvfFJvvV6DPkN9MAgIvgT4LJPKxvBwVwNmKxErBFYoFyYUCriCwaOD6Az7w/w640-h480/IMG_20230116_031537.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><b>Lilian Farias</b> faz um trabalho de colcha de retalhos para contar essa história. Os enredos que a principio não têm ligação vão, como numa borra de café derramado, se espalhando até deixar o branco coberto de marrom, revelando que está tudo interligado. Essa forma de narrar, aguça o desejo investigativo de descobrir mais sobre essas vivências. E somos banhados com personagens aprofundados e bem descritos.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>Isso porque há alguns alívios que só as mulheres podem sentir. Algumas cargas, só as mulheres compreendem. E quando uma mulher chora aliviada, o universo também sente. Outras mulheres também sentem. (p. 184)</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Em contrapartida, vale salientar, <b>não é uma leitura fácil</b>, uma vez que a autora não guarda pudores ou aversão para escrever a vida como ela é. Cabe atenção ao leitor acerca de temas que para alguns podem ser gatilhos, afinal são sensíveis como violência contra mulheres, a exemplo, mas não só, do estupro, que infelizmente está longe de ser um assunto findado em nossa sociedade. Entrementes, são temas que fazem parte da construção de enredo, nesse quesito podemos dizer que a autora "não dá pontos em nó", estão inseridos ali por uma finalidade maior e levanta questões sobre o tema além de unicamente inquieta o leitor. Nem tudo na vida são flores, diferente dos títulos dos capítulos batizados com espécies diferentes de flores (ao final a autora traz o significado de cada uma, inspirada na autora Vanessa Diffenbaugh).</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxWCggkdvdd16oVxlTP5q_15_ZAfWEawfIcXYCaIVpVbnkL7Is6G9HZ1YnBAlZfpbolD93Gr7p8r6FvzjX4UMzyO0p9HTJSW1xCrCZw7wzf4Z8-c3PZ8qhcP2ASA65A57UleMbypf9ahOq8602IShFSdzPhFUmYVu59NboVoOYW0NxZONI9lPke6Cy/s4000/IMG_20230116_031501.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxWCggkdvdd16oVxlTP5q_15_ZAfWEawfIcXYCaIVpVbnkL7Is6G9HZ1YnBAlZfpbolD93Gr7p8r6FvzjX4UMzyO0p9HTJSW1xCrCZw7wzf4Z8-c3PZ8qhcP2ASA65A57UleMbypf9ahOq8602IShFSdzPhFUmYVu59NboVoOYW0NxZONI9lPke6Cy/w640-h480/IMG_20230116_031501.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><b>'Mulheres que não sabem chorar' </b>é um livro sobre amor entre iguais, sobre a violência em sua sociedade machista e principalmente a linha tênue entre o que somos e o que nos deixamos nos tornar. Nos mostra que processar as dores, nossos sentimentos e principalmente nossos defeitos com cautela, nos ajuda também a cuidar do outro. Como bem descreve nossa narradora, é preciso lidar com nossos espinhos como as rosas.</p><h2 style="text-align: center;">Ficha técnica: </h2><p style="text-align: center;"><b>Título</b>: Mulheres que não sabem chorar | <b>Autora</b>: Lilian Farias | <b>Editora</b>: Giz Editorial | <b>Edição</b>: 1 | <b>Ano</b>: 2021| <b>Gênero</b>: Romance brasileiro contemporâneo | <b>Páginas</b>: 210 | <b>ISBN</b>: 9788582700655</p><p style="text-align: center;"><b>Resenha de número: 445</b></p><p style="text-align: center;"><br /></p>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-4185740619670382342023-01-16T17:42:00.010-03:002023-01-16T18:03:25.689-03:00Uma História Simples, de Leila Guerriero<p style="text-align: justify;">Você se empenharia por anos ao extremo para participar de uma competição que exige treinos rigorosos, onde o prêmio não é dinheiro nem viagem, mas um troféu confeccionado por um artista local e que, caso venha a ganhar, nunca mais se apresentará novamente em competições do gênero?</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuVpX7uMPq0vJnerBHHBoPxGTOeDI2BlRYad7hgZWA2bRr615bfQrQBJdEve467ywYyRIANvNPjJXrZwyQJp-erxYAteP5iBu0y7KgLzwDgnQ_zMGmMr6Xej7T1Sw9pkvraNyHM0nG_Y3HjiLAMZFkkvxLNv8g_w7jg3VXyZls8T0ZA1ojE_lFzEEk/s3924/IMG_20230116_030740.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2616" data-original-width="3924" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuVpX7uMPq0vJnerBHHBoPxGTOeDI2BlRYad7hgZWA2bRr615bfQrQBJdEve467ywYyRIANvNPjJXrZwyQJp-erxYAteP5iBu0y7KgLzwDgnQ_zMGmMr6Xej7T1Sw9pkvraNyHM0nG_Y3HjiLAMZFkkvxLNv8g_w7jg3VXyZls8T0ZA1ojE_lFzEEk/w640-h426/IMG_20230116_030740.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Num pequeno município da província de Córdova, com não mais que seis mil habitantes, a quinhentos quilômetros de <b>Buenos Aires</b>, acontece anualmente o Festival de Malambo de Laborde, uma competição de dança tradicional que atrai participantes da região em busca de alcançar o primeiro lugar. O prêmio está longe de ter valor financeiro, mas o prestigio de conseguir o grande feito e ser respeitado pelos demais do povoado e região, já que o festival não tem a intenção de ser globalmente difundido e nem perder as suas raízes tradicionais.</p><p style="text-align: justify;">Em '<b>Uma História Simples'</b>, a jornalista argentina <b>Leila Guerriero</b>, pouco depois de ler um artigo sobre o evento, se deslocou para o município a fim de conhecer e reportar o festival no ano de 2011. É a partir dessa viagem que ela não só conhece mais sobre o funcionamento da dança, como nos apresenta de perto os anseios de <b>Rodolfo </b>González Alcántara, um dos participantes que busca a alcunha de ser o vencedor do festival que dura seis dias. Através do enfoque nesse homem, compreendemos as privações que o Malambo exige, ao que se abre mão para se dedicar exaustivamente a treinos pesados e o valor imaterial que a vitória traz. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuSa482mcqRqBoXZT3CTa9q80FbbSzjNx9SPx38PXWNi6V4JOcnfMUXBHHPWrkgN2dMWDl4VknCXLIK994-u5mUdx2L3jafE5LWf11wSoC4QTdWPt_-7J-n-XGPhiZAbIgLHVmI8y10Spww_SCpXfblXhacsMRT8qGrbQs553hRLeI7JAPAK6hMGQF/s1280/photo_5057911903799585984_y.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="1280" data-original-width="800" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuSa482mcqRqBoXZT3CTa9q80FbbSzjNx9SPx38PXWNi6V4JOcnfMUXBHHPWrkgN2dMWDl4VknCXLIK994-u5mUdx2L3jafE5LWf11wSoC4QTdWPt_-7J-n-XGPhiZAbIgLHVmI8y10Spww_SCpXfblXhacsMRT8qGrbQs553hRLeI7JAPAK6hMGQF/w250-h400/photo_5057911903799585984_y.jpg" width="250" /></a></div><p style="text-align: justify;">O Malambo é uma dança típica gaúcha de sapateado surgida por volta de 1600 e que segue batidas rítmicas dos pés dentro de uma determinada métrica musical. Estritamente masculino, os jovens treinam desde criança para chegar ao festival solista, são anos de empenho, treinos pesados que trará a gloria de ser um vencedor de Malambo. Muitas das vezes esses jovens sofrem lesões graves nos pés, devido aos esforços constantes repetindo 10, 11, 12 sequencias da coreografia que será apresentada durante o evento. A jornalista ao questionar um dos participantes se vale a pena se machucar tanto, ele retruca com: <i>"— É que o que se sente aí em cima é único. É como uma eletricidade. Tornei a me apresentar em 2010 e passei para a nal. E foi aí que dancei o melhor malambo da minha vida. Quando desci, estava cego. Soube que tinha feito o malambo como nunca. Fiquei como se estivesse em choque. E ganhei. Quando voltei para a minha cidade, como campeão, os vizinhos estavam me esperando na estrada e me seguiram numa caravana por vinte quilômetros."</i> A dança exige passos repetitivos que exigem concentração, coordenação motora e muito condicionamento físico para aguentar o tempo de apresentação que dura de quatro a cinco minutos.</p><p style="text-align: justify;"></p><blockquote>— Ser campeão em Laborde tem valor para um círculo muito pequeno de pessoas, mas para nós signica a glória. No ano em que somos campeões, pedem-nos fotos, entrevistas, autógrafos. E depende de nós aproveitar a oportunidade, porque depois não vamos mais usar as nossas pernas. Quando as pernas se acabarem, teremos de usar outras ferramentas. Laborde nos dá a possibilidade de sermos alguém de fato. E não o cara que ganhou para conquistar, nem para levar o mundo à frente, mas para demonstrar que, trabalhando em silêncio, com humildade, tudo é possível. Por isso, gostaria que Deus me desse a felicidade de ser maduro, de ser um homem, para chegar a Laborde bem e depois largar tudo. Laborde me conquistou desde que pus o primeiro pé no palco. E se Deus quiser que isso, que é o máximo, leve embora a nossa carreira, tudo bem. Nos dá o máximo e leva tudo embora. Mas não é que eu queira ser campeão para garantir o meu futuro nanceiro ou aparecer num cartaz. Quero ser campeão porque desde os 12 anos quero ser campeão, e encerrar a minha carreira aqui seria maravilhoso. p. 64</blockquote><p></p><p style="text-align: justify;">Apesar do festival relatado se passar na Argentina, outros países como Brasil e Uruguai herdaram essas tradições de dança, claro com suas diversificações. Os dançarinos usam indumentárias especificas, nas palavras de Leila Guerriero: <i>"No estilo do Sul, o gaúcho usa chapéu-coco ou galera, camisa branca, gravata-borboleta, colete, paletó curto, um cribo — calça branca larga, com bordados e franjas na barra — sobre o qual se coloca um poncho com franjas — chiripá —, preso à cintura, uma rastra — um cinturão largo com adornos de metal ou prata — e botas de potro, uma espécie de capa de couro muito na que se ajusta aos tornozelos com tentos e cobre somente a parte traseira dos pés, que batem quase nus no chão. No estilo do Norte, o gaúcho usa camisa, lenço no pescoço, paletó, bombachas — calça muito larga e plissada — e botas de couro de cano alto." </i>(p.10).</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9rDUr_cDhC6ppEG9YahEcV7-URe-tHgeYP6-eH_b-vQmGpo59S8eWaJkR3CbiRMg75rTqWS6LuU7vvFmD3b0qZURDS34OFl2QCcmNX_ixzmqgQlCI6qgeZ04iNihkmf5hw280ddid8R0Yz0sxXPpblKfx4MXf4YPJAgUWdHC56EbbtzxMiXovcqOy/s4000/IMG_20230116_030917.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2667" data-original-width="4000" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9rDUr_cDhC6ppEG9YahEcV7-URe-tHgeYP6-eH_b-vQmGpo59S8eWaJkR3CbiRMg75rTqWS6LuU7vvFmD3b0qZURDS34OFl2QCcmNX_ixzmqgQlCI6qgeZ04iNihkmf5hw280ddid8R0Yz0sxXPpblKfx4MXf4YPJAgUWdHC56EbbtzxMiXovcqOy/w640-h426/IMG_20230116_030917.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Portanto, percebemos se tratar de um festival em que os envolvidos dão importância e respeitam a tradição, a sua pátria e a bandeira tal qual buscam alcançar atributos gaúchos de austeridade, coragem, altivez, sinceridade, franqueza, além de serem fortes para enfrentar as pancadas que virão. Esforços esses muito valorizados pelos locais. No fim, a competição trata-se também de uma perspectiva de mudança na vida desses homens comuns, de famílias carentes, uma vez que se tornarão treinadores de jovens futuros competidores. O que nos traz uma reflexão sobre as histórias que lemos e aquele velho clichê de que a verdadeira felicidade está nas coisas simples da vida. Mas não só isso, pois quando eles passam a se tornar treinadores estão não somente adquirindo uma forma de ganhar a vida, mas também dando manutenção a sua cultura, cultivando a devoção ao Malambo.</p><p style="text-align: justify;">De leitura curta, mas muito enriquecedora, "<b>Uma história simples</b>" é um livro que nos faz enxergar um pequeno recorte da diversidade cultural que o nosso planeta apresenta e que foge aos nossos olhos por não estarem presentes na grande mídia. Apesar de ser um livro reportagem, Leila Guerriero consegue manter uma escrita ágil, longe de engessa, e uma visão aguçada para capturar o essencial na hora de contar uma boa história, mesmo que seus personagens, a primeira camada, sejam pessoas simples no cotidiano e que, talvez por esse fato, não estejam nos grandes palcos da mídia. E para isso, fica a reflexão, o questionamento: <b><i>"Interessa-nos ler histórias de gente como Rodolfo? Gente que acredita que a família é uma coisa boa, que a bondade e Deus existem? Interessa-nos a pobreza quando não é a miséria extrema, quando não rima com violência, quando está isenta da brutalidade com que gostamos de identificá-la e de ler sobre ela?"</i></b> p.54</p><p style="text-align: justify;">Não sei para vocês, mas a mim interessa, me interessa muito!</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn1pbWFgtdSSvmHWtGX24MEf1UYadJeLdo1s_YQYAL4ZdoCMVN_w59WrTO4REn6oYhJCf_2mqyK-y2LVmg1qln9dki6mMWpRo3Ahr0fZc9gwhWgTiBuSivdMtKnijQT2OyKH0xdgsqdWzSfsixa_UPtml75tnaPZF5vEp8PGKw42ZcrUykTMVv29U0/s4000/IMG_20230116_030824.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2667" data-original-width="4000" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjn1pbWFgtdSSvmHWtGX24MEf1UYadJeLdo1s_YQYAL4ZdoCMVN_w59WrTO4REn6oYhJCf_2mqyK-y2LVmg1qln9dki6mMWpRo3Ahr0fZc9gwhWgTiBuSivdMtKnijQT2OyKH0xdgsqdWzSfsixa_UPtml75tnaPZF5vEp8PGKw42ZcrUykTMVv29U0/w640-h426/IMG_20230116_030824.jpg" width="640" /></a></div><h2 style="text-align: center;">~.~.~.~.~.~.~</h2><h2 style="text-align: center;">Ficha técnica</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://img.skoob.com.br/jEpLbIqsH9OCww43N44G1zUD5bs=/200x/center/top/smart/filters:format(jpeg)/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/693425/UMA_HISTORIA_SIMPLES_1499784929693425SK1499784929B.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="291" data-original-width="200" height="291" src="https://img.skoob.com.br/jEpLbIqsH9OCww43N44G1zUD5bs=/200x/center/top/smart/filters:format(jpeg)/https://skoob.s3.amazonaws.com/livros/693425/UMA_HISTORIA_SIMPLES_1499784929693425SK1499784929B.jpg" width="200" /></a></div><br /><div style="text-align: center;"><b>Título</b>: Uma Vida Simples | <b>Autora</b>: Leila Guerriero | | <b>Título </b>Original: Una Historia Sencilla | <b>Editora</b>: Bertrand Brasil | <b>Edição</b>: 1 | <b>Ano</b>: 2015 | <b>Gênero</b>: Livro-reportagem, história popular argentina | <b>Páginas</b>: 282 | <b>ISBN</b>: 9786559210411</div><div style="text-align: center;"><b>Resenha de número: 444</b></div><p></p>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-59310484452821467452023-01-13T18:31:00.006-03:002023-01-16T17:45:27.688-03:00Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei<div style="text-align: justify;">A escritora paulista <b>Aline Bei</b> ganhou destaque ao lançar o seu primeiro romance '<i><b>O Peso do Pássaro Morto</b></i>' (Nós Editora), em 2017. A obra foi aclamada como Melhor Romance de Autor com Menos de 40 anos no Prêmio São Paulo de Literatura de 2018. Em 2021, pela Companhia das Letras a autora publicou seu mais recente livro, intitulado <b><i>'Pequena Coreografia do Adeus'</i></b>, que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Jabuti.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi75vbig7dCiM30NiG3CPUMX7r19GoElBhGOMYoXM9wdy81k848Fr42wdJzuoeRVW4bj9VbgFvlHz_Pa7gm8lROO5aIouB0VxqMKnKmDbgVlISND-yVibaMxz5zkZH44YWYr_V-GXd18m2gCr1slhmUlUnXyv7aa2xu7gMnfATxAQ4IHdEHPv7BhLpCvw/s4000/IMG_20230113_175854.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2667" data-original-width="4000" height="427" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi75vbig7dCiM30NiG3CPUMX7r19GoElBhGOMYoXM9wdy81k848Fr42wdJzuoeRVW4bj9VbgFvlHz_Pa7gm8lROO5aIouB0VxqMKnKmDbgVlISND-yVibaMxz5zkZH44YWYr_V-GXd18m2gCr1slhmUlUnXyv7aa2xu7gMnfATxAQ4IHdEHPv7BhLpCvw/w640-h427/IMG_20230113_175854.jpg" width="640" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Em <b><i>'Pequena Coreografia do Adeus'</i></b>, a autora dá continuidade ao seu traço de contar histórias através de uma estrutura que traz a quebra das frases como numa poesia. O resultado é um texto cuidadoso de quem escolhe a dedo as palavras certas para narrar a formação de Júlia, uma jovem que desde cedo tenta lidar com a separação dos pais e ao mesmo tempo se encaixar em um mundo que a todo instante lhe comprime numa forma que ela não parece se encaixar bem.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEind48UOXOxb5h37dAf_OlN2tYqLNloTF4PuSl6nHUVotquCHvw8kfPjOaFbFAYosnPwZdKEWmOeBqVFSf4Khv7Ag_K3EJWA_E8xRUZ697RRIbbEjrNLYJxjMATHDpeOkaJVGm13GEY-3Ai5LXZvjYO02c3SPtWebOsISebwZerRzJm56LO2BFDyun21A/s4000/IMG_20230113_180206.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3000" data-original-width="4000" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEind48UOXOxb5h37dAf_OlN2tYqLNloTF4PuSl6nHUVotquCHvw8kfPjOaFbFAYosnPwZdKEWmOeBqVFSf4Khv7Ag_K3EJWA_E8xRUZ697RRIbbEjrNLYJxjMATHDpeOkaJVGm13GEY-3Ai5LXZvjYO02c3SPtWebOsISebwZerRzJm56LO2BFDyun21A/w640-h480/IMG_20230113_180206.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O olhar da Júlia criança, ao ver seus país separados traz a aversão de sua mãe que a reprime com violência, em muitas das vezes gratuita, e a ausência de um pai que pouco dialoga com a mesma. Ela cresce com esse exemplo de família, mas tendo inveja das outras crianças amadas, que possuem um lar seguro e acolhedor, o contrário do que ela possui. A exemplo disso, quando Júlia passa pela menarca, ao invés de receber cuidado, sua mãe a bate como uma punição por ter-se tornado mulher, trecho esse que nos faz inferir a mãe de Carrie , na obra de <b>Stephen King</b>. "<i>- Reza, reza que passa.</i>" p.47. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O divorcio mostra à personagem central, logo na sua primeira infância, que o amor é longe de ser eterno e a exemplo dos seus pais, pode acabar mais cedo do que o esperado, mesmo com uma das partes nunca aceitando ou envolvendo filhos na relação.</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1kvO97IkIqKu-A2hiO93xkHrSQr6gO0v3UmmrflGiAwHc6kiU59QCYul4BKs4dZCxW7bPupm0cgk95GPhCnIcjjsySimu3YR7nUhS1nGIByhavrvYaKvZsU4QmyGw0ykYR4-YZuMiuL3aUbbHVmQ-q-cZkxDS3c24oP-6nWfNjF99f0gdGe-bkxzDHg/s3545/IMG_20230113_180727.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1993" data-original-width="3545" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1kvO97IkIqKu-A2hiO93xkHrSQr6gO0v3UmmrflGiAwHc6kiU59QCYul4BKs4dZCxW7bPupm0cgk95GPhCnIcjjsySimu3YR7nUhS1nGIByhavrvYaKvZsU4QmyGw0ykYR4-YZuMiuL3aUbbHVmQ-q-cZkxDS3c24oP-6nWfNjF99f0gdGe-bkxzDHg/w640-h360/IMG_20230113_180727.jpg" width="640" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRKJFDo-Cv8o7sm8c9EArF0Gpbk3tt3bM_5t3Tc5W13bsAgTdA05OmaqfxjiykUH02G-0F3U0IPN9Zyw-trc-I1_ywFCPFg-_XTtgbWjbnqzYMSRaqxyMX3_KoVxk502iGB6s95_X4oABsLGaKzDMZmpMziezeGPW_an0uv0o9SxLbmt4JdIiy9USrtg/s3146/IMG_20230113_180746.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2097" data-original-width="3146" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRKJFDo-Cv8o7sm8c9EArF0Gpbk3tt3bM_5t3Tc5W13bsAgTdA05OmaqfxjiykUH02G-0F3U0IPN9Zyw-trc-I1_ywFCPFg-_XTtgbWjbnqzYMSRaqxyMX3_KoVxk502iGB6s95_X4oABsLGaKzDMZmpMziezeGPW_an0uv0o9SxLbmt4JdIiy9USrtg/w640-h426/IMG_20230113_180746.jpg" width="640" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Por conta do que vivenciou, Júlia discorda e não quer se tornar uma reprodução do que seus pais foram, bem como sua mãe chegou a dizer que "<i>a sua vó era pior do que eu, Júlia</i>", ao ponto que a jovem exige e está em busca de romper esse ciclo com uma mudança radical. Nessa guinada, ela passará a conhecer outras pessoas e o distanciamento familiar lhe dará não só um olhar diferente de seus pais e seu passado, como irá alterar a relação que essa família dispunha. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">De fato, a estrutura do romance de <b>Aline Bei</b> é um grande diferencial em sua obra. Às vezes muitas histórias boas acabam se perdendo por não terem uma forma original de serem contadas, em outras a forma se sobrepõem ao enredo; mas aqui a autora casou bem forma com conteúdo. Uma estrutura que deixa nas entrelinhas espaçamentos para o leitor interpretar e deduzir o que está sendo "não dito", seja uma frase em minúsculo para traduzir a pequenez da personagem diante de um ocorrido ou caracteres que reproduzem movimento ou distanciamento.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBvnHIhBOoc3rdL2OQzixZAsE8BLsturc9eK2Rl-NCJPKBryPXwDbAgCdP8xqfZNEfUHZ5096gUReO45c6toGDBaIOfu2Hcs8Y-h1CcSiHwcx1A-2M6Kqhj2iG4ucetFGvgYK0FlyzMCYSGaCMZbBtqI5eTZgXkHLOV2g0ptXohtYqhu1YMlbTEbiYIg/s4000/IMG_20230113_180321.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2667" data-original-width="4000" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBvnHIhBOoc3rdL2OQzixZAsE8BLsturc9eK2Rl-NCJPKBryPXwDbAgCdP8xqfZNEfUHZ5096gUReO45c6toGDBaIOfu2Hcs8Y-h1CcSiHwcx1A-2M6Kqhj2iG4ucetFGvgYK0FlyzMCYSGaCMZbBtqI5eTZgXkHLOV2g0ptXohtYqhu1YMlbTEbiYIg/w640-h426/IMG_20230113_180321.jpg" width="640" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;"><i><b>'Pequena Coreografia do Adeus'</b></i> é um romance sublime e forte, por vezes incomodo, mas com a capacidade de fazer o leitor ler cada trecho em voz alta, para assim sentir o sabor das palavras e refletir sobre uma vida dançando em meio à relações complexas. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitRKa0SmxmSl2PieisNQOvAcA6H_LFlcR88bRZGiFLjobMb0xiKPHq_IYCnC0dC4mm88OKtzVNtAHyOK8XMts-Dly9VLFuqRl8bvbIPiUL1mS_ompLNyZy-j81kLVwwmHW4DQVOVAK8wrJZS1zSX6N9Ung_eWtsj_hRy4f5iNMB9cE834SyEZnExAi1w/s2483/9157mzaUZ1L.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2483" data-original-width="1664" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitRKa0SmxmSl2PieisNQOvAcA6H_LFlcR88bRZGiFLjobMb0xiKPHq_IYCnC0dC4mm88OKtzVNtAHyOK8XMts-Dly9VLFuqRl8bvbIPiUL1mS_ompLNyZy-j81kLVwwmHW4DQVOVAK8wrJZS1zSX6N9Ung_eWtsj_hRy4f5iNMB9cE834SyEZnExAi1w/w134-h200/9157mzaUZ1L.jpg" width="134" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><h2 style="text-align: center;">Ficha técnica: </h2><div style="text-align: center;"><b>Título</b>: Pequena Coreografia do Adeus | <b>Autora</b>: Aline Bei | <b>Editora</b>: Companhia das Letras| Edição: 1 | <b>Ano</b>: 2021| <b>Gênero</b>: Romance brasileiro contemporâneo| <b>Páginas</b>: 282| <b>ISBN</b>: 9786559210411</div><div style="text-align: center;"><b>Resenha de número</b>: 443</div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-74893531811930885442022-10-29T15:41:00.014-03:002023-01-16T17:45:21.896-03:00A maldição, de Stephen King<div style="text-align: justify;">Mestre do Terror, <b>Stephen King</b> é um autor já renomado por seus grandes romances, muitos deles já adaptados para as telonas e que já fazem parte do hall de histórias sobrenaturais inspirações para o halloween.</div><div style="text-align: justify;"><br></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwvKRLXbEas2Fm1GT_0sWArYfSFyM8BzqxiH75FCoReO8htqj-tCR04gqMhjzJ-j0ib2gG5zxoQepbhYj_oisi2MIWc_9-4mopvgrH-SVZzsRg2lPEEte45VExkfbRzamHfjwoqz4_X9uJ4DVIJPTVcVZYPMlapZdbDKseimcSm3dD8FxpnMDDthbr/s3986/PXL_20221029_145843132.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2242" data-original-width="3986" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwvKRLXbEas2Fm1GT_0sWArYfSFyM8BzqxiH75FCoReO8htqj-tCR04gqMhjzJ-j0ib2gG5zxoQepbhYj_oisi2MIWc_9-4mopvgrH-SVZzsRg2lPEEte45VExkfbRzamHfjwoqz4_X9uJ4DVIJPTVcVZYPMlapZdbDKseimcSm3dD8FxpnMDDthbr/w640-h360/PXL_20221029_145843132.jpg" width="640"></a></div><br><div style="text-align: justify;">Em A maldição, conhecemos o típico norte-americano <b>Bill Halleck:</b> Advogado em ascensão, pai afetuoso, bom esposo e com lar próprio e em paz. Às vezes acaba indo no <i>McDonald's </i>para comer alguns sanduiches antes de ir para casa, escondido de sua esposa <b>Heidi</b>. O que, eventualmente, reflete em seu sobrepeso. </div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;">A vida do nosso Billy ia bem, até a fatídica noite em que dirigia de volta para casa juntamente com a esposa e, por uma ação de irresponsabilidade no volante, atropela uma <b>idosa </b>pertencente a uma <b>família de ciganos</b>, culminando em sua morte. </div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;">O que era para ter sido julgado como homicídio culposo acaba sendo absolvido pela influência de Billy no meio jurídico, porém, o sentimento de impunidade advindo dos familiares ciganos faz com que <b>Taduz Lempke</b>, pai da mulher atropelada, fiquem insatisfeitos com o julgamento. Ao sair do tribunal, Lempkeu sussurrar para Billy as palavras "mais magro", enquanto toca a bochecha dele. </div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;">111kg, 110kg, 103kg, 100kg, 85kg... o homem passa a perder peso sem causa aparente, não importa o quanto ele coma, seu peso é sempre negativo e sua aparência ganha aspecto repulsivo.. Ele acredita estar amaldiçoado pelo cigano, coisa que os demais não acreditam. Em desespero, Billy resolve ir atrás de Lemkeu para que possa remover a maldição antes que a balança chegue a um número impossível de preencher o seu corpo. </div><div style="text-align: justify;"><br></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiClnk-zUx0EESyWOfeRc0MCYksHgwDR-ehYG64oPp6_WFjAGPn-04BzHrLS7x3sDvuq1jRLDis-XzXTZ_9I1TOYZCsuCR8LgJxWPwjsAasPjzQtPu5bmMxWCJocmcl_jgj7-5a04LqtWiAJNDAS_wkb4ivBRtf-RgJwlXqyIJ_H_HQcqGLihDYatCW/s4000/IMG_20221029_145939.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2249" data-original-width="4000" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiClnk-zUx0EESyWOfeRc0MCYksHgwDR-ehYG64oPp6_WFjAGPn-04BzHrLS7x3sDvuq1jRLDis-XzXTZ_9I1TOYZCsuCR8LgJxWPwjsAasPjzQtPu5bmMxWCJocmcl_jgj7-5a04LqtWiAJNDAS_wkb4ivBRtf-RgJwlXqyIJ_H_HQcqGLihDYatCW/w640-h360/IMG_20221029_145939.jpg" width="640"></a></div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;">De fato, <b>Stephen King</b> sabe bem como situar o leitor em uma atmosfera rica para deixar o sentimento assombroso de estarmos diante de situações estranhas dentro de nossa realidade "normal" com pequenos detalhes que passam a se tornar "paranormal". Sentimos junto ao Billy o medo da maldição, mas não só isso, a tristeza do afastamento de sua filha querida e também a aversão por sua esposa diante do marido de imagem caquética. </div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;">Os últimos capítulos, com a chegada de seu ex-cliente e amigo gângster <b>Richard Ginellie</b> dá nova dinâmica para a trama, tensionando ainda mais o embate com os ciganos e nos levando a curiosidade de saber até que ponto vão as consequências desses atos. O final da obra é tragicômico mas foi muito bem colocado pelo contexto da situação vivenciada e resulta em um romance de leitura prazerosa.</div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;">No inicio de carreira Stephen King usava do artificio do pseudônimo para não saturar a marca "King" a fim de publicar mais obras. O que mais chama atenção é que, por mais que haja uma tentativa de afastar o pseudônimo de<b> Richard Bachman</b> do autor original, o próprio se cita em A maldição e escrever no livro "<i>a coisa começa novamente a soar um pouco como um romance de Stephen King, não acha?</i>" (.p 103). </div><div style="text-align: justify;"><br></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRn8Jp-XyVZvev0Af7ITRDqBpdZsS4kJT9FNVOmpOlnuOi0Fo91UDQIRDZtwtIme575k9SoZrzfj5C1GqHL6ZA0yqQIixy-Cd7NY9LCNcWYjGXjXV1u58ghO3ZUHONe_0ZwIcp5MtJ7UL_rU83b9To1UBjbeyJCs8N16ppdXnoGILT6uibwFUYQFKf/s4000/PXL_20221029_145919251.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2249" data-original-width="4000" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRn8Jp-XyVZvev0Af7ITRDqBpdZsS4kJT9FNVOmpOlnuOi0Fo91UDQIRDZtwtIme575k9SoZrzfj5C1GqHL6ZA0yqQIixy-Cd7NY9LCNcWYjGXjXV1u58ghO3ZUHONe_0ZwIcp5MtJ7UL_rU83b9To1UBjbeyJCs8N16ppdXnoGILT6uibwFUYQFKf/w640-h360/PXL_20221029_145919251.jpg" width="640"></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br></div><div style="text-align: justify;">Obviamente a tentativa de se esconder falhou, pois hoje em dia sabemos quem é Bachman. Outra coisa também é que em muitos momentos, é possível ter o sentimento de que estamos presenciando cenas vistas em <b>Doutor Sono</b>, já que há uma mesma inserção de nômades. Podemos também dizer que <b>Arraste-me para o inferno </b>(Sam Raimi), filme de 2009, pode ter bebido dessa obra do King.</div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;">Enfim, uma leitura com clima nostálgico ambientada e escrita numa época em que não existiam telefones celulares ou toda a nossa tecnologia, abordando forças estranhas que não atuam a olho nu para refletir acerca do real significado de justiça e como ela deveria funcionar. A premissa por si só já é interessante, mas consegue ser bem desenvolvida com personagens sólidos e, como dito, final coeso.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br></div><div style="text-align: justify;">P.S.: O livro foi adaptado para o cinema, sob o título original de <i><b>Thinner </b></i>em 1996 e direção de Tom Holland.</div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;"><br></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx0trg2hdAWwCA5EdXAkI7ANptXAP5wofxxXHOFiPLHdjwutGSPDeKrd9-ccyDF0UQTh-4fICYJqLfrve7mtVCyfJykBIgPmkHelDoYXWskPRQjNDF7u5cUHsC_Psq3E8cF230o3lqbfqoGfr9iorOcLSXu0R5f978JAV8R_lRw6Y2wbGUktwmI_mH/s650/a-maldicao.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="446" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjx0trg2hdAWwCA5EdXAkI7ANptXAP5wofxxXHOFiPLHdjwutGSPDeKrd9-ccyDF0UQTh-4fICYJqLfrve7mtVCyfJykBIgPmkHelDoYXWskPRQjNDF7u5cUHsC_Psq3E8cF230o3lqbfqoGfr9iorOcLSXu0R5f978JAV8R_lRw6Y2wbGUktwmI_mH/w138-h200/a-maldicao.jpg" width="138"></a></div><br><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;"><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">~.~.~.~.~.~ </div><h3 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 21px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h3><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: A maldição | Autor: Stephen King | Título original: Thinner (1984) | Tradução: Louisa Ibañez | Editora: Suma | Edição: 2 | Ano: 2012| Gênero: Ficção americana | Páginas: 288| ISBN: 9788581050492</div><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 442</div></div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;"><br></div><div style="text-align: justify;"><br></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-79316391112934643162022-10-27T14:06:00.003-03:002022-10-27T14:06:17.659-03:00Conto vs. Filme: O telefone preto, de Joe Hill / Scott Derrickson<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxIakXAN1tZbJpG-HneWX1InCJR9cmTVN4WGlRR-S4XVSDyfS18aKul6M65ITwM7acJjY8oFqII3Ho1uzeOgwfKXjUsXpnWn3ZJLeoxLPjjMm-g1B10P7ua5Ni6GQ6iG3Yo5Ky1DjWTfER7nDHUjzZbJTR_AfZrfyR1d3ProBx4Qc-VnRjE4TlmNzH/s1080/photo_5093790557351815795_y.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxIakXAN1tZbJpG-HneWX1InCJR9cmTVN4WGlRR-S4XVSDyfS18aKul6M65ITwM7acJjY8oFqII3Ho1uzeOgwfKXjUsXpnWn3ZJLeoxLPjjMm-g1B10P7ua5Ni6GQ6iG3Yo5Ky1DjWTfER7nDHUjzZbJTR_AfZrfyR1d3ProBx4Qc-VnRjE4TlmNzH/w400-h400/photo_5093790557351815795_y.jpg" width="400" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;">É de conhecimento geral que dificilmente uma adaptação cinematográfica vá abarcar todas as nuances de seu texto original. Isso porque estamos diante da visão e interpretação de um um conjunto de pessoas envolvidas no projeto de dar imagens as palavras escritas por um autor muitas vezes exercendo sua profissão de forma solitária. Com O Telefone Preto não é diferente. </p><p style="text-align: justify;">O conto de Joe Hill está presente na coletânea originalmente intitulada O Fantasma do Século (Ed. Sextante/Arqueiro, 2008), e atualmente recebeu uma nova edição pela editora Harper Collins Brasil sob o título homônimo do conto para, numa estratégia de marketing, chamar atenção de novos leitores por meio de sua versão cinematográfica, dirigida por Scott Derrickson, que estreou no último 17 de julho. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg05Bvhc3yDA7CfNxKkf7wGj-5VDebtBHaZ3CAmJdLwBqDk3iKTf9wwDnrdscF1P9GrFc_yITDq5PqTo-PLDqKW5dG5rZeLg3it-an-tsQFJbOi65WRi-dGC5aj1w0treUVvbgVO965MSe_W_WCnTWmQVVP8EDqa0RIan1HhAYI_3DBSv4yyVRSIx_C/s800/ethan_hawke_em_o_telefone_preto_foto_divulgacao__universal_pictures_widelg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="450" data-original-width="800" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg05Bvhc3yDA7CfNxKkf7wGj-5VDebtBHaZ3CAmJdLwBqDk3iKTf9wwDnrdscF1P9GrFc_yITDq5PqTo-PLDqKW5dG5rZeLg3it-an-tsQFJbOi65WRi-dGC5aj1w0treUVvbgVO965MSe_W_WCnTWmQVVP8EDqa0RIan1HhAYI_3DBSv4yyVRSIx_C/w640-h360/ethan_hawke_em_o_telefone_preto_foto_divulgacao__universal_pictures_widelg.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">No conto conhecemos uma região assombrada pela figura de um sequestrador, o qual ninguém sabe sua identidade, que tem como vítimas garotos abaixo de 12 anos. Finney, o nosso personagem central, acha estar livre desse algoz, uma vez que já tem seus plenos 13 anos. No entanto, o rapaz tem o infortúnio encontro com o homem gordo, abarrotado de balões pretos e de aparência caricata que lembra um palhaço. Em uma luta perdida, o menino acaba caindo no porão do Al, local do qual terá que encontrar maneiras para fugir antes que tenha o mesmo fim dos meninos anteriores. </p><p style="text-align: justify;">O toque sobrenatural do conto vem justamente de um telefone preto instalado no porão criado por Al. O ambiente é acusticamente planejado para que nenhum som dali seja ouvido por quem está de fora, porém, é nesse telefone que vem o socorro para que Finney encontre as ferramentas necessárias para escapar. Por se tratar de um conto, já de antemão percebemos aqui as características do seu gênero: poucos personagens e um único conflito que se fecha no ápice da narrativa, sem se aprofundar muito no que se passa. O final também é aberto e dá margem para diversas interpretações. No caso dessa história o filme vem no sentido de complementar e preencher lacunas sobre as margens deixadas em aberto pelo autor. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOv1mR1PFMdOzBkwzQwncSZ0KROm6T0Iul6vvP8esFbsrHpnnp3t3X98LMDwMcVhRdgQUbpVPNukiYarHyihWVjnatmPfcBHQOwJhQ5975ydIftUdrgiHd974oDKAI2ITf6Pk1mPqOahGiaWdKkbyqGy-yeHTNHORtL536VbbgM5iR60tdXN9YhDWR/s961/26193024741451.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="961" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOv1mR1PFMdOzBkwzQwncSZ0KROm6T0Iul6vvP8esFbsrHpnnp3t3X98LMDwMcVhRdgQUbpVPNukiYarHyihWVjnatmPfcBHQOwJhQ5975ydIftUdrgiHd974oDKAI2ITf6Pk1mPqOahGiaWdKkbyqGy-yeHTNHORtL536VbbgM5iR60tdXN9YhDWR/w640-h426/26193024741451.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">É nítido nesse processo um maior aprofundamento nos conflitos da família do Finney. A figura paterna é mais bem retratada, sendo um pai abalado pela perda da esposa e emocionalmente afetado, o que resulta em alcoolismo e agressividade com os filhos. A irmã do Finney é mencionada no conto com sua mediunidade já aparente, mas no filme é onde ela tem um destaque maior e um papel fundamental nas buscas, isso porque no início suas falas são desacreditadas, mesmo quando a mesma tem razão. E quando dão ouvidos a ela, o sentimento é de satisfação. </p><p style="text-align: justify;">O assassino no filme tem característica corporais mais padronizadas e faz uso de uma máscara demoníaca, quando no conto é descrito como gordo e usar balões numa espécie de Kombi; o que desperta a memória do John Wayne Gacy, serial killer conhecido por também ser palhaço. </p><p style="text-align: justify;">Obviamente nesse processo de dar mais forma a história foram acrescidos mais destaques às vítimas, além do Bruce, único que tem voz no conto, e o qual nos mostra ser um personagem de caráter forte e honra inabalável. É atravéz dessa construção que passamos a ter mais empatia e nos solidarizamos mais com as outras vítimas, e as formas que possivelmente foram mortas. </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjstOu___uppASCMvXkfXLU16s5pTWeKcxTFmNS-YNiYqsfN7yheDyDTLJGeyI0NiROhej6Y0ab_k0GrJSqASKbj-ksBvTIcdUqQmEzVtfky6oeAvcJDCyieWRTbHhxLpPQ1Bp1ig_9zqC4Wwn-EX5rzCP5lzKYQu4BJjY8feZIn-NG1a0DbYL5xUn/s704/black-phone-4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="294" data-original-width="704" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjstOu___uppASCMvXkfXLU16s5pTWeKcxTFmNS-YNiYqsfN7yheDyDTLJGeyI0NiROhej6Y0ab_k0GrJSqASKbj-ksBvTIcdUqQmEzVtfky6oeAvcJDCyieWRTbHhxLpPQ1Bp1ig_9zqC4Wwn-EX5rzCP5lzKYQu4BJjY8feZIn-NG1a0DbYL5xUn/w640-h268/black-phone-4.jpg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;">Já o final do filme dá prosseguimento ao final do conto, isso porque onde o conto termina o filme segue mostrando um pouco mais. Mesmo que demorado e com todas as vítimas e todo o sofrimento ainda temos o sentimento de justiça com o filme. Já no conto, por ser um final aberto, dado o contexto, podemos interpretar de forma positiva ou negativa para o Finney, uma vez que não há descrições envolvendo a saída do menino do cativeiro, apenas um confronto final em que sai vencedor. </p><p style="text-align: justify;">Em suma, vimos aqui como as mídias não se sobressaem umas às outras, mas ficam nessa função mútua de complementar uma a outra, dando a possibilidade de enxergarmos além das limitações textuais e de nossas interpretações.</p><h3 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 21px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Assista ao trailer:</b></h3><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/dCAbPQnFAU4" width="320" youtube-src-id="dCAbPQnFAU4"></iframe></div><br /></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-54558664922526337062022-10-27T13:46:00.006-03:002022-10-27T13:49:57.369-03:00Semana Halloween: Dicas de Mangás e HQ's para o mês do horror<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikdJHN0obMXB2fedbRzVdRy7X3W1Bo-Iae3oW7mfOPu6WUWB7KE94rQGbfZunRGwSXyA6Fio5peN4aajoNsKAFS3CSvvP7uTsN_aKZM2U8v0oNUcYm-br4-ZDq5kxqC-YIuk3Kujrlw__0pq8f6zqzeArTDObZJMLs2jg5tBFwBHt-YtZkToRSeFVx/s640/1.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikdJHN0obMXB2fedbRzVdRy7X3W1Bo-Iae3oW7mfOPu6WUWB7KE94rQGbfZunRGwSXyA6Fio5peN4aajoNsKAFS3CSvvP7uTsN_aKZM2U8v0oNUcYm-br4-ZDq5kxqC-YIuk3Kujrlw__0pq8f6zqzeArTDObZJMLs2jg5tBFwBHt-YtZkToRSeFVx/w400-h400/1.png" width="400" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;">Para iniciarmos aterrorizando na semana de Halloween, indicamos dois mangás e dois quadrinhos ideais para o mês do horror. Confira!</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"></p><b>HQ: Black Hole, de Charkes Burns</b><p></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjesDqLspv012mnKFDfbAKg7U5MJTONjya2G7XxtyKzpU1344az2HQTZyNjS0gnAh78wk3WNu7hlrmhj4w5gNv3Mj3SsXURpnyDXHiOq2YLCDwnR5nugWY0pliuMyVEz7QEYfd2CKBxAMvU-krsbfcRC5t_eIi30HRUTFYNcBbvZNYGsRAS5hXzJk-X/s905/blackhole.webp" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="905" data-original-width="604" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjesDqLspv012mnKFDfbAKg7U5MJTONjya2G7XxtyKzpU1344az2HQTZyNjS0gnAh78wk3WNu7hlrmhj4w5gNv3Mj3SsXURpnyDXHiOq2YLCDwnR5nugWY0pliuMyVEz7QEYfd2CKBxAMvU-krsbfcRC5t_eIi30HRUTFYNcBbvZNYGsRAS5hXzJk-X/w134-h200/blackhole.webp" width="134" /></a></div><div style="text-align: justify;">Black Hole é uma HQ lançada pela Darksidebooks e conta a história de adolescentes iniciando e levando suas vidas sexuais até serem atormentados por uma doença que causa a cada um individualmente alguma consequência física estranha. Com um leve teor de horror ao abordar cada ‘monstruosidade’ surgida após a infecção, um toque de niilismo ao abordar o mundo dos sonhos, e a violência e solidão da experiência de ser jovem, a HQ conquista, envolve e trazer o toque de horror prazeroso em acompanhar. </div><p></p><p></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: justify;"><div style="text-align: left;"><b>Mangá: Happiness, de Shuzo Oshimi </b></div><div style="text-align: left;"><br /></div></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><div style="text-align: left;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWxuRbiURMPQAhptciRKuojoqMuKN7Mu38oRPpr6_aO8PSThw8mjmpaSfC6xWPoqxDN7BdX00hiNo1XqjPYovQZ1UzbDIprXB5h0hv92MMUfDBzVx7hDM4mNuV2TTh7cgC_pL9nXkfADMDx1Kva1pOaMABQdp1JgS8tPWHdfCv_SPmvutBSddlJdOh/s1024/71PuV9-8ZWL.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: right;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="688" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWxuRbiURMPQAhptciRKuojoqMuKN7Mu38oRPpr6_aO8PSThw8mjmpaSfC6xWPoqxDN7BdX00hiNo1XqjPYovQZ1UzbDIprXB5h0hv92MMUfDBzVx7hDM4mNuV2TTh7cgC_pL9nXkfADMDx1Kva1pOaMABQdp1JgS8tPWHdfCv_SPmvutBSddlJdOh/w134-h200/71PuV9-8ZWL.jpg" width="134" /></a></div></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Happiness um mangá pouco conhecido, conta a história de Okazaki, que se torna um vampiro após ser mordido, mas antes esse mangá fosse apenas sobre vampiros adolescentes, porém ele vai além nos apresentando uma história empolgante e envolvente, com temáticas sombrias como a solidão, a violência e claro o horror no mundo sobrenatural e também no real e surpreende com seus plots que envolvem personagens sádicos, cruéis e fanáticos. </div><span style="text-align: justify;"></span></div><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><b style="text-align: left;">Mangá: Tomie, de Junji Ito </b></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFiUmGB1l9HlSEF-2-tDRd0u-O6FDBMy8Pv0-0hoCZQTpD9AZwaOX4QQoK2Bb9qzHJ3-V2t19kTmirgupi_81K16yvsY7KClEarwqnKTujyXzvm9E_JvpLarT2FHFpnN2fPXWZ_07NEiJ2zG0-JwtW3Vc49WbHG1m9YxLi5EILaX-HTuKO4Xb-bDoY/s500/510Mtvvm5SL.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: left;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="346" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFiUmGB1l9HlSEF-2-tDRd0u-O6FDBMy8Pv0-0hoCZQTpD9AZwaOX4QQoK2Bb9qzHJ3-V2t19kTmirgupi_81K16yvsY7KClEarwqnKTujyXzvm9E_JvpLarT2FHFpnN2fPXWZ_07NEiJ2zG0-JwtW3Vc49WbHG1m9YxLi5EILaX-HTuKO4Xb-bDoY/w138-h200/510Mtvvm5SL.jpg" width="138" /></a></div><p style="text-align: justify;">Tomie é uma jovem de beleza estonteante capaz de hipnotizar e seduzir qualquer homem à sua volta. Cabelos negros, pele impecável, pinta abaixo do olho esquerdo que leva a um um olhar fatal. Ela sabe que isso é um trunfo em si, tanto é que tem grande vaidade. Por outro lado, a beleza traz consigo uma maldição: à medida que o desejo pela jovem cresce, os mesmos rapazes, os quais ela controla, passam a sentir uma incessante e incontrolável vontade de machucá-la. E, na maioria das vezes, terminando com a Tomie esquartejada. Por outro lado, a maldição, a faz voltar a vida através das partes que ficam. É isso o que você vai encontrar nos dois volumes do mangá homônimo de Junji Ito. São uma série de histórias, publicadas entre 1987 a 2000, envolvendo essa personagem marcante lidando com o passar dos anos e a sua sina de ter tudo e ao mesmo tempo acabar com nada. Vale ressaltar que graficamente o mangá possui tons mais pesados, o que pode gerar certa gastura aos mais sensíveis. </p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"></p><br /><b>HQ: Mordida, de Sarah Andersen </b><div></div><div><br /></div><div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxEyhjgHtN5paOs8j-oSshKlzml3oIrlZ51L9jFTd--ZmJn_-K234wXQbKd3lAXmGcML6sg36y1isvlzOh-RMVM_si4XKjjek-2L45b7F8Q71oavgSz64OJSCOJhhpNU3RZYW5gSu0pp_RLGfM7Nfu_2F84ckE3wiNtgP7cH4_pFCR8T1N4Cs_X-uY/s650/mordida-sucesso-no-tiktok.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: right;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="429" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxEyhjgHtN5paOs8j-oSshKlzml3oIrlZ51L9jFTd--ZmJn_-K234wXQbKd3lAXmGcML6sg36y1isvlzOh-RMVM_si4XKjjek-2L45b7F8Q71oavgSz64OJSCOJhhpNU3RZYW5gSu0pp_RLGfM7Nfu_2F84ckE3wiNtgP7cH4_pFCR8T1N4Cs_X-uY/w132-h200/mordida-sucesso-no-tiktok.jpg" width="132" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Sarah já é bem conhecida por seus quadrinhos fofinhos mostrando a realidade de jovens que compartilham a vida com felinos. Ao contrário disso, em Mordida, sua mais recente HQ, a autora traz dois seres opostos do universo fantástico. De um lado uma jovem vampira que acumula anos de existência, um guarda-roupa preto gótico, uma centena de ex-namorados e incontáveis mortes na bagagem. Do outro um lobo mais reservado, que adora usar camisas xadrez e um bom bife malpassado. Dessa forma, vamos acompanhar de forma divertida os dois engatando um relacionamento cheio de idiossincrasias; ela tendo que lidar com o desejo constante por sangue e ele com as noites de lua cheia. A leitura é super rápida, mas apesar disso traz situações que podemos facilmente nos enxergar retratados, bem como as HQ anteriores da autora. </div><p></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: center;">Acompanhe também o Blog <a href="http://bardaliteraria.blogspot.com/" target="_blank">Barda Literária</a> durante a nossa Semana de Halloween.</p></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-39986198440846051672022-10-27T13:28:00.004-03:002022-10-27T14:07:06.963-03:00Mordida, de Sarah Andersen<div style="text-align: justify;">Sarah Andersen já é muito conhecida por sua série de quadrinhos mostrando, em sua maioria, a chegada a vida adulta e o amadurecimento junto aos felinos. Momentos que, em muitas das vezes, geram situações divertidas e de muito fácil identificação, afinal são do cotidiano de boa parte dos leitores.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6ZL5cIMa920mJ1wMGqnulo0ae6qEhZLdtIl5QUDZASGCvLYqWsMX8P94Hecs9erp_ZUIqSOQeYEvnLmEDK7u0p9nPC4KXpVjnVlaVYvF08vV33dXI-uZT2fQ4f8LMrxJJiRH1YdTpAvnENbTHw2X0j4ys3xkCXTPxfDaq8G6RA_ehV2zKs8BLyp-l/s1180/Picsart_22-10-27_13-19-53-723.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="884" data-original-width="1180" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6ZL5cIMa920mJ1wMGqnulo0ae6qEhZLdtIl5QUDZASGCvLYqWsMX8P94Hecs9erp_ZUIqSOQeYEvnLmEDK7u0p9nPC4KXpVjnVlaVYvF08vV33dXI-uZT2fQ4f8LMrxJJiRH1YdTpAvnENbTHw2X0j4ys3xkCXTPxfDaq8G6RA_ehV2zKs8BLyp-l/w640-h480/Picsart_22-10-27_13-19-53-723.jpg" width="640" /></a></div><br /><div style="text-align: justify;">Em Mordida, Sarah não está tão necessariamente preocupada em trazer situações que reflitam a realidade, mesmo que acabe sendo fácil se colocar diante de seus novos personagens. Aqui, ela parte de dois seres da mitologia fantástica para falar de relacionamento. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma vampira, de personalidade gótica, coração gelado e que acumula uma centena de anos, mortes e ex-namorados que começa a se envolver com um Lobo, mais reservado, solitário, estilo lenhador que adora usar camisas quadriculadas, comer um bom bife mal passado e que, junto a nova companheira vão lidar com suas idiossincrasias.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJWuwz6EeO1mgyjR5nR1gt-IthsBecFcYNiLs4d8O2tX3ujtU6P48FdSWA9ijsq4USYuOw3kvNSk3GBk1alibXQUGZ117tKwXfZipsx8yIIZ9MtyCphmNl1wESqwxM29QnfYT3V90oHpm-6PMWCyusEAqJbgR7jwT677iiRF021WGJuPSRlYn_PkRq/s2136/Picsart_22-10-27_13-22-17-752.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="2136" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJWuwz6EeO1mgyjR5nR1gt-IthsBecFcYNiLs4d8O2tX3ujtU6P48FdSWA9ijsq4USYuOw3kvNSk3GBk1alibXQUGZ117tKwXfZipsx8yIIZ9MtyCphmNl1wESqwxM29QnfYT3V90oHpm-6PMWCyusEAqJbgR7jwT677iiRF021WGJuPSRlYn_PkRq/w640-h480/Picsart_22-10-27_13-22-17-752.jpg" width="640" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Dessa relação saem momentos divertidos, onde a autora brinca com qualidades já conhecidas desses dois universos: de um lado um lobo tento que lidar com as transformações lunares e do outro uma vampira com sede de sangue tendo que se controlar. É clichê em partes, mas não deixa de ser divertido e nos transpor para um cenário romântico em que as diferenças, por mais gritantes que sejam, não atrapalha um casal com vontade de prosperar. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgocHP8ZBMT-4mAVMjr0K0GQOIVvSPI6mQxhvXUjMFCE_m2SnLwpdxkquKcDyTS0BhzF8xo-qs0J9ad5Q3w5D8aoxjlavK-YXP86eYb_H3aojGWEGpA6IkD8oP6msrErXo_r26z-gqmAX-Uug2JgIyFjXJz0VEnZ81YOdsUScYYRP8F9HF_cmeAH-Zb/s2136/Picsart_22-10-27_13-23-46-070.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="2136" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgocHP8ZBMT-4mAVMjr0K0GQOIVvSPI6mQxhvXUjMFCE_m2SnLwpdxkquKcDyTS0BhzF8xo-qs0J9ad5Q3w5D8aoxjlavK-YXP86eYb_H3aojGWEGpA6IkD8oP6msrErXo_r26z-gqmAX-Uug2JgIyFjXJz0VEnZ81YOdsUScYYRP8F9HF_cmeAH-Zb/w640-h480/Picsart_22-10-27_13-23-46-070.jpg" width="640" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghoHqaCM31D3cuBU03jp2roG3i0a6G67jGcqa7CLEZtH9nvp1OnK1DZCahCWbyrWa-sME_rmcrOeHJm_1PzjDW3XRZ3tpa3BNk_9vdkZ0PDY1wun0xgldF2-WsLewK-6YOAmTrbWavCMMYgiGIYbZ2FVjU5gIjKZSwBDHRPIAPL05fNOuQ4uVedPGZ/s2136/Picsart_22-10-27_13-25-49-704.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="2136" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghoHqaCM31D3cuBU03jp2roG3i0a6G67jGcqa7CLEZtH9nvp1OnK1DZCahCWbyrWa-sME_rmcrOeHJm_1PzjDW3XRZ3tpa3BNk_9vdkZ0PDY1wun0xgldF2-WsLewK-6YOAmTrbWavCMMYgiGIYbZ2FVjU5gIjKZSwBDHRPIAPL05fNOuQ4uVedPGZ/w640-h480/Picsart_22-10-27_13-25-49-704.jpg" width="640" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma leitura simples, confortável e que pode arrancar um risinho fácil do leitor. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEmtiL_HgJnUSe2u5fNI--5KxEdTUJZDqka0E1ZAvzmph99Skvtae2Gelu2jGhk7ypXg8ztRODeAdILw0EwXyWIc99th77hE3jtnH9SRyHDFfShNyReFb66Vpqq0TGXBTQMoSCbWhDiZkd_a2tO7xE63f1FWcZKn5Jhz_QhhLRh71MrPe-0FolrHSa/s650/mordida-sucesso-no-tiktok.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="650" data-original-width="429" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEmtiL_HgJnUSe2u5fNI--5KxEdTUJZDqka0E1ZAvzmph99Skvtae2Gelu2jGhk7ypXg8ztRODeAdILw0EwXyWIc99th77hE3jtnH9SRyHDFfShNyReFb66Vpqq0TGXBTQMoSCbWhDiZkd_a2tO7xE63f1FWcZKn5Jhz_QhhLRh71MrPe-0FolrHSa/w132-h200/mordida-sucesso-no-tiktok.jpg" width="132" /></a></div><div style="text-align: justify;"><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><br />~.~.~.~.~.~ </div><h3 style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #2c3e50; font-family: "Playfair Display"; font-size: 21px; margin: 0px 0px 15px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Ficha técnica: </h3><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;"><b style="background: 0px 0px; border: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Título</b>: Mordida| Autor: Sarah Andersen | Título original: Fangs Tradução: Sofia Soter | Editora: Seguinte| Edição: 1 | Ano: 2021| Gênero: Quadrinhos / HQs | Páginas: 112| ISBN: 9788555341441</div><div style="background: 0px 0px rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #656565; font-family: "Noto Sans", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: center; vertical-align: baseline;">Resenha de número: 441</div></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-53733489385348220862021-06-03T01:43:00.005-03:002021-06-19T19:26:59.663-03:00Projeto Leitura Feminista: um convite à equidade<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgha1cG2eweT7OPRv9EOxHt3ZxxahIFlVjeybnKLRJn8Yn5dpPM3zLtOOfQ4Ojt5mGykBM7PKgBS2DaIfK2YBiWf2ISkVWv1CMDwLUMIIKx6gUFxl0s-M5KJDjmlFgeH6kqfS8Hbc70cg/s1280/WhatsApp+Image+2021-06-02+at+19.57.27.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgha1cG2eweT7OPRv9EOxHt3ZxxahIFlVjeybnKLRJn8Yn5dpPM3zLtOOfQ4Ojt5mGykBM7PKgBS2DaIfK2YBiWf2ISkVWv1CMDwLUMIIKx6gUFxl0s-M5KJDjmlFgeH6kqfS8Hbc70cg/w640-h360/WhatsApp+Image+2021-06-02+at+19.57.27.jpeg" width="640" /></a></div><p style="text-align: justify;"><br /></p>Com imenso prazer aceitei o convite de Leticia Rodrigues (<a href="http://bardaliteraria.blogspot.com/" target="_blank">Barda Literária</a>) e da autora Lilian Farias (<a href="http://www.poesianaalma.com.br/" target="_blank">Poesia na Alma</a>) para, junto à Maria Valéria (<a href="http://naliteraturaselvagem.blogspot.com/">Na Literatura Selvagem</a>), me juntar ao projeto que ambas criaram de Leitura Coletiva Feminista. O projeto que surgiu em 2019, como o título sugere, tem como proposta ler e discutir obras de cunho feminista e sobre o movimento tão necessário. <p></p><p style="text-align: justify;">Em 2021, o projeto se expande, como dito, com a participação dos blogs De Cara Nas Letras e o Na Literatura Selvagem, com o intuito também de trazer maior diversidade e consequentemente enriquecer o debate.</p><p style="text-align: justify;">O Projeto consiste em realizarmos periodicamente uma Leitura Coletiva entre os blogs com convite aberto aos leitores. Haverá debates nas redes sociais, com compartilhamento de opinião durante a leitura e ao final resenha nos blogs participantes e um bate papo online. O objetivo do projeto é trazer leituras feministas de forma acessível a todos os públicos e com diversidade. </p><p style="text-align: justify;">Portanto, nessa nova fase do projeto, escolhemos obras que tragam o tema em questão e que possam gerar discussões pertinentes. Os livros escolhidos seguiram critérios que levaram em consideração o gênero literário da obra para não ficarmos apenas engessados em textos teóricos, uma vez que podemos retirar questionamentos de um romance, de um conto ou até mesmo um quadrinho, por exemplo; também a nacionalidade e claro o próprio conteúdo das obras. </p><p style="text-align: justify;">Eis a lista dos escolhidos: </p><p style="text-align: justify;"></p><ul><li><b>Sobre-viventes, de Cidinha da Silva;</b></li><li><b>Complexo de Cinderela, de Colette Dowling;</b></li><li><b>Gênero, patriarcado, violência, de Heleieth Saffioti;</b></li><li><b>Objeto Sexual por, Jessica Valenti;</b></li><li><b>Persepolis, por Marjane Satrapi;</b></li><li><b>Garotas Mortas, de Selva Almada. </b></li></ul><p></p><p style="text-align: justify;">Particularmente falando, a principio temi um pouco ao aceitar entrar no projeto e falar sobre essas obras. Por outro lado senti e sinto a necessidade de ficar a par do pensamento feminista e também aprender mais sobre suas lutas e seus objetivos, uma vez que também é de meu interesse essa busca pela igualdade e equidade tanto quando se fala em gênero quanto de outras desigualdades que nunca concordei. Logo, estudar e aprender, me dão arcabouços para que, com os privilégios que já reconheço, possa entender como contribuir.</p><p style="text-align: justify;">Aqui fica o nosso convite a você para que participe também do projeto. Afinal, quais obras feministas você conhece ou já leu? Conhece o movimento e seus objetivos? Já teve acesso à obras que falassem sobre o tema? Conversa com a gente, vamos compartilhar experiências. </p>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-19819229863901720992020-09-03T17:25:00.002-03:002021-03-19T12:47:52.129-03:00A queda para o alto, de Anderson Herzer<div style="text-align: justify;">
<span style="text-align: left;">Natural de Rolândia, no Paraná, a</span>os quatro anos de idade, Anderson Herzer recebeu a notícia de que seu pai fora assassinado, pouco tempo depois, ainda na primeira infância, sua mãe também iria lhe deixar. A história que começa triste está narrada no livro A queda para o Alto em que o autor traz textos e poemas autobiográficos relatando os seus dias, principalmente quando passou a viver na FEBEM (Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor) na cidade de São Paulo - SP durante a década de 1970.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibPxQIFVcSVuDJYr2gjeiIVxhctUVjexbOu4ad0OlNwAucbVMAa5oK9Y1lc-1L8Jfn8T-gFwVX3X0Dkoed03vPYq9cKcCWA2wYyz3i-qNCUxEcxKMex0TuW4oPASsBIp_NmlXe8zlu6E8/s1600/IMG_20200903_170432.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1096" data-original-width="1600" height="438" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibPxQIFVcSVuDJYr2gjeiIVxhctUVjexbOu4ad0OlNwAucbVMAa5oK9Y1lc-1L8Jfn8T-gFwVX3X0Dkoed03vPYq9cKcCWA2wYyz3i-qNCUxEcxKMex0TuW4oPASsBIp_NmlXe8zlu6E8/s640/IMG_20200903_170432.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Anderson Herzer passou a viver com os tios após virar órfão. Todavia, o relacionamento com eles não era dos melhores; sua tia sentia ciúmes da então "garota" e o tio já começava a demonstrar investidas abusivas. É então que, aos 14 anos e com um histórico escolar envolvendo brigas, consumo de álcool e outras drogas recreativas, que o jovem chega à FEBEM sob a denuncia da própria tia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É na fundação que ele se descobre como um homem transexual, e adota o nome de Anderson Herzer, mais conhecido pelo apelido de Bigode. Também é no internato que grande parte de sua vida se desenvolve e que nos é transmitida através de um relato cheio de violência advindo dos superiores, os relacionamentos que o mesmo viveu e a sua busca constante pela liberdade em meio à fugas que o levaram sempre de volta à prisão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
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</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQdrjhDHt-WU1BONRMI2VzCBiyMcYllF3ikrxjM2WdYtGYHgZ-PVh_hMYZnw9V3fda-NV4UzTfeOSf-MZLXgzVLElRFDpu4NUYRad6W9BySmXIWSedS6zfmBLsueivPoMCECSCZPMwFYc/s1600/IMG_20200903_165711.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="864" data-original-width="1600" height="344" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQdrjhDHt-WU1BONRMI2VzCBiyMcYllF3ikrxjM2WdYtGYHgZ-PVh_hMYZnw9V3fda-NV4UzTfeOSf-MZLXgzVLElRFDpu4NUYRad6W9BySmXIWSedS6zfmBLsueivPoMCECSCZPMwFYc/s640/IMG_20200903_165711.jpg" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Sua identidade de gênero, e as dos demais tratados como "machões", são sempre levadas como brincadeira pelos superiores, principalmente quando esses são do sexo masculino ao contestarem e afirmarem que não se tratam de homens de verdade porque possuem "duas bolas".</div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
"Estas palavras me ardiam ao fundo da razão, como seria o mundo se todos os homens trouxessem sua virtude, seu caráter no formato de duas bolas?" (p.115)</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
Da mesma forma, o autor relata o menosprezo do amor homossexual: "<i>[...] será que deve ser desprezado somente por um amor que a sociedade não aceita? Mas a própria sociedade também cultiva este modo de amar</i>." (p. 124).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A obra é dividida em duas partes, a primeira, e mais extensa se atém ao seu relato, já na segunda temos então a faceta do autor como poeta. Seus poemas falam das dores sofridas, dos anseios de futuro e o desengano com a vida. Apesar de carregarem a melancolia de suas vivencias, também trazem belos textos que falam de amor, saudade e o desejo de um mundo melhor e unido.</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<b>Encontrando o que se quer</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu queria ser da noite o sereno<br />
e umedecer o vale seco e pequeno.<br />
Eu queria, no dia claro, luzir<br />
para ao amor todo o povo conduzir.<br />
Eu queria que branca fosse a cor da terra<br />
E não vermelha para inspirar a guerra.<br />
Eu queria que o fogo me cremasse<br />
para ser as cinzas de quem hoje nasce.<br />
Eu queria que os belos poemas fosse de Deus<br />
para neles encontrar as virtudes dos irmãos meus.<br />
Eu queria, como queria, saber perder<br />
para de ti, agora, tanta saudade não ter.<br />
Eu queria morrer nesse instante sozinho<br />
para novamente ser embrião e nascer<br />
- eu só queria nascer de novo, para me ensinar a viver!</div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCJ0WteWmMV1hj6Q8m941bbrbM4jmcssbV3nBAQNrxHaNNrokax5CGHn-DJe-boxCD1bixIakAFYHMs8WRI-m6B4s0nAXYyopS_vskJxdslQvqUe0AjuDBZNpFDOYvD-qLuTKVoJg2Sbw/s1600/IMG_20200903_170351.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="745" data-original-width="1600" height="296" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCJ0WteWmMV1hj6Q8m941bbrbM4jmcssbV3nBAQNrxHaNNrokax5CGHn-DJe-boxCD1bixIakAFYHMs8WRI-m6B4s0nAXYyopS_vskJxdslQvqUe0AjuDBZNpFDOYvD-qLuTKVoJg2Sbw/s640/IMG_20200903_170351.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A vida é mais dolorosa para aqueles que nasceram com o dom da sensibilidade e através de suas palavras. Hazer faz um relato direto, denunciando abusos sem poupar detalhes e é por meio dele que podemos entender melhor a perspectiva e as necessidades daqueles que estão à margem. Infelizmente, mesmo com o auxílio do então deputado estadual Eduardo Suplicy, Herzer não suportou a dor do mundo e cometeu suicídio aos vinte anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9JDYVbr5XlkECKtXg8h6cvV221zfnT08nfIupl0i9ymjc7XCXafZy9BONY0XnjldOL4yUrTZT9to9ANiFR2ZhS_NLEjgy2_S8j9ETi_46V2qg5xO2dAaA49jOnDuJJH-l7GttWa3eZT0/s1600/Festival_Berlin+%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="504" data-original-width="940" height="342" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9JDYVbr5XlkECKtXg8h6cvV221zfnT08nfIupl0i9ymjc7XCXafZy9BONY0XnjldOL4yUrTZT9to9ANiFR2ZhS_NLEjgy2_S8j9ETi_46V2qg5xO2dAaA49jOnDuJJH-l7GttWa3eZT0/s640/Festival_Berlin+%25281%2529.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">cena de Vera, 1986, Ségio Toledo</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em 1986, é lançado o filme Vera, drama biográfico baseado vida do Herzer digirido e escrito por Sérgio Toledo. A obra conta com Ana Beatriz Nogueira no papel principal, a qual venceu o Urso de Prata, como melhor atriz e trilha sonora premiada de Arrigo Barnabé, Roberto Ferraz e Tércio da Motta. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<h2 style="text-align: center;">
~.~.~.~.~.<br />Ficha técnica: </h2>
<div style="text-align: center;">
<b>Título</b>: A queda para o alto | <b>Autor</b>: Anderson Herzer | <b>Editora</b>: Vozes| <b>Edição</b>: 17 | Ano: 1988 | <b>Gênero</b>: autobiografia e poesia | <b>Páginas</b>: 200| ISBN: 853260384X </div>
<div style="text-align: center;">
Resenha de número: 440</div>
Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-47241096686441039132020-09-01T17:06:00.000-03:002021-03-19T12:47:52.199-03:00Sesc Paraíba promove Oficina de Escrita Literária<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQyEddZLJbhshSnbVUhhRE3HiO77tXX4dDATJpwDemdfLQ6q29TSdUAhwzSDGnF6pCJTZdGdRadmLm8PZ-EcyCYRyLAm0bjuZQFFL1RX3ZTm98VXncdNZ_iLyv8WLiKXZt8v2sHy1DSmA/s1600/Sesc+PB+promove+Oficina+de+Escrita+Liter%25C3%25A1ria-1.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQyEddZLJbhshSnbVUhhRE3HiO77tXX4dDATJpwDemdfLQ6q29TSdUAhwzSDGnF6pCJTZdGdRadmLm8PZ-EcyCYRyLAm0bjuZQFFL1RX3ZTm98VXncdNZ_iLyv8WLiKXZt8v2sHy1DSmA/s640/Sesc+PB+promove+Oficina+de+Escrita+Liter%25C3%25A1ria-1.png" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
No período de 14 a 18 de setembro, o escritor e dramaturgo Wilson Coelho (ES) ministrará uma oficina de escrita literária. Wilson é Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), possui 19 livros publicados e 25 peças montadas, é professor, palestrante e oficineiro. Em 2013, recebeu a insígnia de Commandeur Exquis por L’Ordre de la Grande Gidouille do Colégio de Patafísica de Paris. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sua oficina é voltada para estudantes dos cursos de Letras, Jornalismo, dramaturgos, atores e todos os interessados pela escrita literária que desejam aperfeiçoar a escrita. A atividade ocorrerá das 19h às 21h na plataforma Google Meet e as inscrições são feitas de forma gratuita através do link:<br />
</div>
<div style="text-align: center;">
<a href="http://bit.ly/OficinaArteDaPalavra2020">http://bit.ly/OficinaArteDaPalavra2020</a></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<h3 style="text-align: left;">
Arte da Palavra </h3>
<div style="text-align: justify;">
O Arte da Palavra - Rede Sesc de Leituras é um circuito de literatura que percorre todas as regiões do país com o objetivo de estimular a formação de leitores e promover o intercâmbio e a divulgação de novos autores. O projeto oferece ações que atuam em toda a cadeia da literatura, valorizando obras e escritores brasileiros e as novas formas de produção literária.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Neste ano, o evento chega à 4ª edição com uma versão inédita. Por conta das mudanças provocadas pela pandemia do novo coronavírus, o projeto contará com uma programação online, reunindo performances artísticas e oficinas de criação. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Projeto Arte da Palavra é um projeto do Departamento Nacional do Sesc em parceria com o Sesc Paraíba. Para outras informações, os interessados podem entrar em contato pelo telefone (83) 3341-5800 ou pelo e-mail culturasesccg@gmail.com. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-size: xx-small;"><i>via Ascom SESC PB</i></span></div>
Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-34793924533680526322020-09-01T14:56:00.001-03:002021-03-19T12:47:52.232-03:00Companhia das Letras relança obras do escritor japonês Yukio Mishima em formato digital<div style="text-align: justify;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJPb2g-yVL6hQaZV6YvZ7bTy9iXj0jjFGxdl9g82VZLqKG5fv0g37HkjUxKUMKA_gHKVGXbW8OvBZ9G3tvpjEFM8V_jL6b5xz_1QTgTYuS-OtacZ0VKU3lv1GXhJiDKT5G1J3Nog4MADU/s1600/unnamed.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="256" data-original-width="512" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJPb2g-yVL6hQaZV6YvZ7bTy9iXj0jjFGxdl9g82VZLqKG5fv0g37HkjUxKUMKA_gHKVGXbW8OvBZ9G3tvpjEFM8V_jL6b5xz_1QTgTYuS-OtacZ0VKU3lv1GXhJiDKT5G1J3Nog4MADU/s400/unnamed.jpg" width="400" /></a></div>
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<br />
Grande admirador das tradições milenares da cultura japonesa, especialmente da conduta virtuosística dos samurais, Yukio Mishima — pseudônimo de Hiraoka Kimitake — viveu a literatura como se fosse parte indissociável de sua existência. Além de romances, escreveu também poemas, ensaios e peças teatrais. Crítico contumaz da degradação do Japão moderno, permaneceu sempre em luta pela retomada dos valores clássicos do seu país, até cometer suicídio, em 1970. </div>
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Enquanto a editora avalia a reimpressão de sua obra, disponibiliza em e-book, quatro romances do autor nas plataformas Amazon e Kobo e, em breve, na Google Play e Apple Books. </div>
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<a href="https://scontent.frec3-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/118420417_10157605398271408_6715481506137160920_o.png?_nc_cat=107&_nc_sid=730e14&_nc_eui2=AeGVNw5DNcLtFsIfjcXywxDx0kmGruXAW1zSSYau5cBbXEWRLbkGBUO1BxttMD9To-qNqUGvcYDDrMn6QIxSoxCT&_nc_ohc=BsKRm0MFjxQAX8pQxfn&_nc_ht=scontent.frec3-2.fna&oh=5f8389ac34a82d8ec461a5608d86621b&oe=5F711B17" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="640" src="https://scontent.frec3-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/118420417_10157605398271408_6715481506137160920_o.png?_nc_cat=107&_nc_sid=730e14&_nc_eui2=AeGVNw5DNcLtFsIfjcXywxDx0kmGruXAW1zSSYau5cBbXEWRLbkGBUO1BxttMD9To-qNqUGvcYDDrMn6QIxSoxCT&_nc_ohc=BsKRm0MFjxQAX8pQxfn&_nc_ht=scontent.frec3-2.fna&oh=5f8389ac34a82d8ec461a5608d86621b&oe=5F711B17" width="640" /></a></div>
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“Confissões de uma máscara” (trad. Jaqueline Nabeta) Autobiográfico, o romance conta a história de um adolescente que, no Japão da Segunda Guerra, descobre a própria homossexualidade. Por detrás da máscara com que encobre sua natureza, porém, ele sabe que não corresponde aos padrões convencionais e que terá de enfrentar conflitos e preconceitos:<br />
<br /></div>
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“Mar inquieto” (trad. Leiko Gotoda) O amor proibido de Shinji, um jovem pescador, e Hatsue, a filha de um poderoso morador da ilha japonesa de Utajima. Nesta narrativa breve, de estilo cristalino, Mishima transforma o romance numa fábula de inspiração shakespeareana que aponta para desejos e destinos universais:<br />
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“Cores proibidas” (trad. Jefferson José Teixeira) Depois de três casamentos fracassados, a paixão que move Shunsuke é sua profunda misoginia. Seu único prazer é contemplar o sofrimento das mulheres. Quando encontra Yuchi, um jovem homossexual de beleza rara, Shunsuke vê no rapaz o instrumento para sua vingança contra as mulheres, o meio perfeito para lhes causar infinito sofrimento: </div>
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<a href="https://scontent.frec3-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/118423795_10157605398381408_1887246721526241984_o.png?_nc_cat=100&_nc_sid=730e14&_nc_eui2=AeHxb7_hgFm_eCOz3DggVpjbIjsbP5dD8mgiOxs_l0PyaBAAaRMAhYkTQqrbmwy0ykeJZI6aX1Jl5qfCeLFst8vk&_nc_ohc=yeIRrQoCdb8AX-b5h7j&_nc_ht=scontent.frec3-2.fna&oh=58a5d8226c9c09a91dd3b189750539e8&oe=5F74270C" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="800" height="640" src="https://scontent.frec3-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/118423795_10157605398381408_1887246721526241984_o.png?_nc_cat=100&_nc_sid=730e14&_nc_eui2=AeHxb7_hgFm_eCOz3DggVpjbIjsbP5dD8mgiOxs_l0PyaBAAaRMAhYkTQqrbmwy0ykeJZI6aX1Jl5qfCeLFst8vk&_nc_ohc=yeIRrQoCdb8AX-b5h7j&_nc_ht=scontent.frec3-2.fna&oh=58a5d8226c9c09a91dd3b189750539e8&oe=5F74270C" width="640" /></a></div>
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“O pavilhão dourado” (trad. Shintaro Hayashi) Neste livro brilhante, Yukio Mishima conta a história de Mizoguchi, adolescente inseguro e introspectivo. Narrado de forma densa e original, o romance mostra que a beleza absoluta pode ser tão opressiva e enlouquecedora quanto qualquer imperfeição: ⠀<br />
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<span style="font-size: xx-small;"><i>via ascom: Companhia das Letras</i></span></div>
Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-53394106405553276322020-08-31T19:23:00.001-03:002021-03-19T12:47:52.264-03:00Norma, de Sofi Oksanen<div style="text-align: justify;">
<b>Norma Ross</b> nasceu com uma diferença peculiar: seus cabelos crescem de forma sobrenatural conforme as diversas mudanças de seu humor, mas apesar disso, sua mãe, Anita, nunca a tratou isso de modo diferente, pelo contrário, essa peculiaridade sempre foi algo normal para elas. A relação de ambas nunca deixou de ser de amor e afeto. No entanto, quando Anita morre, a filha custa a acreditar que realmente tenha sido suicídio. Ao vasculhar as coisas deixadas por sua mãe, a jovem mergulha numa onda de mistérios acerca não só de sua condição, mas também do tráfico ilegal de cabelos que pode ter levado a morte de sua mãe. É aqui também que o romance se volta para o sombrio mercado ilegal de bebês.</div>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIXrhF1jlcofbN2DdyMNdI3M4FtSjK1MVECeUMC07i1aygPLp4Oc-zvSjzF_AIwguW8elleyQB5kF1cNLUNO9b_lcecRq_n_3BengMgAL3kdqrQANnwSq7uiblqHsHSdlPTdKQ_dfMP1E/s1600/PicsArt_07-31-05.13.21.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="853" data-original-width="1137" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIXrhF1jlcofbN2DdyMNdI3M4FtSjK1MVECeUMC07i1aygPLp4Oc-zvSjzF_AIwguW8elleyQB5kF1cNLUNO9b_lcecRq_n_3BengMgAL3kdqrQANnwSq7uiblqHsHSdlPTdKQ_dfMP1E/s640/PicsArt_07-31-05.13.21.jpg" width="640" /></a></div>
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Ao descobrir demais e tentar se libertar, Norma acaba presa, tem sua liberdade retirada na própria coisa que causava o seu enclausuramento. Embora ela passe o livro inteiro procurando essa fuga para o desconhecido, as marcas do passado, as pessoas e os medos voltam a lhe perturbar diariamente - algo que deverá aprender a conviver; uma verdadeira prisão sem muros. </div>
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<br /></div>
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Apesar da sinopse instigante, que promete um Thriller, a obra não é bem isso, ela segue em um ritmo monótono, são poucos os momentos que trazem ações batidas que remetem a adrenalina da máfia ucraniana ou a algo do gênero. </div>
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Já a escrita de Sofi Oksanen, autora finlandesa, é bem polida e limpa, não perde tempo em longas descrições de espaço, mas introduz bem o leitor no psicológico de suas personagens centrais. A narrativa é intercalada com vídeos deixados pela mãe de Norma, os quais complementam bem a história. </div>
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<br /></div>
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O realismo mágico que a autora traz é bem natural, tão natural que não sentimos ser algo absurdo dentro do contexto de realidade. Também não é o foco de "Norma" ter isso como assunto central, embora seja a base para os conflitos e mistérios que seguem a obra. Ao tocar em temas como o mercado negro de cabelos e o mercado negro de bebês, a autora também transmite uma boa reflexão sobre exploração da mulher nesses segmentos. </div>
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<br /></div>
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Em suma, é uma ótima leitura. </div>
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<h3 style="text-align: center;">
Ficha técnica: </h3>
<div style="text-align: center;">
<b>Título</b>: Norma | Autor: Sofi Oksanen | Tradução: Pasi Loman e Lilia Loman | Editora: Record | Edição: 1 | Ano: 2017 | Gênero: romance finlandes| Páginas: 322| ISBN: 9788501109613</div>
<div style="text-align: center;">
Resenha de número: 439</div>
Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-39642085629793148612020-08-16T14:03:00.001-03:002021-03-19T12:47:52.297-03:00O paraíso são os outros, de Valter Hugo Mãe<p> "O amor constrói", diz a simpática narradora de <b>O paraíso são os outros</b>, livro do autor português Valter Hugo Mãe que contrapõe a celebre frase do pensador francês Jean-Paul Sartre.</p><div><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh76gPFimiYqdVzjSRfZVXhyQHcFs7R8Yo0M-6OgQ4Qz1KwjcbTqUA09dUh7M5Ln16a5wQnwcNIUvA21WOCsuuM5kZRoLbGAi62dO1qCWuo34HHu5iZkm9nd1WRJyweaW4b8CNdqI6Z_wc/s1600/PicsArt_07-17-04.03.17.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh76gPFimiYqdVzjSRfZVXhyQHcFs7R8Yo0M-6OgQ4Qz1KwjcbTqUA09dUh7M5Ln16a5wQnwcNIUvA21WOCsuuM5kZRoLbGAi62dO1qCWuo34HHu5iZkm9nd1WRJyweaW4b8CNdqI6Z_wc/s640/PicsArt_07-17-04.03.17.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div>Em forma de monólogo curto, o livro traz uma menina falando sobre o que ela aprendeu até então sobre alguns sentimentos universais, principalmente o amor e suas várias formas de se apresentar: "Há casais de mulher com homem, de homem com homem e outros de mulher com mulher. Depois, há casais de pássaros, coelhos, elefantes, besouros. Os pinguins são absurdamente fiéis, quero dizer: há também casais de pinguins, e até de golfinhos. Tudo por causa do amor."<br /><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://s3.amazonaws.com/cdn.globolivros.com.br/livros/1974/medium_1974.jpg?1528138383" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="369" data-original-width="250" height="320" src="https://s3.amazonaws.com/cdn.globolivros.com.br/livros/1974/medium_1974.jpg?1528138383" width="216" /></a></div><br /></div><div>É através do olhar infantil que enxergamos a perfeição e a plenitude que esse sentimento desperta ou deve despertar nas pessoas. Mesmo nunca tido se apaixonado, nossa narradora acredita que "Os casais formam-se para serem o paraíso.", caso contrário, e haja desentendimentos e brigas, não se trata de amor e rapidamente "a maldade deve ser eliminada logo na primeira situação.", para que haja felicidade.<br /><br /></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR99wL8gG0bte5r1wi4LWrz-tPo7B-WhVhUtJNcq6NJf2dlDvaOAZUoLSsMJi60UfaadJzZKPWKYgyX3hnsjhddZdPMJ6GVrKE1ln8RqrVn1vr0E2KHrW8eJ4mUj1yEXH3DNoYp4Dnj3g/s1600/PicsArt_07-17-04.10.36.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR99wL8gG0bte5r1wi4LWrz-tPo7B-WhVhUtJNcq6NJf2dlDvaOAZUoLSsMJi60UfaadJzZKPWKYgyX3hnsjhddZdPMJ6GVrKE1ln8RqrVn1vr0E2KHrW8eJ4mUj1yEXH3DNoYp4Dnj3g/s640/PicsArt_07-17-04.10.36.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div>VHM explica que este livro nasceu logo após o romance A desumanização, também narrado por uma criança. Mesmo cheio de poesia, O paraíso são os outros, ao contrário do romance, é convincente e consegue nos envolver por ser curto e tratar de um assunto próximo que muito dialoga conosco. Fala sobre aceitar o outro da forma que é, enxergar suas diferenças como qualidades únicas e abrir espaço para que todos tenham a sua vez dentro do relacionamento proposto. </div><div><br /></div><div><blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">"O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer."</blockquote><br /><h3 style="text-align: center;">~.~.~.~.~.~ </h3><h3 style="text-align: center;">Ficha técnica: </h3><div style="text-align: center;"><b>Título</b>: O Paraíso São Os outros a | <b>Autor</b>: Valter Hugo Mãe | <b>Editora</b>: Biblioteca Azul | <b>Edição</b>: 1 | <b>Ano</b>: 2018 | <b>Gênero</b>: romance português | <b>Páginas</b>: 64| ISBN: 9788525065971 </div><div style="text-align: center;">Resenha de número: 438</div></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-77345944475894602892020-08-16T14:02:00.005-03:002021-03-19T12:47:52.329-03:00A caderneta Vermelha, de Antoine Laurain<p> <span style="text-align: justify;">Durante uma caminhada matinal, próximo à uma cafeteria, o livreiro</span><span style="text-align: justify;"> </span><b style="text-align: justify;">Laurent Lettellier</b><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">encontra, em cima de uma lixeira, uma bolsa feminina lilás que, aparentemente, acabou de ter sido furtada e abandonada pelo assaltante que surrupiou os pertences de maior valor financeiro e jogou fora os que julgou sem serventia.</span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitrY0y1RzxuusaNVKnPtGL6AKtS8-n7zGOoTmNEabkHlKzzV0RYIUOzjT8p-HM-JmuXWRxrLBx3rLixiMROi9R9Be6GqSRclDWM72xVueJFGXYs-k2YmXavOOrHL3LawtBBWM6C-RLTDU/s1600/00000IMG_00000_BURST20200611160000643_COVER.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1068" data-original-width="1600" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitrY0y1RzxuusaNVKnPtGL6AKtS8-n7zGOoTmNEabkHlKzzV0RYIUOzjT8p-HM-JmuXWRxrLBx3rLixiMROi9R9Be6GqSRclDWM72xVueJFGXYs-k2YmXavOOrHL3LawtBBWM6C-RLTDU/s640/00000IMG_00000_BURST20200611160000643_COVER.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;">Dentro da bolsa, Laurent se depara com objetos pessoais de uma mulher como um espelho antigo, perfume, batom, um livro autografado pelo Prêmio Nobel de 2014 <b>Patrick Modiano</b> e uma caderneta moleskine vermelha contendo anotações e pensamentos que vão desde listas de afazeres, à listas de medos e gostos. Interessado pela personalidade dessa mulher, Laurent se sente fascinado e motivado a encontrá-la a fim de devolver-lhe os seus pertences. Mas como encontrar uma pessoa que você não tem informação alguma sobre quem ela é, seu endereço e sobrenome? E como se não bastasse a ausência disso, a dona da bolsa sofreu uma concussão durante o assaltou que a deixou hospitalizada em coma, o que pode dificultar ainda mais a busca.</div><div style="text-align: justify;"><blockquote class="tr_bq">Laurent se viu diante de uma mulher quebra-cabeça. Uma silhueta imprecisa, como se estivesse atrás de uma vidraça coberta de vapor, um rosto semelhante Àqueles que encontramos nos sonhos e cujos traços se embaralham quando tentamos rememorá-los. p.37</blockquote></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRSVlGXjhLvlMAnDvFvU01JUtSDpiVQCESKpdwubNtBcRKld_b788KE6OsqmXKxmann4gTXBacyJH47SCpgWxWTafcOSKpqeCR-LS7xigVdrt8MQb9Coh6MNV1W3w4tqII1KwFINVqM5E/s1600/HYPER_20200611_160056_null.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="960" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRSVlGXjhLvlMAnDvFvU01JUtSDpiVQCESKpdwubNtBcRKld_b788KE6OsqmXKxmann4gTXBacyJH47SCpgWxWTafcOSKpqeCR-LS7xigVdrt8MQb9Coh6MNV1W3w4tqII1KwFINVqM5E/s640/HYPER_20200611_160056_null.jpg" width="640" /></a></div><b><br /></b><b>Antoine Laurain</b> traz uma escrita limpa e charmosa que se desenvolve em capítulos curtos e parágrafos longos. Sua narrativa se intercala entra <b>Laurent e Laure Valadier</b> <strike>(séria uma referencia ao sobrenome do autor?)</strike>, a personagem feminina a quem pertence a bolsa. Além disso, traz em sua construção, trechos da caderneta com pensamentos de sua dona. Ambos estão na meia idade: ele é separado, abandonou a carreira no direito para se dedicar totalmente ao prazer de ser livreiro e possui uma filha de dezesseis anos; já Laure é viúva e trabalha como douradora (profissão que aplica folhas de ouro em superfícies como livros e molduras), seus pais já morreram e o único laço familiar que possui é sua irmã que vive em outro país. Sua companhia diária é seu gato chamado Belphégor, o qual também tem um papel em destaque durante certa passagem do romance.</div><div style="text-align: justify;"><br /><blockquote class="tr_bq">Não, jamais vou poder comprar tudo o que estava ali dentro. Ninguém pode comorar de novo uma parte da sua vida. Isso deve parecer ao senhor uma bobagem, eu sei, mas é assim. p.102</blockquote></div><div style="text-align: justify;">O livro traz muitas referências a autores franceses, visto que um dos personagens centrais é dono de uma livraria e vive envolto nesse universo. O que é ótimo para anotar boas dicas de autores que não conhecemos. Em dado momento da obra, é descrito um encontro do personagem com o escritor Patrick Modiano tão bem escrito que chegamos a acreditar que de fato é real.</div><div style="text-align: justify;"><br /><blockquote class="tr_bq">A consciencial de que o mundo e a vida são completamente absurdos desencadeia esses ataques de riso de tirar o fôlego, ao passo que a mesma ideia, vinde anos mais tarde, só provocará um suspiro resignado. p. 53</blockquote><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrVXxr-XhK1kmrtpxiDXB9WvVIdSEiTqp6YyZSJUESaNFGJ-SwsZ47g89raT3hG9VYTwC5PRd5SBLhCHTjR942UDKWFe2rs50hIz2gUvisKywDOXvjY2kvKbEwdQEznF6a0ADOSOlyFbY/s1600/HYPER_20200611_160144_null.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1600" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrVXxr-XhK1kmrtpxiDXB9WvVIdSEiTqp6YyZSJUESaNFGJ-SwsZ47g89raT3hG9VYTwC5PRd5SBLhCHTjR942UDKWFe2rs50hIz2gUvisKywDOXvjY2kvKbEwdQEznF6a0ADOSOlyFbY/s640/HYPER_20200611_160144_null.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;">É um ótimo livro para quem procura uma história leve, sem grandes temas violentos ou divagantes. Uma comedia romântica agradável com um toque de investigação, acasos e literatura pelas ruas de Paris para se ler em uma sentada.<br /><br /><h3 style="text-align: center;">~.~.~.~.~.~.~.~</h3><h3 style="text-align: center;">Ficha técnica:</h3><div style="text-align: center;"> <b>Título</b>: A caderneta vermelha | <b>Autor</b>: Antoine Laurain | <b>Editora</b>: Alfaguara | <b>Tradução</b>: Joana Angélica d'Avila Melo | <b>Título original</b>: Le Femme au carnet rouge (2014) | <b>Edição</b>: 1 | <b>Ano</b>: 2016 <b>Gênero</b>: romance francês | <b>Páginas</b>: 132 | <b>ISBN</b>: 978-85-5652-013-5</div><div style="text-align: center;"><b>Resenha de número</b>: 437</div></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5903260208127206847.post-38687605926956692492020-08-16T14:01:00.008-03:002021-03-19T12:47:52.362-03:00Uma vida pequena, de Hanya Yanagihara<p> <span style="text-align: center;">Este é um livro que contém gatilhos de suicídio, automutilação, estupro, pedofilia e drogas.</span></p><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: center;"><br /></div></div><div style="text-align: justify;">Publicado em 2015, <b>Uma vida pequena</b> é um longo romance que, apesar de seu tamanho, se tornou um best-seller. Sendo o segundo romance escrito por <b>Hanya Yanagihara</b>, o livro foi finalista do Man Booker Prize e do National Book Award, também ganhou o Kirkus Prize de 2015. O sucesso é tanto que foi eleito como um dos <a href="https://www.theguardian.com/books/2019/sep/21/best-books-of-the-21st-century">100 livros do século XXI</a> pelo jornal britânico The Guardian em 2019.<br /><br /></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVOTg_Jh6rgEQF0atfcPftxkJhz_ouIkh2U6TOzo4UYCRVJKFXxpW4yDTn-Fu7v6EISr0A7nKV_gyFf_XBU8vS4F8G7GSsePL___uMb6HifDdSgUWrN4CfliGgAzYMFE1yxzwsVbeFo4U/s1600/00100sPORTRAIT_00100_BURST20200529155216903_COVER.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVOTg_Jh6rgEQF0atfcPftxkJhz_ouIkh2U6TOzo4UYCRVJKFXxpW4yDTn-Fu7v6EISr0A7nKV_gyFf_XBU8vS4F8G7GSsePL___uMb6HifDdSgUWrN4CfliGgAzYMFE1yxzwsVbeFo4U/s640/00100sPORTRAIT_00100_BURST20200529155216903_COVER.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;">Em seu enredo, encontramos, a princípio, com um grupo de quatro amigos que se conhecem ainda na universidade, lidando com as trivialidades da vida adulta e a busca pelo sucesso de suas carreiras profissionais na cidade de Nova York. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">São eles:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Malcom Irvine</b>, o arquiteto filho de uma família judia rica e incerto sobre as escolhas que fez em relação a sua profissão sob a pressão de não ter sido a melhor escolha. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Jean-Baptiste Marion (JB)</b> descendente de haitianos, gay e pintor em busca de ascensão na carreira artistica. Ele trabalha como recepcionista em uma revista de arte no centro e espera um dia ser reconhecido pela mesma não como funcionário, mas um artista de renome.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Willem Ragnarsson</b>, um charmoso aspirante a ator de origem sueca que trabalha como garçom.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Jude St. Francis</b>, advogado e matemático que foi abandonado ainda bebê em uma sacola de lixo, cheia de cascas de ovo, alfaces velhos e macarrão estragado e criado por monges. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Claro que outros personagens importantes veem a aparecer, mas esse último é o centro gravitacional da amizade e de todo o romance. É ele também quem nos leva aos temas principais do livro: como traumas causados na infância de um homem repercutem em toda a sua trajetória de vida, o seu modo de viver e se expôr para outras pessoas, além de seu psicológico e a relação consigo mesmo.<br /><br /></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcCp45q-gKtRfsrnGkf8OHcylmzlxyAK4DHLh53B3RsK6ZPHWpegDtZyqFmyUkfuJJzjZOdusN3JRvDksxyl6NSPcIwpzeh8k4UxxkN_MrMUhHW-FyLtsXyY_q05qRYJyQl2F9h914J_s/s1600/00100sPORTRAIT_00100_BURST20200529155310976_COVER.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcCp45q-gKtRfsrnGkf8OHcylmzlxyAK4DHLh53B3RsK6ZPHWpegDtZyqFmyUkfuJJzjZOdusN3JRvDksxyl6NSPcIwpzeh8k4UxxkN_MrMUhHW-FyLtsXyY_q05qRYJyQl2F9h914J_s/s640/00100sPORTRAIT_00100_BURST20200529155310976_COVER.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;"><b>Judy</b>, apesar de ser o centro, nunca se refere às suas origens, nunca toca em seu passado ou compartilha memórias de sua infância e juventude. O que seus amigos sabem é o básico, embora desconfiem e o questionem, ele sempre dá um jeito de se esquivar das perguntas numa tentativa de esquecer o que lhe aconteceu, como se nunca tivesse existido e dessa forma atenuasse as dores que carrega. Algo que, infelizmente, sempre volta a escoar em sua memória, lhe lembrando o quanto ele é impuro, indigno das amizades que possui e até de sua vida. Mesmo assim, as poucas informações não impediram que seus amigos o enxergasse com bons olhos: uma pessoa inteligente e companheira como ele é e demonstra ser, mas que esconde algo pesado de seu passado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Para entendermos melhor o personagem, a autora utiliza-se de uma narrativa fragmentada com <i>flashs </i>que nos transportam para os traumas mais infelizes que aconteceram na vida do pobre Judy. Idas e vindas que expõem aos poucos dores que se estendem para nós meros leitores. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É extremamente difícil ler este livro de forma continua. Não pelo seu tamanho. É que em alguns momentos necessitamos parar para recuperar o fôlego e dar prosseguimento às cenas mais pesadas e tristes, sendo essas brutais demais e difíceis de digerir, de aceitar sem se sentir inútil diante dos fatos. O que se torna inevitável caso queiramos terminar o livro. Nem sempre as descrições são ricas em detalhes, uma vez que até para o próprio personagem central é difícil reviver o passado. Em sua maioria, a autora aborda de forma mais implícita e cabe a imaginação do leitor complementar o que ela nos entrega, o que, de certa forma, não se torna menos dolorido de lido... Podendo ser visualizado até com mais nitidez, dependendo de sua imaginação.</div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg91nROqyKLsgbCqAJ97Q3jeVs7b2y0emc0neNDo6dXF3L8jVH18E13lRYX_PDkTlLYzlNzU7_rlI8cFYk1DFQCjnaI1AZcrriFmsoyKeDb1zzBT-Gn7Ot20zoHOfDfRtTDhZFPWOFf-2c/s1600/00000IMG_00000_BURST20200529155350866_COVER.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1600" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg91nROqyKLsgbCqAJ97Q3jeVs7b2y0emc0neNDo6dXF3L8jVH18E13lRYX_PDkTlLYzlNzU7_rlI8cFYk1DFQCjnaI1AZcrriFmsoyKeDb1zzBT-Gn7Ot20zoHOfDfRtTDhZFPWOFf-2c/s640/00000IMG_00000_BURST20200529155350866_COVER.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;">O livro é um poço de coisas ruim acontecendo em basicamente 99%. A parte nomeada como "Os anos felizes" chega a ser ínfima diante do resto. Uma felicidade envolta de sofrimentos que superam as poucas alegrias. A todo instante torcemos para uma melhora e que Judy encontre uma saída eficaz para o buraco em que se encontra. O que, ao longo da leitura, parece nunca ter solução. Embora seja amado e viva rodeado de pessoas boas, ele não consegue confiar completamente e acredita que vai ser traído a qualquer momento, da mesma maneira que acha não merece esse cuidado que as pessoas têm com ele. "<i>Medo e ódio, medo e ódio: muitas vezes aquelas pareciam ser as únicas características suas. Medo de todo mundo; ódio de si mesmo.</i>" (p. 128). Trata-se de um estado frustante para o leitor que, infelizmente mais uma vez, não vê progresso num personagem teimoso que teve a infância acabada em decorrência de abusos sexuais, violências físicas e psicológicas. Sentimos empatia, mas também uma mistura de angustia e raiva por não vermos melhoras.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><blockquote class="tr_bq">"Mas o que era felicidade se não uma extravagância, um estado impossível de se manter, em parte por ser tão difícil de ser articulada? Não se lembra de ser capaz de definir o que era felicidade durante a infância: havia apenas tristeza, ou medo, e a ausência da tristeza ou do medo, e este último estado era tudo que ele sempre quisera ou de que precisara." p. 100-101</blockquote></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A linguagem de <i>Hanya Yanagihara</i> é fácil e acessível, mas não deixa de ser forte e poderosa, com descrições muito boas acerca dos ambientes, personagens e seus sentimentos. Sua narrativa segue em terceira pessoa, mas também abre espaço para que o personagem <b>Harold</b>, ex-professor de Judy e que lhe adota no futuro, tome as rédeas de alguns capítulos em segunda pessoa, numa perspectiva mais intimista sobre o seu relacionamento com o futuro filho, sendo essa opção adotada pela autora de modo compreensível dado o contexto final da obra.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O personagem que ganha destaque se chama <b>Willem</b>. Ele é paciente e encantador. É através do Willem que percebemos a beleza da amizade e o peso de seu papel. E nos questionamos em relação as nossas próprias amizades, como estamos nos doando ou deixando de nos doar ao amigos queridos? Será suficiente?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><blockquote class="tr_bq">"A amizade era testemunhar o lento gotejar de tristezas, as longas crises de tédio e os triunfos ocasionais do outro. Era sentir-se honrado pelo privilégio de estar presente durante os momentos mais sombrios de outra pessoa e saber que você também podia ter seus momentos sombrios perto dela." (p. 248)</blockquote></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Vemos a amizade dos dois se estreitar cada vez mais, até se tornar algo mais íntimo, uma relação de afeto, cuidado e amor. Willem passa a se dedicar exaustivamente para com o amigo, às vezes até abrindo mão de compromissos profissionais importantes, e nesse processo se percebe apaixonado. Mas levar adiante tais sentimento pode colocar em jogo tanto a amizade quanto abrir novas feridas em Judy, caso não haja os devidos cuidados. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><blockquote class="tr_bq">"[...] como ajudar alguém que não quer ser ajudado enquanto sabe que, se não tentar ajudar, você não estará sendo um bom amigo? Converse comigo, sentia vontade de gritar para Judy às vezes. Me conte alguma coisa. Me diga o que preciso fazer para que você se abra para mim." (p.252)</blockquote></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJNxHu1oaa_VuDc7y0zLfOFNILMkmJp5dNFS1b4poVSLnTd2JxR1dSQ94wlBCuO2tBuNQ6LWdTeVz4KWVOWlyAAuBYpwZUwG5JMqxvdrPkGQzlvjc6pTYHTJKlDrV0S8zPL1hl2_xI_68/s1600/00000IMG_00000_BURST20200529155326191_COVER.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJNxHu1oaa_VuDc7y0zLfOFNILMkmJp5dNFS1b4poVSLnTd2JxR1dSQ94wlBCuO2tBuNQ6LWdTeVz4KWVOWlyAAuBYpwZUwG5JMqxvdrPkGQzlvjc6pTYHTJKlDrV0S8zPL1hl2_xI_68/s640/00000IMG_00000_BURST20200529155326191_COVER.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;">De fato, não é uma leitura para qualquer pessoa. É angustiante e de um desgaste emocional descomunal. Então por que ler um livro que só tem sofrimento? A obra traz um pouco daquilo que a gente já sabe: a vida não é fácil e pode ser cruel. Os amigos entram em nossa vida e têm a capacidade de amenizar nossa solidão e até curar ou fazer tornar melhor nossa existência. E mais do que isso, Uma vida pequena nos mostra uma mente doente lutando consigo mesmo contra seus traumas para continuar sobrevivendo quando seu corpo se nega a continuar e vozes em sua cabeça pedem por um fim que parece ser a única solução possível. Mas será mesmo?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como um fã de melodrama, ao saber do tema de <b>Uma vida pequena</b> e os sentimentos tristes que ele aborda, fiquei curioso para saber se realmente iria me afetar. Ao finalizar a leitura, perdi as vezes de quantas vezes estava em prantos e me deparei com o coração dilacerado, bem como a autora descreve em uma das passagens do livro:<br /><blockquote class="tr_bq">[...] perder o fôlego; parece que seu coração é feito de algo mole e frio, como carne moída, e está sendo espremido dentro de um punho, o que faz alguns pedaços caírem, esparramando-se pelo chão próximo aos seus pés. Sente uma tontura abrupta." (p. 738)</blockquote><br />Por isso, para quem for se enveredar por este romance, é recomendável se preparar psicologicamente para o peso, tanto em tamanho quanto em temática.<br /><br /><h3 style="text-align: center;">~.~.~.~.~.~.~.~.~.</h3><h3 style="text-align: center;">Ficha técnica: </h3><div style="text-align: center;"><b>Título</b>: Uma vida pequena | <b>Autora</b>: Hanya Yanagihara | <b>Editora</b>: Grupo Editoral Record | <b>Tradução</b>: Roberto Muggiati| <b>Título original</b>: A little life (2015) | <b>Edição</b>: 1 | <b>Ano</b>: 2016 | <b>Gênero</b>: Romance americano | <b>Páginas</b>: 783 | <b>ISBN</b>: 978-85-01-07154-5</div><div style="text-align: center;">Resenha de número: 436</div></div>Pedro Silvahttp://www.blogger.com/profile/11434503805400670537noreply@blogger.com0